Os dois primeiros meses na coordenação do Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) e a experiência de 36 anos na área de administração hospitalar fazem com que o novo administrador da casa de saúde não tenha dúvidas em afirmar: “Esse é um bom hospital, com boa estrutura, um bom grupo de funcionários e equipe médica, e ele vai ficar ainda melhor.”
Graduado em Administração de Empresas, Administração Hospitalar e Ciências Contábeis, e com pós-graduação em Administração Estratégica, Fernando Maria Branco começou a atuar no HSSM em 3 de setembro. Em meio a um cenário de crise dos hospitais filantrópicos de todo o estado, a incertezas econômicas e ao desafio de equilibrar despesas e arrecadação, ele lidera um movimento de gestão estratégica no HSSM.
As metas devem ser colocadas em prática em até dez meses e pretendem qualificar a estrutura e o atendimento, reforçando a credibilidade e a referência da instituição hospitalar de Venâncio Aires. “O nosso norte é atender bem o paciente. Todas as ações são voltadas para isso”, garante, ao citar a qualidade da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), do Centro Obstétrico e do Bloco Cirúrgico.
Entre as medidas planejadas pela equipe de gestão do Hospital São Sebastião Mártir estão desde revitalização da estrutura, alteração no organograma e mudanças em alguns setores até a criação de um novo Centro de Diagnóstico e Imagem (CDI), com construção de espaço com sala de espera e interligação entre os serviços de ecografia, raio-X, tomografia e mamografia. “Temos um ótimo CDI, só é preciso reorganizá-lo”, observa o administrador, que já atuou em outros cinco hospitais do Rio Grande do Sul, em Bagé, Ijuí, Sapiranga, Santo Ângelo e Cruz Alta.
Temos um grupo de profissionais qualificados, uma boa equipe de médicos, estamos em dia com salários, impostos e fornecedores. Isso nos dá uma tranquilidade. Todos os nossos esforços serão voltados ao bom atendimento aos clientes, primando pelo ser humano.”FERNANDO MARIA BRANCOAdministrador
De acordo com Branco, embora ainda não haja um planejamento estratégico, as metas a curto prazo já começaram a surtir efeito. “Queremos primar pelo bom atendimento ao cliente, seja ele SUS, particular ou convênios. Nosso foco é atender bem”, enfatiza.
Equilíbrio financeiro
Entre os principais objetivos, está o desafio de zerar o déficit do hospital. “Temos uma situação mais amena, se comparada a outros hospitais filantrópicos do estado, mas não está sobrando dinheiro”, salienta Branco. Com um custo mensal aproximado de R$ 3,89 milhões – a maior parte comprometida para pagamento de profissionais, incluindo médicos e prestadores de serviço – a casa de saúde tem um prejuízo mensal de R$ 200 mil. “Queremos zerar esse déficit aumentando receitas e diminuindo despesas”, afirma Branco.
Resolver o desafio histórico de pagar o 13º salário dos funcionários, a cada fim de ano, também está na lista de metas do administrador. “Neste ano, a situação se repete e já estamos em busca de recursos, mas a intenção é acabar com essa dificuldade.”
>> 470 é o número de profissionais do HSSM, incluindo os funcionários da Unidade de Pronto Atendimento (UPA).
Metas e ações previstas
– Melhorias na hotelaria: está prevista revitalização dos quartos, com aquisição de novas camas, pintura e reforma. As melhorias já começaram na Ala Azul e Ala A, mas devem se estender a área do Sistema Único de Saúde (SUS). “Quando uma pessoa vai para o hospital, sai de sua casa. Temos que oferecer algo melhor ou pelo menos parecido ao que ele tem em casa, para que se sinta bem acomodada”, destaca o administrador Fernando Maria Branco.
– Mudança no Pronto Atendimento: Além de o pronto atendimento ser revitalizado, deve ocorrer uma mudança no layout do setor. A sala de urgência será realocada para a entrada, onde estacionam as ambulâncias, para facilitar o fluxo de atendimento das emergências.
– Pediatria e psiquiatria: As duas alas serão realocadas. A pediatria conta, hoje, com 15 leitos, mas em geral são utilizados menos da metade deles. Com a transferência da ala psiquiátrica para o local, será possível ampliar o número de leitos de saúde mental, quando houver demanda para internação.
– Novo Centro de Diagnóstico e Imagem: Será realizada ampliação do prédio, com construção de sala de espera e instalação de elevador para unir os serviços de ecografia, raio X, tomografia e mamografia. O projeto arquitetônico já está pronto e o objetivo, nos próximos meses, é buscar recursos para efetivá-lo. “A ideia é, futuramente, contarmos com o serviço de ressonância magnética”, adianta Branco.
– Prescrição 100% eletrônica: A prescrição eletrônica, utilizada, atualmente, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), deve ser gradualmente estendida para todos os setores do hospital. Com ela, toda a movimentação de medicamentos e procedimentos na casa de saúde estará cadastrada em um sistema, que interligada todos os serviços. “Já temos o sistema, basta implantá-lo gradualmente. Isso vai facilitar o controle de estoque, mostrará o que precisa ser comprado e permitirá o faturamento com mais agilidade.”
– Redução do déficit: A equipe do HSSM vai concentrar esforços para terminar com o déficit mensal de cerca de R$ 200 mil. A busca por emendas parlamentares para aquisição de equipamentos e também para custeio está entre as estratégias previstas para melhorar a situação do hospital. “Iremos a Brasília em busca de recursos.”
– Selo de Acreditação: A casa de saúde trabalha, desde antes da chegada do administrador, na busca de um selo de Acreditação Hospitalar – um reconhecimento de qualidade e de segurança dos serviços. “Isso agrega credibilidade e qualidade à instituição”, considera Branco.
Contrato com Município
Com valor anual de R$ 21.343.596,00, o contrato do Município com o HSSM foi renovado em 29 de dezembro de 2017 e começou a vigorar em 3 de janeiro deste ano. De acordo com o administrador do hospital, Fernando Maria Branco, as tratativas para renegociação do convênio devem ser iniciadas neste mês.
Ele destaca que o contrato, com o repasse de todos os recursos destinados à área hospitalar, via Município, é o que garante uma situação mais favorável ao HSSM, se comparado a outros hospitais filantrópicos do Rio Grande do Sul. “Em Venâncio Aires, o Município tem gestão plena da saúde. Enquanto outros hospitais vivem com incerteza sobre recebimento do Estado, aqui a situação é mais amena pois temos o contrato com a Prefeitura.”