João Medeiros* mora sozinho em uma pensão no centro de Venâncio Aires. Tem família, amigos e o mais importante: liberdade. Frequenta o Centro de Atenção Psicossocial (Caps) para tratar de um transtorno mental que surgiu quando tinha 35 anos.
No local, recebe atendimentos clínicos e participa de grupos de música e reciclagem. João, hoje, toca pandeiro e convive com pessoas que o escutam, mas nem sempre foi assim. O homem de 55 anos só pode viver dessa forma atualmente graças à reforma psiquiátrica, que vem sendo desenvolvida no Brasil desde o final dos anos 70.
Antes disso, as pessoas que sofriam de algum tipo de transtorno mental eram internadas em sanatórios que as afastavam do convívio familiar e da sociedade, sem um tratamento adequado. Conforme a psiquiatra Ivone Cimatti, antes da reforma os hospitais psiquiátricos funcionavam como verdadeiros depósitos de pessoas, onde não se tinha nem equipe suficiente para atender aos pacientes.
Hoje a realidade no Brasil é outra. Com o tempo as mudanças foram sendo feitas e, no ano de 2001, foi aprovada a lei federal 10.216, que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de doenças mentais, redirecionando o modelo assistencial em saúde mental. Com o novo modelo, instituiu-se uma rede de serviços e estratégias de atenção à saúde mental que priorizam o atendimento familiar, curtas internações psiquiátricas e, quando necessárias, feitas nos hospitais regionais.
Surgimento
Foi nessa mudança que surgiu o Centro de Atenção Psicossocial – o Caps –, iniciativa que mudou a vida de João e de tantas outras pessoas. O serviço em Venâncio Aires teve início já em 1995 e denominava-se Centro de Atenção em Saúde Mental (Casm). Em outubro de 2002, o Ministério da Saúde mudou a nomenclatura, passando a se chamar Caps.
Atualmente, 1.760 pacientes recebem algum tipo de atendimento via Caps. Venâncio Aires é referência para Passo do Sobrado, Vale Verde e Mato Leitão. Os pacientes têm um grupo de profissionais disponível, formado por psiquiatras, clínicos gerais, psicólogas, assistente social, terapeuta ocupacional, enfermeira, técnica em enfermagem, nutricionista, fisioterapeuta e educadora física. A equipe também conta com auxiliares administrativos, servente, vigilante e voluntários.
Conforme a coordenadora do centro, Camile da Rosa, para se manter, o Caps recebe uma verba federal e a Prefeitura é responsável pelos recursos humanos. A maioria dos medicamentos receitados pode ser adquirida via Farmácia Municipal, a não ser em casos que os pacientes não se adaptam com os disponíveis. Daí, é necessária a compra.
O atendimento é realizado de segunda a sexta-feira, das 7h30min às 17h30min. São consultas individuais e em grupos, oficinas terapêuticas e recreativas e atendimentos domiciliares.
Confira a reportagem completa no flip ou edição impressa de 28/06/2014.