A Vigilância Epidemiológica de Venâncio Aires divulgou dados atualizados sobre as principais doenças que acometeram os venâncio-airenses no primeiro semestre deste ano. No topo da lista das que mais mataram, estão as doenças do aparelho circulatório, que, nos primeiros seis meses, levaram 63 pessoas à morte. As comorbidades relacionadas ao aparelho respiratório estão em segundo lugar, responsáveis por 40 óbitos neste período.
A quantidade de pessoas que morreram em função de doenças do aparelho circulatório é considerada alta pelo cardiologista Gilney Mylius, pois segundo ele, o número de óbitos poderia ser menor se as pessoas tivessem uma preocupação maior com a própria saúde: “Nós não conseguimos ter acesso às pessoas que não querem ter acesso. Pessoas que estão em estado mais grave, é porque não queriam consultar, não se cuidaram e acharam que não era nada”.
Conforme o cardiologista, a doença circulatória mais comum é o infarto agudo do miocárdio. A segunda mais recorrente é o acidente vascular cerebral (AVC) ou derrame cerebral. O profissional explica que existe o AVC isquêmico e o hemorrágico. No último citado, ocorre a ruptura de uma artéria que causa algum sangramento e este é considerado mais delicado. “Alguns dos AVCs hemorrágicos são causados por aneurismas cerebrais, ou seja, dilatações que não dão sintomas na maioria das vezes e se desenvolvem”, complementa.
PREOCUPAçãOO profissional explica que costumam ser avaliadas pessoas que têm dor de cabeça progressiva, mas, na maioria dos casos, algum problema de saúde apenas é identificado depois de já ocorrer algum acidente vascular cerebral. “Diversos estudos comprovam que 60% das pessoas dizem nunca ter tido algum sintoma, mas eu acho que a gente nega muito o que sente e não procura recursos ou alguma pessoa para tirar dúvidas”, comenta.
Todas as pessoas com histórico familiar – ou seja, pais, avós ou parentes com mais de 60 anos que tiveram um infarto, AVC ou derrame – devem, segundo Mylius, procurar mais cedo algum atendimento médico para verificar a pressão e, também, saber se têm alteração de colesterol. Conforme ele, há uma preocupação muito grande hoje em relação à hipertensão nos jovens. “Se percebe que as pessoas desenvolvem cada vez mais cedo pressão arterial pelo tipo de vida e alimentação que estão tendo”, acrescenta.
O médico ainda comenta que a pressão arterial, que antes era vivenciada apenas depois dos 40, hoje já ocorre a partir dos 20 anos. Mylius observa que o grande problema está no fato de muitas pessoas não darem tanta importância aos sintomas quando são portadoras de alguma doença circulatória: “Elas negam algum tipo de doença e empurram os problemas de saúde. Isso traz reflexos”.
Estilo de vida atual e tabagismo são fatores determinantes
De acordo com o cardiologia Gilney Mylius, quando a pessoa não apresenta alguma doença no coração desde o nascimento, é observado um índice maior de comorbidades em pessoas com mais de 40 anos. “Existem principalmente mulheres infartando por usarem anticoncepcional, terem um histórico familiar e serem fumantes”, complementa.
Mylius explica que o tabagismo é um grande fator de risco para as pessoas desenvolverem problemas no coração. Além disso, o tipo de vida nos dias de hoje é determinante também, além da pressão alta, colesterol e outros fatores. “Tem pessoas que trabalham o dia inteiro, têm que estudar à noite e ainda existem alguns momentos que pioram, porque têm as provas”, observa. Tudo o que foi mencionado gera ansiedade e expectativa, aumenta a carga de adrenalina que, como consequência, faz as pessoas terem pressão alta.
Atualmente, segundo o profissional, a maioria das pessoas está muito parada, porque tem controle remoto para abrir o portão da garagem, para ligar a televisão, além de outras ‘regalias’, o que Mylius chama de “lei do menor esforço”. Todas essas comodidades da vida moderna fazem as respostas do organismo ficarem mais lentas e, como consequência, a elasticidade das artérias fica menor antes do tempo. “Isso a gente observava pelos 60 anos, mas hoje a gente vê que isso está mais precoce. Percebemos também pessoas com colesterol muito alterado e ainda jovens”, destaca.