Nas rodas de conversa, o aumento dos preços de alimentos e produtos encontrados nos supermercados é assunto frequente. Consequentemente, o que também sofre aumento são os valores de almoços e lanches em restaurantes e comércios alimentícios. Seja para quem prepara as refeições em casa, come fora ou para os próprios estabelecimentos que servem as refeições, todos estão sentindo no bolso a inflação dos alimentos.
O motorista Márcio Protógenes Gall, 43 anos, é uma destas pessoas. Na correria da rotina, ele se alimenta em estabelecimentos comerciais todos os dias. “Recebo uma diária para gastar em alimentação, mas muitas vezes não chega e tenho que pagar em cima”, afirma. Ele salienta que devido aos altos valores, já cuida para não extrapolar na quantidade de comida e evita alimentos mais pesados, como massas, para que o ‘peso’ também não reflita no bolso. Márcio comenta que sente o valor alto dos alimentos também quando escolhe as lancherias para um almoço mais rápido.”Já cheguei a gastar mais em lanches do que se fosse comprar um prato de comida.”
Palavra da vez: adaptação
A proprietária de um restaurante da região central de Venâncio Aires, Andréia Luciana Kist, 50 anos, atua no ramo alimentício há 23 anos. Segundo ela, para que os valores não sofressem alterações constantes, ela precisou adaptar o cardápio, sem deixar de entregar muito sabor aos clientes. “A carne de rês que antes eu oferecia praticamente todos os dias, tive que diminuir, mas não deixei de fazer. Aumentei a quantidade de peixes e outros tipos de carnes”, salienta. Nas saladas, a empresária afirma seguir o que estiver mais em conta devido à época do ano.
No estabelecimento, Andréia comenta que a saída de marmitas também aumentou. Ela acredita que seja pela praticidade e facilidade de ser um preço fixo pela quantidade de comida. Por dia, chegam a produzir cerca de 30 unidades, que são pedidos sob encomenda. “Desde a pandemia, agora que podemos dizer que melhorou o movimento. Chegamos a parar de oferecer o churrasco uma vez na semana durante a pandemia, mas agora já retornamos.”
Inflação
A economista Cíntia Agostini comenta que o aumento generalizado dos preços percebido pela população é reflexo da chamada inflação. “Olhando uma perspectiva do que acontece desde a metade do último ano, e principalmente neste ano, são várias condições que mexem nestes valores.”
Além disso, a variação do câmbio, envolvendo o real e o dólar, quando tem que se gastar muitos reais para conseguir um dólar é uma pressão externa que influencia. As condições climáticas que ultimamente foram marcadas por estiagem e enchentes, também mexem com a produção de alimentos e o custo de energia nas hidrelétricas. “Os aspectos se somam, e ainda temos o contexto de uma pandemia com reveses, que ainda impactam nas matérias-primas e na quantidade dos produtos.” Cíntia afirma que o conflito entre Ucrânia e Rússia, algo que ninguém esperava durar tanto tempo, já teve reflexos nos valores de combustíveis, grãos e fertilizantes, o que impacta também na alimentação. “É um pacote de questões internas e externas, e junto a isso a renda do povo não aumenta. As pessoas empobreceram. É difícil pensar que para encher o tanque do carro, gasta-se um quarto de um salário mínimo.”
Dicas para manter uma alimentação saudável sem gastar muito
Segundo a nutricionista Viviane Baumgarten, para não gastar muito em refeições, a ideia principal é buscar se alimentar com o máximo de alimentos naturais e nutritivos, evitando os industrializados. “Embora legumes, verduras e frutas possam ter preço superior ao de alguns alimentos ultraprocessados, o custo total de uma alimentação baseada em alimentos in natura ou minimamente processados ainda é menor no Brasil do que o custo de uma alimentação baseada em alimentos ultraprocessados.”
Respeitar a sazonalidade também é importante. Viviane reforça que consumir legumes, verduras e frutas da época da safra faz com que você tenha um custo menor, já que a quantidade disponível tende a ser maior. A economia local e a agricultura familiar também devem ser priorizados, perincipalmente nas feiras ou locais que comercializam grandes quantidades de alimentos.
Outra dica da nutricionista é ter um planejamento para organizar a sua alimentação e se possível, conseguir preparar a sua própria comida. “Planeje as refeições da semana toda e faça as compras de acordo com esse cardápio. Antes de ir às compras, veja os alimentos que ainda possui em casa e faça lista de compras. Compre somente o que está nesta lista e o que irá utilizar em um curto período de tempo, evitando o desperdício.”
Reaproveitar os alimentos também é uma boa pedida. De acordo com a nutricionista chegamos a jogar fora partes super nutritivas, como cascas e sementes. Receitas podem ser enriquecidas com casca de banana, casca de abacaxi, sementes de abóbora e ramas de cenoura. O aproveitamento integral dos alimentos consiste em utilizar parte deles que normalmente seriam descartada. Além de tornar a alimentação mais saborosa, essas partes são ricas em fibras, minerais, vitaminas e contribuem para a prevenção de muitas doenças.
“Uma alimentação saudável e equilibrada é indispensável para uma qualidade de vida, longevidade e prevenção de doenças.”
VIVIANE BAUMGARTEN
Nutricionista
Foto bolinha: viviane
Cuidados no armazenamento e descongelamento
- Frutas: devem ser higienizadas previamente para resfriamento e secadas para ir ao freezer. Ao serem descongeladas não podem voltar ao congelamento. A conservação adequada deve ser feita em potes de vidro, sacos de polietileno ou potes herméticos.
- Vegetais: precisam estar extremamente limpos e descascados. Devem ser escaldados em água fervente ou vapor e nunca cozinhar totalmente. Logo que retirar, mergulhar em água com gelo, com ajuda de um escorredor, dando um choque térmico. Congele em pequenas porções usando sacos plásticos e retirando o máximo de ar possível. Praticamente todas as hortaliças podem ser congeladas, com exceções de vegetais folhosos consumidos crus, como alface, rúcula e agrião. Nestes casos, higienize, seque bem e guarde na geladeira em um pote bem vedado. Uma dica é intercalar uma camada de papel toalha com uma verdura, garantido que toda a umidade seja absorvida.
- Marmitas: para levá-las ao congelador, o ideal é armazená-las em potes de vidro temperado com tampas herméticas ou sacos específicos para congelamento. Vasilhas plásticas até podem ser utilizadas, desde que tenham a garantia de BPA Free, ou seja, livre de bisfenol, uma substância nociva à saúde. Além disso, observe se o pote plástico aguenta a troca de temperatura do congelador para o micro-ondas, por exemplo. A validade é de, em média, até três meses se congelados e preparados da maneira correta.
- Para o processo de descongelamento, não se deve descongelar um alimento à temperatura ambiente por causa do risco de contaminação. Para consumir com segurança, deve-se tirar do congelador ou freezer e deixar descongelando dentro da geladeira. Contudo, caso precise de um descongelamento rápido, pode-se utilizar o micro-ondas para descongelar a refeição. Uma vez descongeladas, as refeições não podem ser congeladas novamente.
Opções para substituições
- Viviane explica que o prato saudável é composto por metade do prato (50%) de vegetais, estes podem ser crus e cozidos, um quarto (25%) de carboidratos e outros 25% de proteínas (vegetal e animal).
- O arroz e o feijão formam uma combinação nutritiva e proteica. O arroz pode ser substituído pelo macarrão, batata-doce, batata-inglesa, aipim, purê de batata, e etc. E, no lugar do feijão, também podemos incluir outras leguminosas como lentilha, grão-de-bico e ervilha.
- Carnes magras e baratas podem render refeições deliciosas e nutritivas, como ensopados, cozidos, assados e grelhados e atender a necessidade de proteínas. O ovo é um alimento mais barato do que a carne e, como é rico em proteínas, vitaminas e minerais, pode ser uma opção em relação à carne.