Já é tradicional que, nos primeiros dias de janeiro, moradores do município recebam, à noite, visitas de ternos de reis. Grupos formados por amigos e familiares se organizam para levar às pessoas uma mensagem de alegria e relembrar a história do nascimento do menino Jesus. Em Mato Letão, além dos integrantes dos ternos de reis irem para as ruas, a Prefeitura organiza um encontro entre os grupos.
Entretanto, por causa da pandemia de Covid-19, a 26ª edição do Encontro de Ternos de Reis, que conta com a participação de grupos locais e de outros municípios da região, precisou ser repensada. O formato tradicional, ao ar livre, em frente à Praça Matriz, foi substituído pelo virtual, com transmissão das apresentações na página do Facebook da Prefeitura de Mato Leitão. Mesmo com a mudança, o evento contou com a participação de seis ternos. As apresentações foram divididas em dois dias: uma parte na segunda-feira, 4, e a outra ontem.
As restrições por causa do coronavírus alteraram também a tradição de quem integra os ternos. Esse é caso da dona de casa Jussara de Fátima Mai, 37 anos. A moradora de Vila Santo Antônio faz parte do terno Seguindo a Tradição, composto, ainda, pelo irmão dela, Marino Jorge Mai, pela irmã, Carine Dejanira Mai, e pelo marido, Valdair Francisco da Rocha. Na apresentação realizada durante o Encontro de Ternos de Reis promovido pela Prefeitura, o grupo também contou com a participação do músico Cleomar Pereira.
Segurança
Para Jussara, que participa de ternos de reis há cerca de oito anos, visitar as famílias durante os primeiros dias ano é motivo de alegria. Em relação a 2020, ele conta que o grupo decidiu não ir para as ruas em respeito aos protocolos de prevenção da Covid-19. “Sentimos bastante de não ter ido, porque tem muitas pessoas que gostam de receber as visitas, mas sabemos que existe risco para nós e para quem está em casa”, relata.
A moradora de Vila Santo Antônio ainda ressalta que, apesar da tristeza porque o terno não foi para a rua, eles estão felizes por participar do 26º Encontro de Terno de Reis e se sentem mais confortáveis por saber que eles e as pessoas estarão seguros.
As visitas
A dona de casa conta que as visitas realizadas pelo terno do qual participa iniciavam depois do dia 1º de janeiro, para não atrapalhar as celebrações individuais do Ano-Novo de cada família. O roteiro começava por volta das 19h e o retorno para casa era, normalmente, durante a madrugada. “Como as casas são perto, chegávamos a visitar umas 20 visitas por noite”, recorda. No dia 6, o terno já não ia mais até as residências, porque participava do evento no Centro. Além de Mato Leitão, o grupo ainda se apresenta em Passo do Sobrado.
Para Jussara, cantar em ternos de reis significa relembrar a história do nascimento de Jesus e levar uma mensagem de conforto e paz. “Visitamos as pessoas para elas terem sorte. É uma tradição, um sentimento de festa. É muito bom”, destaca. Nos últimos anos, as visitas realizadas pelo terno Seguindo a Tradição eram feitas em diversas regiões do município, como o Centro, o Acesso 20 de Março, a Linha Conceição, em Boa Esperança Alta, na Vila Santo Antônio e em Vila Arroio Bonito.
Para o próximo ano, o desejo de Jussara é que as visitas possam voltar a acontecer. Ela ainda conta que eles pretendem lançar uma pesquisa para saber quais moradores gostariam de receber as visitas do terno.
Tradição familiar
Jussara explica que começou a ter envolvimento com os ternos de reis por influência de tios maternos que já cantavam. Inclusive, a história do grupo Seguindo a Tradição iniciou com um tio dela, que já faleceu. Como forma de homenagear ele, que ofereceu a oportunidade de iniciar em um terno de reis, a dona de casa decidiu seguir com essa denominação para o terno.
LEIA MAIS: