“Temos um baixo índice de homicídios no município e o que dificulta a elucidação de todos os casos é o envolvimento de algumas vítimas com as facções e o consequente tráfico de drogas”. A frase do delegado Felipe Staub Cano resume a dificuldade que os agentes da Polícia Civil têm para identificar e ouvir os envolvidos nas mortes.
Dos oito homicídios dolosos registrados este ano, dois aconteceram na Penitenciária Estadual de Venâncio Aires (Peva) e um envolveu uma guarnição da Brigada Militar. Nos outros cinco casos há um latrocínio, já esclarecido, e quatro execuções. No ano passado, dos 11 homicídios registrados, sete foram execuções ligadas ao tráfico de drogas. Em 2017 também foi registrado um latrocínio e, a exemplo do crime deste ano, também está esclarecido.
Das quatro execuções registradas este ano em Venâncio Aires, duas têm autoria conhecida e duas seguem sendo um mistério. Os agentes da Polícia Civil sabem quem atirou contra André Luís da Rosa Carvalho, 33 anos, fato que aconteceu na noite do dia 4 de agosto, em Linha Ponte Queimada. “Sabemos como tudo aconteceu e quem atirou e matou a vítima”, disse o inspetor Paulo Ullmann. Há testemunhas que já prestaram depoimento, assim como o suspeito do crime.
Da mesma forma, o chefe do Setor de Investigações (SI) revela que já sabe quem são os autores da morte de Fernando Alves, 33 anos, executado a tiros na noite do dia 23 de outubro, no bairro Gressler. Dois indivíduos chegaram em uma moto, mataram a vítima, que estava perto da sua casa, e fugiram.
Conforme o delegado Cano, um deles já prestou depoimento e mesmo com as evidências, negou envolvimento no caso. “Já ouvimos testemunhas e agora falta tomarmos o depoimento do outro suspeito”, ressaltou.

DIFICULDADESOs agentes têm dificuldades para esclarecer a primeira morte do ano, praticada na madrugada do dia 2 de janeiro, no bairro Macedo. Eduardo dos Santos Teixeira, 21 anos, foi morto a tiros. Os policiais sabem que havia duas garota na casa onde a vítima foi morta, de 17 e 19 anos, mas elas disseram que ouviram barulhos e os tiros, mas não viram quem foi o autor dos disparos.
As garotas mencionaram em depoimento que Teixeira namorava a mais nova – haviam rompido e estavam voltando – e que no início daquela madrugada ele avisou que iria até aquela casa. Elas relataram que ouviram o barulho da moto dele e quando ele anunciou que estava chegando. Em seguida, ouviram os tiros e o encontraram morto, sobre a cama de um dos quartos. As jovens também relataram que viram atirador fugir correndo, mas não conseguiram identificá-lo.
Para o chefe do SI, trata-se de uma execução, ligada ao tráfico de drogas. “Trabalhamos no caso, mas seguimos sem autoria”, disse.
FACÇÃOO outro crime que segue sem autoria foi praticado na noite do dia 21 de outubro, na rua Um, no bairro Battisti. Alexandre Fabiano Justino da Rosa, o Neguinho da Dondi, 30 anos, foi executado com diversos tiros disparados de uma pistola calibre 9 milímetros, quase em frente a casa onde morava com os familiares. No local os agentes da Polícia Civil recolheram oito cápsulas 9 mm.
Para o delegado Cano, há informações de que diversas pessoas presenciaram o crime. No entanto, nenhuma delas prestou depoimento para que fosse possível chegar aos nomes dos dois indivíduos que chegaram a pé, executaram a vítima com cerca de dez tiros e depois voltaram a pé, para o interior do bairro. “É uma típica execução ligada ao tráfico de drogas”, observou Ullmann.
“Sabemos que diversas pessoas presenciaram o crime no bairro Battisti, mas ao que tudo indica envolve membros de uma facção e o tráfico de drogas e por isso ninguém quer falar, o que dificulta o esclarecimento”.
Felipe staub canoDelegado de Polícia
PENITENCIÁRIADe acordo com o delegado Cano, as mortes registradas dentro da penitenciária estão sendo investigadas. No primeiro caso, um preso foi agredido e morto dentro de uma cela. Todos os ocupantes da cela foram ouvidos, mas não se tem a autoria do crime.
No segundo, a denúncia é de que um apenado, descontrolado, investiu contra a guarda e foi contido. Ele precisou atendimento médico e faleceu posteriormente.O titular da Delegacia de Polícia explicou que cerca de 30 agentes foram ouvidos e o caso é investigado juntamente com a corregedoria da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe).
VIOLÊNCIA DOMÉSTICANa morte que envolve uma guarnição da Brigada Militar, na madrugada do dia 18 de outubro, a vítima desferiu um tiro contra os brigadianos, que revidaram. Um sargento e um soldado atendiam um caso de violência doméstica, no interior do município, quando o pai do suspeito atirou com uma garrucha calibre 38 contra os brigadianos, ferindo o soldado na perna direita.Houve o revide e o homem, de 65 anos, foi atingido e morreu. O filho dele, que era procurado, acusado de agredir a companheira, fugiu e não foi localizado.
LATROCÍNIOO comerciante Carlos Alberto da Rosa, 48 anos, foi morto com um tiro, na noite do dia 10 de março, em seu bar, localizado em Vila Palanque. Ele estava no local quando dois indivíduos surgiram e anunciaram o assalto. Rosa teria reagiado e acabou morto.
Uma guarnição foi ao local, fez buscas e prendeu os dois suspeitos. Aos brigadianos, Luis Fernando de Barros, 36 anos, e Duane Alandelon Kist, 24 anos, confessaram a autoria do crime e entregaram a arma. Posteriormente, na DPPA, se mantiveram calados.
Ambos tiveram a prisão preventiva decretada e encontram-se recolhidos na Peva.