Em parede da casa, Losane guarda, em fotos, momentos marcantes da vida (Foto: Ana Carolina Becker/Folha do Mate)
Em parede da casa, Losane guarda, em fotos, momentos marcantes da vida (Foto: Ana Carolina Becker/Folha do Mate)

Você já leu uma história que te ‘prendeu’ pelo enredo até o fim? Pois é, conversar com Losane Maria Wazlawovsky é como abrir um livro e ler uma história de aventura misturada com muito amor e dedicação. Aos 65 anos, a moradora da rua Sete de Setembro, na área central, lembra com carinho as histórias que permitiam um “mundo de fantasias” contadas pela avó Anna Schuller.

Sempre com um sorriso, Losane não esconde o quanto sente orgulho da sua vida. Filha de Leny Lorena (in memorian) e Albino Wazlawovsky, cresceu juntamente com as irmãs, Nara Beatris e Evelise na mesma rua em que mora até hoje. Acompanhou o desenvolvimento de umas das principais vias do município. O olho brilha quando relembra das brincadeiras no moinho de moagem e das vezes que a única preocupação era subir no ‘morrinho’ de cascas de arroz.

Em casa, era incentivada pela grande quantidade de livros, revistas e jornais do pai, a ler e viajar no mundo de fantasias. Começou a frequentar o Colégio Nossa Senhora Aparecida aos 4 anos, mesmo local onde realizou todo o ‘curso normal’, onde se aprendia sobre bordados, costura, canto, teatro e religião. Aos 15, quando concluiu os estudos, queria mesmo era cursar Psicologia, mas como na época, não era permitido sair de casa para estudar, ela mudou para Pedagogia, cursada em Santa Cruz do Sul. Indo e vindo todos os dias pela RSC-287 sem asfalto, ela aprendeu a amar a profissão que escolheu. “Tinha vezes que tinha tanto barro ali em Linha Pinheiral que precisávamos voltar para não atolar”, relembra.

Aposentada como professora da pré-escola, ela levou suas paixões da infância – os fantoches – para dentro da sala de aula. Outra paixão levada para a escola foram as histórias regadas de muita fantasia. “Eu estava receosa quando mudei para a Pedagogia, mas confesso que depois me encontrei”, revela.

Losane foi uma professora que deixou marcas nos alunos. Marcas de felicidade e diversão, afinal, fazia de um simples piquenique, uma aventura única. Ela conta de uma vez em que levou os alunos pequenos acompanhados das mães a uma cascata em Linha 17 de Junho. “Levamos na caçamba do caminhão, quando chegamos, abrimos a tampa e as crianças já foram jogando as mochilas e descendo para curtir o momento”, diz.

Além de preservar a importância de ensinar brincando, usou de materiais recicláveis durante todo o período de professora para ensinar. Se vestiu de palhaço, permitiu que os alunos levassem seus animais de estimação, garantiu uma aula com banho de mangueira, outra com o concurso da bolha de sabão e ensinou cálculos com história. “Eu me via envolvida e preparando sempre uma novidade para os alunos”, confessa. No período como professora, passou pelas escolas de Linha Maria Madalena, Vila Deodoro, Vila Arlindo, Professora Leontina, no bairro Santa Tecla, e se aposentou na escola Brígida do Nascimento. “Tiveram épocas em que vi neve em Deodoro”, acrescenta.

Sonho de morar na praia

Cheia de sonhos, realizou um logo após se aposentar quando se mudou para Torres. Acompanhada do filho, Rafael Romero, hoje com 39 anos, ela viveu na cidade de praia entre os anos de 1996 a 2000. Quando retornou a terra natal, descobriu a massoterapia. “Fiz um curso para ocupar a cabeça, mas depois acabei tendo clientes”, salienta. Atividade que segue realizando até o momento.

IMPORTANTE

  1. Losane conta que anos atrás, poucas pessoas possuíam carro e televisão. “Quando o pai comprou a primeira, de segunda mão, ela tinha aquelas ‘perninhas’, foi a maior festa lá em casa”, diz. No entanto, era permitido olhar televisão somente até o comercial Parayba. “Depois disso tínhamos que ir dormir, ninguém precisava mandar.”
  2. A professora aposentada relembra que ainda na infância, ia até a escola a pé, e precisava, por vezes, enfrentar a enchente que batia no joelho.
  3. Losane ganhou o primeiro sapato de salto com 15 anos. Na época, só era permitido sair à noite acompanhada dos pais ou vizinhos. “Conversar com rapazes na rua dava fofoca”, conta, aos risos.

Venâncio-airenses no Facebook

Losane Maria Wazlawovsky é idealizadora do grupo ‘Venâncio-airenses’ no Facebook. Tudo começou quando colocou uma foto sua ainda bebê. A postagem na rede social era para ser apenas mais uma lembrança compartilhada com amigos, no entanto, o rumo foi diferente e suas lembranças fotográficas originaram um grupo no Facebook que possui mais de 11 mil participantes. Hobby que acabou virando mais uma paixão da professora aposentada.