Faltam menos de 20 dias para a Páscoa e já é possível perceber a movimentação em relação à data, que neste ano será celebrada em 4 de abril. Em Mato Leitão, a avenida Alfredo Pilz, a Praça da Matriz e a rótula nas proximidades da Igreja Evangélica já estão ganhando um colorido especial, com a instalação de ornamentações alusiva ao dia. Para os estabelecimentos e artesãos que comercializam itens relacionados à Páscoa, a movimentação também já começou.
Tradicional nesta época do ano, os chocolates já estão ganhando mais espaço nos mercados. No Super Dobom, por exemplo, os ovos começaram a ser expostos há cerca de 15 dias. Além disso, na semana que antecede a Páscoa, também serão montados ninhos para a comercialização. Caixas de bombons e barras de chocolate, que nos últimos anos estão sendo muito procuradas nesta época, também já estão recebendo mais destaque nas prateleiras.
Apesar de faltar pouco mais de duas semanas para a Páscoa, o sócio-proprietário do Super Dobom, Jussimar Moresco, relata que a procura pelos produtos ainda é pequena. Ele credita isso ao momento da pandemia e acredita que haverá uma queda nas vendas em relação ao ano passado. “Percebemos que a população está com receio de gastar. Até mesmo nas compras gerais do mercado notamos que os clientes têm priorizado o que realmente é necessário e deixado de levar aqueles produtos que não são tão essenciais”, observa.
A expectativa é que as vendas aumentem nos últimos dias antes da Páscoa, uma vez que é comum as pessoas deixarem as compras para a última hora. Segundo Moresco, neste ano, na hora de fazer encomendas de produtos também se priorizou adquirir caixas de bombons e barras de chocolate, que, se não forem comercializadas durante esta época, continuam sendo vendidas ao longo do ano, diferentemente dos ovos. “É a primeira Páscoa em meio à pandemia. Ano passado ainda estava no início. As pessoas não acharam que a situação se manteria por tanto tempo”, comenta.
Chocolates artesanais
Há três anos, Mathieli Daiane Andrezjwski, 35 anos, aposta na produção de chocolates artesanais para vender na Páscoa. Antes disso, ela já havia investido na linha de docinhos tradicionais e, recentemente, também vende salgados. Para cada ano, pensa em sabores novos para os ovos de colher, mas garante que o único que não pode sair do cardápio, que hoje conta com cinco sabores, é o de leite Ninho com Nutella, considerado o carro-chefe de vendas.
Desde o ano passado, ela também passou a ofertar ovos de chocolate fechados, mais utilizados para presentar crianças. No último domingo, 14, ela abriu a temporada de encomendas. Apesar de estar confiante, ela acredita que haverá uma redução nas compras por causa da pandemia. “Talvez na última semana as pessoas procurem mais. Sempre tenho essa esperança”, avalia. Contudo, ela explica que neste ano antecipou o período para os clientes realizarem os pedidos porque precisará se organizar em relação à matéria-prima. “Estão faltando alguns materiais, principalmente embalagens para os ovos de colher.”
Para ela, o Natal e a Páscoa são as datas de maior venda. Ao longo do ano, a comercialização maior acontece em eventos sociais, como 1ª Eucaristia e festas de aniversários. No entanto, no último ano, por causa das medidas de distanciamento social, essas vendas sofreram quedas expressivas. “Vendemos pequenas quantidades apenas para comemorações no núcleo familiar”, conta.
Para divulgar os produtos e efetuar as vendas, Mathieli sempre apostou na utilização das redes sociais, principalmente do Facebook, Instagram e WhatsApp, e as entregas, normalmente, são feitas por ela. Apesar da desmotivação em relação à pandeia, para ela, trabalhar com a produção de doces e salgados é uma realização. “É uma coisa que sinto prazer em fazer. Trabalho para o cliente gostar e retornar para comprar outras vezes”, destaca.
Internet como aliada na venda de artesanato
A artesã Inajara Inês Ellert Pilz, 47 anos, encontrou na internet uma forte aliada para divulgar os produtos que confecciona. De acordo com ela, as encomendas para a Páscoa deste ano estão sendo muito positivas e o uso das redes sociais tem garantido bons resultados.
Durante dois anos, ela apostava na realização de feiras com os produtos na garagem de casa. Normalmente, a atividade era realizada durante o fim de semana. No entanto, desde o ano passado, por causa da pandemia, a ação não foi mais realizada e Inajara decidiu investir no uso do Facebook e do WhatsApp para divulgar os itens e receber encomendas. No último Natal, essa nova estratégia já garantiu bons frutos. “Envio as fotos, tiro dúvidas e faço a negociação. Depois, separo os produtos, todos já embalados, e faço as entregas. No último ano vendi bem mais do que nos outros em que fiz a feira em casa”, avalia.
Como o trabalho artesanal exige muita atenção e cuidado com o acabamento, a produção dos itens iniciou ainda em fevereiro. “Tem peças que levam praticamente um dia para ficarem prontas”, observa. Além disso, a artesã lembra que os itens de decoração precisam ficar prontos antes, para que as pessoas possam enfeitar as casas. Ela também trabalha com uma linha de itens que podem ser usados para presentes e com cestos, muito usados para entregar para as crianças.
Entre os produtos ofertados por Inajara estão panos de prato, almofadas, toalhas de rosto, coelho no palito e cenouras feitas de feltro, em modelos que podem ser usados para decoração e outros para colocar doces ou chocolates dentro. Ela tem itens à pronta-entrega e outros que podem ser feitos sob encomenda. A ideia da artesã é seguir utilizando as redes sociais para divulgar o seu trabalho mesmo quando a pandemia terminar.
Comércio
Por causa da proibição de abertura do comércio em função da bandeira preta que está em vigência em todo Rio Grande do Sul, o comércio também tem apostado na exposição de produtos e negociações de vendas pelas redes sociais. Na loja Pérola Aviamentos, essa tem sido uma estratégia para comercializar os produtos de Páscoa.
A proprietária Alexsandra Inês Bourscheid, 33 anos, explica que tem divulgado fotos dos itens, com valor e informações técnicas para tornar o acesso mais fácil aos clientes. Além disso, quando solicitado, são enviadas imagens e esclarecidas dúvidas pelo WhatsApp. No local, além de ornamentações já prontas, são comercializados matérias-primas para que as pessoas ou artesãos possam confeccionar os enfeites.
“Se abrir as lojas para atendimento presencial, acho que vai ter um aumento nas vendas. Mesmo com as fotos, as pessoas sentem a necessidade de pegar nas mãos os produtos, de ver pessoalmente como é.”
ALEXSANDRA INÊS BOURSCHEID – Comerciante
Alexsandra relata que, no fim de fevereiro, quando a loja ainda estava aberta foi possível ter uma venda mais positiva. “Nessas duas últimas semanas tivemos saída, mas muito pequena para a época”, avalia. Além da divulgação de fotos no Facebook e no Instagram, a empreendedora apostou na exposição dos enfeites na vitrine, como uma forma de facilitar para que, mesmo a distância, quem passar pela rua e se interessar possa ver como é o produto. Todas as compras chegam até o cliente por meio de tele-entrega.
Entre os enfeites de Páscoa comercializados na Pérola Aviamentos estão guirlandas, enfeites de cuia, coelho que funciona como peso de porta, casais de coelhos, capas de térmica e panos de prato. Também são vendidos materiais como tecido, fibras, rendas, fitas de cetim, olhos e focinhos de coelho.