Polícia Civil aguarda laudos, perícias e novos depoimentos para tentar esclarecer a morte do bancário Júlio Assmann Marder, 58 anos, que aconteceu na madrugada da sexta-feira, 27. A companheira dele, Salete Azevedo, 44 anos, foi presa temporariamente e está recolhida no Presídio Regional de Santa Cruz do Sul, à disposição da Justiça. Uma das teses coloca a mulher como principal suspeita.

Foto: Alvaro Pegoraro / Folha do MateCaptiva da vítima foi abandonada no interior de Venâncio
Captiva da vítima foi abandonada no interior de Venâncio

Em depoimento, ela negou a autoria do crime e disse que não viu nada, apesar da vítima ter caído morta na porta do quarto onde ela dormia com a filha. A menina, de 10 anos, foi ouvida, na presença do pai, e contradiz em diversos pontos o relato da mãe.

Em um deles, explica o delegado Vinícius Lourenço de Assunção, a menina conta que a mãe saiu do quarto durante a noite e refere exatamente a roupa que ela vestia. “Mas essa peça de roupa não foi encontrada e ela alega que teria dormido de sutiã e calcinha e garante que entrou no quarto por volta das 22h e só saiu as 6h30min, quando encontrou a vítima morta”, menciona o titular da Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA).

Outra contradição é sobre o uso do celular da filha. No depoimento, Salete alega que não ligou para a Brigada Militar – ela foi correndo, na chuva, até o quartel da BM – pois não sabia a senha do celular da filha. “Mas ela [criança] disse que não tem senha no seu celular”, observou o delegado. Perguntada porque não usou o seu próprio celular para fazer a ligação, a suspeita alegou que não sabia onde estava o aparelho.Por conta de contradições como estas, segue o delegado, é possível que será pedida a quebra do sigilo telefônico de Salete. “Isso vai esclarecer muita coisa”, acredita Vinícius.

DUAS VERSÕESMarder, que trabalhava na agência da Caixa Econômica Federal e era conhecido no meio tradicionalista, foi morto com golpes de faca, dentro da casa onde vivia, na rua Assis Brasil, fundos do estádio Edmundo Feix. Preliminarmente, peritos do Instituto-Geral de Perícias (IGP) confirmaram que ele foi atacado quando estava sentado e que, provavelmente, o primeiro golpe foi um pontaço no pescoço.

Os agentes trabalham com duas linhas de investigação, mas na opinião do delegado Vinícius, Salete têm participação nas duas. “Tenho a minha convicção, mas há alguns detalhes que vão nos ajudar a esclarecer o que realmente aconteceu”, observa o titular da DPPA.Uma das possibilidades é de que a mulher agiu sozinha. Na tese policial, em um primeiro momento ela discutiu com ele, por volta das 23h30min, e por isso ele saiu novamente – Marder estava em uma janta com amigos. Ele voltou pouco depois da meia-noite e acabou dormindo sentado, sendo atacado pela companheira.

A outra versão, ressalta o delegado, é que ela contou com a ajuda de uma segunda pessoa, que já estava dentro de casa quando o bancário chegou. Outro fato que é investigado é quem levou a caminhonete da vítima até Linha Coronel Brito, onde ela foi localizada. “Se foi ela [Salete], alguém foi buscá-la”, cita o delegado. A prisão temporária da suspeita do crime é de 30 dias.