Proteção do Bastião chega também nas lavouras

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Mais uma edição da Festa de São Sebastião Mártir bate na porta de Venâncio Aires e, em poucos dias, o município vive momentos de comemoração e devoção ao santo padroeiro. Os dias que antecedem o início da festa são marcados pelas peregrinações nas comunidades da Paróquia Católica São Sebastião Mártir e pela passagem das bandeiras em casas da cidade e interior.

Uma das famílias que recebe a bandeira do santo é o casal José Henrique Haas, 55 anos, e Dulce Hermes, 52 anos, moradores de Linha Hansel. Dulce, aliás, também é uma das zeladoras de capelinha da localidade há quatro anos – uma sucessão da sua sogra, que também era voluntária. A agricultora auxilia no trabalho da passagem da bandeira por cerca de vinte casas de vizinhos. A filha do casal, Josi Helen Haas, 14 anos, também acompanha os pais nas missas.

O casal é produtor de tabaco e usa a bandeira para abençoar a casa, o galpão de trabalho, a lavoura, o carro e até o trator da propriedade. “Fazemos uma bênção geral”, brinca Dulce. O que eles mais pedem é para que o santo proteja a casa e as plantações contra os desastres naturais, como temporais e granizo. Mas, também, nunca esquecem de pedir saúde para toda a família.

Em época de estiagem, mesmo Haas relatando que não foram prejudicados nesta safra, espera que os dias de festa do Bastião tragam boas chuvas para que a nova plantação de milho e soja evolua.

Demonstração de fé

Quem coordena as seis capelinhas e as bandeiras da localidade é Leonita Stein, 65 anos, que é responsável por visitar trinta casas em Linha Hansel. Além de levar as bandeiras, cada zeladora também oferece a ação entre amigos da festa e recolhe doações de alimentos ou dinheiro que serão destinadas à Paróquia São Sebastião Mártir.

Leonita comenta que participar deste momento é uma demonstração da fé que todos carregam consigo. As bandeiras foram abençoadas e enviadas para as comunidades no dia 26 de dezembro, em missa na igreja matriz, e devem ser devolvidas até 18 de janeiro. “É uma forma de levar o santo padroeiro para dentro das casas de todos os devotos”. Ela relembra que a passagem das bandeiras na área rural não ocorre desde o início, quando a tradição iniciou nos bairros da cidade, foi implementada faz aproximadamente 10 anos. “É uma coisa muito boa para o interior, um momento de reflexão e fé”.

Ao chegar em uma casa, a zeladora se identifica e oferece a bandeira. “Para quem aceita, entregamos para passar onde quiserem, senão, respeitamos quem não quer e vamos para o próximo local”. Contudo, Leonita destaca que todas as zeladoras relatam serem muito bem recebidas na maioria das residências. Inclusive, alguns moradores ligados à comunidade evangélica do município também fazem questão de receber a bandeira.

As zeladoras prestam atenção para terem certos cuidados neste momento de pandemia, como deixar a bandeira guardada sempre em local arejado, fazer a limpeza do cabo da bandeira com álcool gel e usarem máscara nas visitas.

Leonita relata que tem uma devoção especial ao santo, pois há seis anos foi diagnosticada um câncer na bexiga e contou com a ajuda de Bastião, o protetor contra os maiores males da humanidade: as doenças, as pestes, as pandemias, a fome e as guerras. Leonita foi curada após realizar tratamento.

José, Josi, Dulce e Leonita são devotos à São Sebastião Mártir.

Simbologia da bandeira

1. O pároco Rodrigo Hillesheim comenta que as bandeiras levam a bênção de Deus por intercessão de São Sebastião Mártir, e são prova de que carregamos a fé desde o batismo.
2. Segundo ele, a bandeira “é sinal de vitória do Cristo ressuscitado, de que todos nós vencemos e ninguém foi derrotado”. A cor vermelha representa o martírio do santo.
3. Quem tem a missão de passar as bandeiras são a zeladoras e coordenadoras das capelinhas do Apostolado da Oração, ou ainda, lideranças das comunidades.
4. A motivação, segundo explicação do padre, é que nenhum lugar fique sem a presença da bandeira, orações e a invocação da bênção do padroeiro em sua casa, comércio, indústria ou lavoura.
5. Ele observa que a bandeira como objeto em si não tem força, mas, sim, o que movimenta é a fé das pessoas e a oração, que faz com que a presença de Deus esteja no local.
6. Hillesheim lembra também que a bandeira serve para não esquecer de que todos devem dar o seu testemunho de fé, como São Sebastião Mártir testemunhou sua fé em Cristo, derramou seu sangue e entregou sua vida e amor a ele.

  • Neste ano, será a 146ª edição da Festa de São Sebastião Mártir, que terá quatro dias de festejo, iniciando no feriado do dia do padroeiro, 20 de janeiro, e encerrando no domingo, 23. O evento tem como festeiros os casais Marcos e Fátima Stahl, Eduir e Iria Keller, e Pedro e Teresinha Mayer.

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Luana Schweikart

Luana Schweikart

Jornalista formada pela Unisc - Universidade de Santa Cruz do Sul. Repórter do Jornal Folha do Mate e da Rádio Terra FM

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