Economia e automação na limpeza dos vasos sanitários

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A tecnologia evolui todos os dias. Contudo, você já deve ter percebido que algumas áreas simplesmente não parecem avançar no decorrer dos anos. É o caso daquela brincadeira do guarda-chuva, que parece o mesmo há séculos. A situação se repete com o vaso sanitário, que engatinha, principalmente, em formas de limpeza automáticas.

Pensando nisso, o empresário Lucas Helfer, de 34 anos, responsável pela Sani Clean, criou um sistema de automação da limpeza dos vasos sanitários com caixas acopladas. O produto, com dois recipientes, é colocado dentro da caixa de descarga. Nele, é inserida uma pastilha de cloro em um dos recipientes e uma de detergente em outro. Após isso, são três meses (ou 1,8 mil descargas) sem precisar limpar ou realizar qualquer manutenção no vaso.

Helfer detalha que não existe nenhum equipamento visando o vaso sanitário, apenas o famoso vaso inteligente japonês, que é caro para a realidade local. “O produto que criei não deixa amarelar o vaso, pois ele mantém sempre limpo e sem manchas. Economiza água, produtos de limpeza e tempo, além de deixar o vaso sem bactérias, vírus, fungos, germes e, principalmente, os maus odores”, frisa.

Criação

A ideia surgiu quando Helfer, que trabalhava na construção civil e morava em um pequeno apartamento no estado do Mato Grosso do Sul. De acordo com ele, o local continha apenas uma barraca e um colchão, além de alguns móveis emprestados.

Em um sábado, ele estava realizando uma limpeza e, quando chegou ao banheiro, bateu com a vassoura na caixa e jogou água por todos os lados. “Quando olhei para o vaso me surgiu a ideia: ‘está aqui o negócio.’ Temos tecnologia em tudo, menos no sanitário”, observa.

A versão final é pequena e pode ser colocada em todas as caixas de descargas acopladas em vasos sanitários. (Foto: Leonardo Pereira)

A partir disso, foram quatro anos adaptando a ideia. Inicialmente, imaginou uma gaiola de passarinho e o bebedouro. “Pensando na caixa normal, imaginei colocar esse bebedouro em um furo nela, com detergente, para manter limpo no vaso. Foi a primeira ideia”, destaca.

Posteriormente, voltou seu olhar para caixas acopladas. O primeiro projeto era outra caixa de um metro, acoplada na tradicional, dividida em 50 centímetros para cloro e 50 para detergente. “Era um ‘trambolho’, e fui desacreditando, por que algumas pessoas comentavam que os dois elementos poderiam se neutralizar.”

O projeto foi reduzindo até chegar ao atual. Segundo o criador, foram mais de 15 versões anteriores, até chegar próximo do design atual – uma ‘caixinha’ de 8,5 centímetros de comprimento, 6 de largura e 4 de altura. Helfer enfatiza que sempre buscou patentear todas as modificações, para não correr o risco de perder a ideia. “Minhas maiores dificuldades estavam relacionadas com pessoas tentando roubar a ideia ou ‘passar a perna’ em mim”, detalha.

Helfer pontua que tudo foi passo a passo, até chegar em um produto universal. “Fui atualizando, resolvendo um problema de cada vez, pegando referências, adaptando produtos diferentes. As pessoas sempre têm ideias e algumas me ajudaram.” Ele observa que o sistema é universal e pode ser instalado pelo próprio cliente, sem qualquer necessidade de um responsável. O empreendedor comenta, inclusive, que durante a gestão municipal anterior, o produto foi utilizado nos banheiros da Praça Coronel Thomaz Pereira, a Praça da Matriz, por três meses.

“Você precisa mudar e tomar uma atitude, não as pessoas ou o exterior. A mudança é dentro. Tudo é criado, a princípio, na mente.”

LUCAS HELFER

Empresário

Mente fértil

O inventor diz que sempre teve a mente fértil, mas não podia parar de trabalhar por que precisava pagar as contas e colocar comida na mesa. “Tinha algumas ideias, sempre inventava formas de arrumar os objetos. Cheguei a fazer vasos de flores para vender, mas ficava naquela ‘O que vou criar de diferente?’”, lembra Lucas Helfer.

A partir da leitura de livros como ‘Quem pensa, enriquece’, de Napoleon Hill, e ‘As leis da mente’, de Marcelo Araujo, o empreendedor mudou totalmente a mentalidade. “Sempre pensava, não tem mais o que inventar, tudo já existe e precisa de muito dinheiro”, comenta, ao afirmar que, aos poucos, foi mudando essa ideia.

Após trabalhar 11 anos com a construção civil, de servente a mestre de obras, Helfer destaca que sempre pensa como se fosse o cliente. “Tem que ser detalhado, certinho, o cliente precisa ter o melhor produto em mãos, qualquer defeito precisa ser corrigido. O cliente merece isso.”

Pensando no futuro, um vaso automatizado, devidamente completo, com as pastilhas e o produto instalado, deve ser lançado. Além disso, outro produto apenas com cloro também está nos planos em breve.

Conheça Lucas Helfer:

  • Nascido em Santa Cruz do Sul, se mudou para Venâncio Aires aos 3 anos.
  • Depois morou em Passo do Sobrado, quando trabalhava com tabaco.
  • Serviu o Exército em Santa Cruz.
  • Voltou para Venâncio e depois morou em Joinville, em Santa Catarina, por seis meses.
  • Se casou e foi para o Mato Grosso do Sul, onde ficou cinco anos. Depois de se separar, se transferiu novamente para Venâncio.
  • Depois, retornou ao estado da região central, quando teve a ideia da criação do produto, que efetivou agora morando na Capital do Chimarrão.


Leonardo Pereira

Leonardo Pereira

Natural de Vila Mariante, no interior de Venâncio Aires, jornalista formado na Universidade de Santa Cruz do Sul e repórter do jornal Folha do Mate desde 2022.

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