Nos ovos coloridos e recheados com cri-cri, o resgate de uma tradição de Páscoa

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Ovos de casca branca, tinta a óleo, amendoim torrado e açucarado e muita criatividade, carinho e dedicação. Dá para resumir assim a ‘receita’ da aposentada e agricultora Josefina Heissler, para preparar os ovos coloridos e recheados com cri-cri produzidos por ela para a Páscoa. A atividade artesanal já é feita pela moradora do Centro de Mato Leitão há cerca de 10 anos.

“Antes eu pintava os ovos com papel crepom, como a maioria das pessoas faz, mas minha cunhada, que mora no interior de Cruzeiro do Sul, me ensinou uma técnica com tinta a óleo. Normalmente, ela cuidava da pintura e eu separava ovos para ela ao longo do ano”, recorda. Quando a cunhada parou de realizar a atividade, pediu para que Josefina desse continuidade e foi isso que a moradora da Cidade das Orquídeas fez.

Ao longo do ano, a aposentada separa as cascas brancas de ovos na Padaria e Confeitaria Heissler, mantida pelas filhas Claudete e Rosângela. “Eu mesma quebro eles, para que fiquem com a abertura no tamanho certo. Limpo cada casquinha com água quente e vinagre e armazeno em caixas, para que as cascas sejam usadas na Páscoa”, conta.

Normalmente, as casquinhas começam a ser guardadas no Natal, período no qual há muita utilização de ovos na padaria, e se intensifica nos meses seguintes. Para este ano, Josefina recebeu um recorde de pedidos: estão sendo preparadas 240 dúzias de ovos coloridos com cri-cri. A maior parte são encomendas, mas também terão alguns disponíveis à pronta-entrega.

“Acho que as pessoas gostaram. Por isso, neste ano teve uma procura maior”, observa a aposentada. Para ela, realizar essa tarefa é uma terapia. “Adoro fazer isso. É um trabalho que não me cansa. Estou muito feliz e é uma forma de eu manter essa tradição na família”, destaca.

Além de comercializar as casquinhas – vazia e recheadas -, Josefina doou para a Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Vó Olga casquinhas higienizadas para que as crianças pintassem e colocassem o recheio.


Josefina demonstrou como realiza a pintura das casquinhas de ovos com tinta a óleo (Foto: Taís Fortes/Folha do Mate)

Cuidado em cada detalhe

Além de toda atenção empregada no manuseio das casquinhas e na pintura delas, para fazer o cri-cri Josefina utiliza amendoim que ela mesma planta. Como neste ano a demanda de pedidos foi muito grande, ela precisou recorrer à compra do alimento para dar conta das entregas. “Neste ano vou precisar, mais ou menos, de 30 quilos. Como a safra do ano passado foi prejudicada pela estiagem, não tive suficiente da minha lavoura”, compartilha.

A preparação do cri-cri também é muito cuidadosa. Depois do amendoim ser torrado no forno, ele é limpo e recebe a adição do açúcar. A etapa de encher as casquinhas é feita apenas duas semanas antes da Páscoa, para que o alimento esteja fresco na hora de ser vendido. Segundo Josefina, são feitas de 20 a 25 dúzias de ovos por noite na semana que antecede o domingo de Páscoa.

Para isso, ela conta com a ajuda da família e também de algumas amigas que se disponibilizam para auxiliar. Contudo, tem uma tarefa que é feita apenas por ela: fechar as casquinhas. “Faço isso sozinha para garantir que estejam bem fechadas”, comenta. A ideia de Josefina é continuar com essa tradição enquanto tiver saúde para realizá-la. “É uma tradição que minha mãe também fazia quando eu era criança.”


Moradora de Mato Leitão mantém viva a tradição de fazer ovos coloridos com cri-cri (Foto: Taís Fortes/Folha do Mate)


Taís Fortes

Taís Fortes

Repórter da Folha do Mate responsável pela microrregião (Mato Leitão, Passo do Sobrado e Vale Verde) e integrante da bancada do programa jornalístico Terra em Uma Hora, da Terra FM

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