
Três voos, 30 horas de viagem, frio na barriga e saudade. Esses são sentimentos que acompanham a venâncio-airense Fernanda Fengler Dal Pizzol, de 34 anos, sempre que retorna para casa. Embora esteja construindo uma vida fora do país de nascimento, ao lado do esposo Marcelo Dal Pizzol, de 36 anos, segundo ela, o sinônimo de casa sempre será a Capital Nacional do Chimarrão. Há quatro anos, Fernanda fez de Edmonton, capital da província de Alberta, no Canadá, sua nova morada. Foi lá que nasceu a filha, Sophia, hoje com 2 anos, e é lá que ela e o marido trabalham.
Filha de Elmo e Ivone Fengler, moradores do bairro Aviação, Fernanda é enfermeira formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde também concluiu o mestrado. Desde sempre teve o desejo de fazer doutorado fora do Brasil e morar em outro país, e hoje, esse sonho é realidade. No Canadá, ela cursa doutorado com foco em gerontologia e atualmente também leciona na University of Alberta (Universidade de Alberta).
Quando conheceu Marcelo, também gaúcho, natural de Bento Gonçalves e formado em Engenharia Ambiental, logo compartilhou com ele sua vontade de viver no exterior. Ele topou a ‘aventura’ sem hesitar. Ainda na época da graduação na UFRGS, Fernanda participou de um intercâmbio de um ano e meio na Austrália e, nesse período, teve a oportunidade de conhecer diversos países da Europa – o que gerou ainda mais vontade de morar em outro país.

Muitas são as mudanças de vida ao se viver em um lugar onde as temperaturas chegam a -40°C. Como conta Fernanda, o casal já possui residência permanente e, no próximo ano, deve conquistar a cidadania canadense. Os cuidados com o carro e a casa, o modo de se vestir e o estilo de vida são alguns dos aspectos que chamam a atenção. “Na Hora de ir trabalhar, é necessário acordar antes para tirar a neve que fica no carro. Uma curiosidade é que quando chegamos aqui, sentimos mais frio do que agora. Isso porque a estrutura das casas no Canadá é preparada para o inverno rigoroso, e precisa ser assim”, comenta.

Além da saudade da família e dos amigos, Fernanda também sente as diferenças culturais, especialmente na forma de se relacionar e na alimentação. “O brasileiro tem características próprias. A comida boa, o acolhimento e a maneira de tratar as pessoas são as principais diferenças. Os canadenses são extremamente educados, mas são costumes diferentes”, observa.
A ligação com a Capital do Chimarrão
Embora tenha residido poucos anos em Venâncio Aires, pois também morou em Lajeado, Mato Grosso e Porto Alegre, Fernanda leva consigo os costumes ‘da sua gente’ por onde passa. O chimarrão é companheiro de todas as horas, e o churrasco feito por Marcelo é tradicional nos momentos em família. Aliás, a pequena Sophia, mesmo sendo canadense, não dispensa o chimarrão preparado pela mãe. “Quando venho para Venâncio, sempre levo alguns quilos de erva-mate na bagagem. A qualidade é diferente”, destaca.
Em casa, o idioma predominante é o português. “Fazemos questão de manter a nossa língua de origem no dia a dia, para não perdermos a essência brasileira e para que a Sophia cresça com isso também”, conta Marcelo.
O casal tenta rever a família ao menos uma vez por ano. Quando Fernanda não vem para Venâncio, os familiares vão até o Canadá. Neste mês, por exemplo, os pais de Fernanda comemoraram 50 anos de casamento e foi a oportunidade para rever primos e demais parentes. As estadias em Venâncio Aires costumam durar de 20 a 30 dias. Eles foram para Bento Gonçalves na quinta-feira, 17, e depois retornam para casa.
Entre os vínculos afetivos com a cidade natal, estão também o pedido de casamento e a cerimônia matrimonial. Marcelo pediu Fernanda em casamento nas torres da Igreja Matriz São Sebastião Mártir, no Centro, e foi em Venâncio que o casal oficializou a união, em 2017, na mesma igreja do pedido.
“Achei o meu lugar no mundo. A nossa ideia é permanecer no Canadá e possibilitar que a nossa filha tenha muitas oportunidades que não teria no Brasil.”
FERNANDA FENGLER DAL PIZZOL
Venâncio-airense que reside no Canadá