Por meio da dança, grupos de Venâncio Aires perpetuam a cultura alemã

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Costumes e tradições dos imigrantes alemães que colonizaram a região são cultivados até os dias de hoje. Venâncio Aires conta com três grupos que contribuem para manter a cultura germânica por meio de danças tradicionais alemãs e trajes que fazem referência aos imigrantes: Die Schwalben, Grüner Jäger Volkstanzgruppe e Frey und Froh.

O Die Schwalben já tem 40 anos de história. Tudo começou em 11 de junho de 1984, quando a professora de Educação Física, Irma Rabuske, da Escola Estadual de Ensino Fundamental Leo João Frölich, de Linha 17 de Junho, deu início a um projeto que mais tarde, se tornaria o grupo. Ela realizou dois cursos de danças folclóricas alemãs com professores alemães no ano de 1984, na Associação Cultural de Gramado (ACG), na qual grupo é associado. Inicialmente formado por estudantes, o grupo atualmente reúne dançarinos de diversas faixas etárias.

Em 27 de março de 1985 foi constituída oficialmente a Associação Cultural Die Schwalben. Os primeiros conhecimentos sobre danças e trajes foram adquiridos com o Grupo Polka, de Santa Cruz do Sul, que também cedeu as primeiras danças folclóricas ensaiadas pelo grupo de Venãncio. Na época, os ensaios ocorriam na escola Leo João Frölich e, posteriormente, na Sociedade Ipiranga, em Linha 17 de Junho. O grupo expandiu as atividades e introduziu a categoria infantil, em 1998, hoje composta por alunos do Colégio Gaspar Silveira Martins, onde ocorrem os ensaios.

Em 2016, o grupo realizou uma turnê pela Alemanha e Áustria, realizando apresentações e experienciando a cultura desses países que deram origem às bases de constituição da associação. Em novembro do ano passado, foram apresentados os novos trajes, da categoria casais e oficial, usados pelo grupo nas apresentações em diversos municípios do Rio Grande do Sul. O atual presidente é. “Tenho um carinho imenso pelo grupo e seus familiares, gratidão por vestir essa roupagem e representar e preservar a cultura alemã através da dança”, afirma o presidente do Die Schwalben, Leomar Jorne Felten.

Próximos projetos

Em 2024, ano do Bicentenário da Imigração Alemã no Rio Grande do Sul, o sonho de uma sede própria tem o primeiro passo alcançado, com a doação de um terreno pela Prefeitura de Venâncio Aires. Segundo Felten, a área é de 1.340 metros quadrados. “Essa semana, inicia o projeto da edificação, que terá 300 metros quadrados e será em estilo enxaimel. Após a conclusão do projeto, serão buscadas captações através de projetos culturais ou emendas parlamentares”, explica.

A próxima turnê internacional do grupo para a Alemanha está agendada para o mês de outubro, mas o presidente acredita que será transferida para julho de 2025, devido à captação de recursos junto às empresas patrocinadoras através de um projeto pela Lei Rouanet.

Categorias oficial e casal do Die Schwalben. (Foto: Luana Schweikart)

Segunda família

Entre os integrantes do Die Schwalben estão Rosilei Kroth Becker, 49 anos, mais conhecida por Rosa; e Glaucir Eduardo Becker, 48 anos, o Neco. O casal de agricultores de Vila Santa Emília participa do grupo desde 2015, mas na infância de Rosa, aos 15 anos, foi dançarina por dois anos, na escola de Linha 17 de Junho. “Sempre gostei da dança”, ressalta. Em 2016 o casal participou também da turnê pela Alemanha e Áustria. “De início achei complicado, até aprender as danças, passei nervoso”, brinca Neco.

Rosa destaca que a dança faz bem para o corpo e a mente e acaba sendo uma atividade física para o casal. “É gratificante, gostamos de participar. Somos uma segunda família, criamos um vínculo”, reforça.

O casal também destaca o cuidado com o traje, que fica sob responsabilidade de cada dançarino. Inclusive, entre os momentos que mais marcantes junto ao Die Schwalben, eles citam o evento de lançamento dos trajes que ocorreu no ano passado. “Enquanto pudermos, vamos seguir dançando”, ressalta Neco.

Rosa e Neco são parceiros de vida e de dança no Die Schwalben. (Foto: Luana Schweikart)

Auxílio do Município

O secretário de Cultura e Esportes, Sandro Kroth, ressalta a importância dos grupos folclóricos para manter a tradição da dança alemã, além de contribuírem para divulgar o município, já que participam de festivais fora de Venâncio Aires e promovem eventos que atraem moradores de outras cidades.

Como forma de incentivo e auxílio para manutenção desse trabalho, os grupos recebem valores de emendas impositivas da Câmara de Vereadores e também recursos via Lei da Representação Oficial. “É uma forma de fortalecer as entidades, promover a cultura e levar o nome de Venâncio Aires, além de fazer girar a economia”, cita Kroth.

Grüner Jäger Volkstanzgruppe

O Grupo de Danças Folclóricas Alemãs Infanto-juvenil Grüner Jäger Volkstanzgruppe, com sede em Linha Marechal Floriano, foi fundado em 15 de abril de 2014. O nome é uma homenagem ao primeiro nome da localidade de Linha Marechal Floriano, que significa ‘Caçador Verde’, e o grupo está vinculado à Associação Cultural de Gramado (ACG) e ao Centro Cultural 25 de Julho, em Santa Cruz do Sul.

Atualmente, são 33 integrantes de 2 a 14 anos. A coordenadora do grupo, professora Elisabeta Felten, explica que os ensaios são realizados a cada duas semanas, visando resgatar e cultivar diversas culturas, principalmente a alemã, com crianças e adolescentes de várias etnias.

“Potencializamos o desenvolvimento do município no aspecto cultural, a divulgação de Venâncio Aires é ampliada para a região e atrai visitantes e incentivadores da cultura”, ressalta Elisabeta, ao observar que o lema do grupo é ‘Resgatar a cultura é salvar vidas’.
O grupo já realizou cinco edições do Festival de Danças Alemãs Infantis e se apresentou em eventos locais e em diversos municípios gaúchos.

Comemoração e turnê

Em comemoração aos 10 anos do grupo, celebrados em 2024, estão previstos diversos eventos. No dia 24 de agosto haverá o 3º Café Colonial; em 15 de setembro, o VI Festival de Danças Alemãs Infantis, e nos dias 18, 19 e 20 de outubro, o grupo fará uma turnê internacional com apresentações na Argentina e no Paraguai. “Esta turnê será um grande desafio, pois como nos países a serem visitados muitos não compreendem a língua portuguesa e os integrantes de nosso grupo não falam o espanhol, optou-se então em se empenhar e comunicar através da língua alemã”, explica Elisabeta. Quem acompanhará o grupo será a professora e diretora da Escola Alemã Auf Guth Deutsch, Jaqueline Bender.

Traje do Grüner Jäger foi inspirado no norte da Alemanha, de onde veio o primeiro imigrante para Venâncio Aires. (Foto: Divulgação)

Frey Und Froh

O Grupo de Danças Folclóricas Alemãs Frey Und Froh iniciou suas atividades em 2004 com encontros nas casas dos integrantes. Os ensaios ministrados pela coordenadora Adriana Becker, iniciaram em 2005 no Pavilhão São Sebastião Mártir, mas desde 2012 ocorrem na sede da Comunidade São Francisco Xavier, todas as quintas-feiras. Os fundadores que hoje ainda fazem parte do grupo são Velaudio e Marli Haupt e Elli Haas.

‘Frey Und Froh’ significa ‘Livre e Alegre’, atualmente contam com 23 integrantes, e tem como presidente Fernando Heck e coordenadores Marcos e Andreia Junges.

O grupo promove, cada dois anos, o Festival de Danças Alemãs e em abril deste ano, foi realizada a 6ª edição. O evento marcou a abertura comemorações do Bicentenário da Imigração Alemã no município, e contou com a presença da comunidade e de 21 grupos de danças alemãs de diferentes cidades.

Grupo Frey Und Froh ensaia na Comunidade São Francisco Xavier. (Foto: Divulgação)


Luana Schweikart

Luana Schweikart

Jornalista formada pela Unisc - Universidade de Santa Cruz do Sul. Repórter do Jornal Folha do Mate e da Rádio Terra FM

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