Secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo, Marcos Hüttmann, a coordenadora da Sala do Empreendedor, Liliane Wagner, e o assessor da secretaria, Darlan Rieger, acompanham os números no portal do Governo Federal (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)
Secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo, Marcos Hüttmann, a coordenadora da Sala do Empreendedor, Liliane Wagner, e o assessor da secretaria, Darlan Rieger, acompanham os números no portal do Governo Federal (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

Abertura de empresas entre janeiro e junho deste ano, em Venâncio, chegou a 768, o maior número para o período desde 2021.

Venâncio Aires registrou, no primeiro semestre de 2025, o maior número em abertura de empresas em cinco anos. Foram 768 empreendimentos abertos entre janeiro e junho, 44% a mais do que no mesmo período de 2021, quando iniciaram 532 negócios, entre as de maior porte e microempreendedores individuais (MEIs). O saldo entre as empresas que abriram e fecharam nos primeiros seis meses de 2025 é de 339, também o melhor resultado dos últimos cinco anos.

Os números são da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo, com base nos dados do Painel Mapa de Empresas, do Governo Federal. Comparando com o primeiro semestre de 2024, quando houve 577 aberturas, o aumento também foi significativo (33%), mas, nesse caso, é preciso fazer a ressalva da enchente, que impactou nos negócios entre maio e junho.

Razões para o aumento da abertura de empresas

Embora entenda que os números devem ser analisados com relatividade, já que em 2021 ainda era um cenário de pandemia de Covid-19, o secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo, Marcos Hüttmann, elenca alguns fatores que vêm contribuindo para esse crescimento de empreendimentos. Entre eles, o programa Venâncio Mais Fácil, implementado em junho de 2021 e que trouxe algumas facilidades. “O Rio Grande do Sul já foi um dos piores estados para empreender no Brasil e hoje, a partir de algumas políticas de desburocratização, como o Tudo Fácil Empresas, vem facilitando e impulsionando também os municípios a adotarem práticas para desburocratizar o ambiente de negócios. Em 2021, então, Venâncio implantou a Lei da Liberdade Econômica com o programa Venâncio Mais Fácil, isso agilizou muito o tempo de abertura de empresas.”

Segundo Hüttmann, desde então, o Município vem trazendo outras ações para também despertar a cultura empreendedora na cidade. “Estamos há dois anos e meio com o Venâncio Empreendedor, um espaço para acolher nossos empreendedores e fazer orientação, mas também com o objetivo de colocar Venâncio nessa vitrine empreendedora. A partir disso, temos um crescimento exponencial.”

Sete horas para abertura de empresas

Entre as medidas para desburocratizar alguns processos, Marcos Hüttmann menciona a dispensa de alvará para empresas de baixo risco, como comércio de roupas e prestação de serviços. Há alguns anos eram 776 atividades consideradas de baixo risco e hoje esse número aumentou para 810.

Outro ponto destacado é o tempo para a abertura de empresas. “Sempre trabalhamos para tentar reduzir a burocracia para abrir uma empresa. No tempo de abertura, que aparece no painel do Governo Federal, Venâncio tem média de sete horas para já estar com CNPJ e sair trabalhando. Esse tempo é gratificante, porque hoje ele é a melhor média regional. Lajeado leva cerca de 14 horas e Santa Cruz oito horas. E tem categorias de empresas que abre em menos de 10 minutos. Pelo Tudo Fácil Empresas temos possibilidade de abrir negócios, empresas de baixo risco, já com o CNPJ.”

A coordenadora da Sala do Empreendedor, Liliane Wagner, também entende que as iniciativas têm o propósito de impulsionar o desenvolvimento da economia local e incentivar quem quer empreender. “A Sala do Empreendedor tem sido uma verdadeira porta de entrada para quem deseja transformar uma ideia em negócio. Há quem critique o programa MEI, mas temos inúmeros exemplos de empresas que começaram como microempreendedores individuais e, hoje, se tornaram negócios de maior porte, gerando empregos e movimentando a nossa economia.”

7.367 – é o total de empresas ativas em Venâncio Aires até 30 de junho.

Considerando o total anual entre aberturas e fechamentos em Venâncio Aires, o ano com melhor saldo é 2021, com 536 empreendimentos. Em 2020 o saldo foi de 358, 2022 com 386, 2023 teve 500 e 2024 (ano da grande enchente) o saldo fechou em 462 empresas.

Cenário econômico

O secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo, Marcos Hüttmann, também chama atenção para outros fatores que podem ter contribuído para o aumento de empresas. “O cenário econômico vai moldando. Tem pessoas, por causa da pandemia e da enchente, que precisaram mudar de cenário. Que talvez empreenderam por ‘obrigação’, digamos assim, já que perderam o emprego. Mas também muda o cenário de forma geral, como a demanda no setor de serviços em crescimento constante e o turismo.”

Hüttmann também cita a questão da pejotização, onde empresas estão terceirizando mão de obra. “Antes a pessoa trabalhava de carteira assinada, mas daí abre seu negócio e acaba trabalhando de forma terceirizada para essa empresa”, explica. O secretário disse ainda que abrir a própria empresa ou MEI acaba sendo uma oportunidade para formalizar a atividade. “Para quem trabalha na informalidade, faz o chamado ‘bico’, tem possibilidade de se regularizar e com isso também ter acesso a créditos e emissão de nota fiscal.”

De 7,3 mil empresas ativas, 58% são de maior porte

Atualmente, Venâncio Aires tem 7.367 empresas ativas (até 30 de junho), sendo que 58% (4.271) são de maior porte e 42% são MEIs (3.096). Já das 768 empresas abertas no primeiro semestre de 2025, 197 são de maior porte e, entre elas, está a Masterplus, uma fábrica de argamassa que começou a produzir em maio. É num pavilhão alugado entre a Linha Hansel e a Vila Arlindo, à margem da RSC-287, que Luís Carlos dos Santos e um sócio, ambos de Santa Cruz do Sul, decidiram abrir o negócio.

“Venâncio está literalmente no centro, num ponto estratégico para nossa área de atuação, que vai de Santa Maria a Montenegro e de Guaporé a Encruzilhada do Sul. Tem a logística facilitada e temos muitos clientes na região”, observa Santos, ao justificar a escolha por Venâncio. Além disso, ele cita que a questão burocrática foi rápida e tranquila junto à Prefeitura. Além dos sócios, a fábrica tem quatro funcionários, todos moradores de Venâncio. “Posso dizer que essa foi a parte mais complicada, foi difícil encontrar mão de obra aqui. Mas felizmente conseguimos.” O empresário revelou que, ainda em 2025, serão lançados mais três produtos e por isso, também, a ideia é expandir a empresa.

Empresário de Santa Cruz do Sul, Luís Carlos dos Santos decidiu empreender em Venâncio e, junto com um sócio, abriu uma fábrica de argamassas em 2025 (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

Com a MEI, o sonho do negócio próprio

Tamires da Rosa, 25 anos, e o marido, Fábio Silva, 27, sempre tiveram o sonho de ter o próprio negócio. Ele começou a ser realizado em 2024, mas um problema de saúde de Fábio impediu a atividade num primeiro momento.

Com a virada de ano, foi o momento de tentar novamente e, em abril, Tamires abriu uma MEI, dessa vez tocando o negócio sozinha. O CNPJ é no nome dela, mas como precisava de nomes fantasia para fazer as marcas serem conhecidas, criou a Limp Art (para revenda de produtos de limpeza) e a Inova Sys (um sistema de fichas e ingressos para festas e eventos, além da futura locação de câmeras de videomonitoramento com armazenamento em nuvem).

Segundo Tamires, foi questão de 30 minutos para sair com o CNPJ e ter todas as informações necessárias junto à Sala do Empreendedor. “Tudo muito prático e rápido, sem falar que é gratuito. E até hoje, quando temos alguma dúvida, conseguimos tirar com o pessoal. Eles realmente tentam encontrar formas para nos ajudar e isso, para quem está começando, é muito bom”, define Tamires.

Ainda segundo a microempreendedora individual, ela e o marido tentaram empreender em outro município da região, mas não tinha auxílio e a burocracia era muito grande, o que os fizeram desistir. No futuro, considerando que o faturamento anual deve aumentar, ela revela que o desejo é evoluir e ter, de fato, uma empresa.

Tamires da Rosa abriu uma MEI em 2025, para revenda de produtos de limpeza. O escritório é na sala de casa (Foto: Arquivo pessoal)
Barbeiro Darlei da Silva Padilha começou como MEI, em 2019, e hoje tem uma empresa maior em Venâncio (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

Sem medo de crescer

Com mais de 3 mil microempreendedores individuais em atividade, o secretário Marcos Hüttmann considera que são, pelo menos, 5 mil pessoas nessa categoria. Também foram as MEIs os negócios que mais iniciaram atividades no primeiro semestre de 2025: 571 do total de 768. “Se temos 3 mil MEIs, digamos que tem 5 mil pessoas nessa categoria. É um grande número no município e trabalhamos para orientar os empreendedores para quem não tenham medo de crescer. Tem alguns com medo, seguram o faturamento para não passar de R$ 81 mil anuais. Mas nosso trabalho é incentivar para que a empresa cresça, ganhe proporção maior e tenha mais pessoas empregadas. Isso é bom para a economia como um todo.”

Quem cresceu e mudou de patamar, por exemplo, é o barbeiro Darlei da Silva Padilha, 35 anos. Em 2019 ele abriu a MEI e, em 2021, virou Simples Nacional, uma empresa de maior porte. Padilha começou sozinho e hoje são entre quatro barbeiros e um administrador (também sócio) tocando a Barbearia DaResenha. “Vale a pena se capacitar, buscar e se desafiar para empreender”, destaca.

O barbeiro também cita as orientações que sempre teve junto à Prefeitura e das oportunidades que surgiram nos últimos anos. “O Qualifica Venâncio, por exemplo, não tinha quando eu comecei. É gratuito para se capacitar e mais pessoas tentarem empreender.” Além de expandir o próprio negócio, inclusive com uma filial em Santa Cruz do Sul, Darlei Padilha também é educador numa academia de barbeiros e hoje é um dos orientadores do Qualifica.

Recorde de abertura de empresas no estado

No estado, houve um recorde na abertura de novas empresas no primeiro semestre de 2025. Segundo a Junta Comercial, Industrial e Serviços do Rio Grande do Sul (JucisRS), vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, foram 155.118 novos negócios, sendo 122.143 MEIs. No mesmo período do ano passado, foram abertas 124.197 empresas. Considerando o mesmo período da série histórica, o número de novos empreendimentos no primeiro semestre de 2025 é o maior desde 2003.