O ano começou com uma pequena queda nos preços dos supermercados, conforme o levantamento feito pela Folha do Mate, na manhã de ontem, 4. No geral, os preços seguem estáveis, sem grande alta ou baixa por produto, mas a queda se dá por poucos centavos mais baratos em alguns itens, como o óleo de soja, que, em dois supermercados, teve queda de cerca de R$ 0,80, no último mês.
No primeiro levantamento realizado em 2021, os 38 itens pesquisados pela Folha do Mate custam, em média, R$ 329,24. Comparado com dezembro, o valor é 1,72% mais barato, pois, no mês passado, o consumidor precisava desembolsar cerca de R$ 335 para comprar os produtos.
Já em comparação com janeiro de 2020, houve um acréscimo de 18,4% na lista de compras. No ano passado, era possível adquirir os mesmos itens com R$ 51,18 a menos, pois o preço médio era cerca de R$ 278,06.
Consumidor
O produtor de tabaco Volnei Luis Kist, 50 anos, percebe que o valor dos produtos nos supermercado está sempre sofrendo aumento, mas como ele produz alguns alimentos na propriedade em Cerro dos Bois, no interior de Venâncio Aires, sente um pouco menos esse aumento. “Vejo que no último ano a carne aumentou muito. Eu compro pouca carne no mercado, porque crio meus próprios bichos. Só assim para conseguir se manter”, observa.
O produtor que sempre vai no mesmo supermercado também comenta que, em comparação com o acréscimo que os produtos de supermercado estão tendo anualmente, o valor do salário mínimo e da valorização do tabaco é pouca. “O pessoal precisa economizar ao máximo e tentar plantar alguns alimentos, assim como o pessoal do interior faz, porque ajuda um pouco a economizar no mercado”, conclui.
Análise
Dos três supermercados pesquisados, dois registraram baixa no valor do óleo de soja, que custava cerca de R$ 8,79, em dezembro, e, neste mês, está por R$ 7,98 e R$ 7,99 respectivamente. O item com maior desigualdade de preço entre os estabelecimentos é o feijão, que no mercado A está por R$ 9,98, no B custa R$7,99 e no C é vendido por R$ 10,29.
Além disso, a diferença do valor total entre os três supermercados também foi maior neste mês, pois o mercado A e B seguem com preço parecido, de R$ 339,42 e R$ 339,82, enquanto a lista de compras no supermercado C custa R$ 308,49.
“Tudo está aumentando e o salário continua baixo”, analisa economista
Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro assinou a medida provisória (MP) que eleva o salário mínimo para R$1,1 mil, um aumento de R$ 55, o que significa 5%. Conforme a economista e professora da Universidade do Vale do Taquari (Univates), Cíntia Agostini, em comparação com o aumento da cesta básica entre janeiro de 2020 e deste ano, que foi 18,4%, o valor do salário mínimo ainda é baixo.
Ela explica que o salário mínimo é parâmetro nacional para o empregador pagar o funcionário e também para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). “É o mínimo calculado para que uma pessoa viva bem, porém, é pouco e nem todo mundo no Brasil ganha isso”, lamenta. Além disso, Cíntia diz que também há um calculo de salário regional e no Rio Grande do Sul (R$ 1.237,15 a R$ 1.567,81). Esse valor não terá aumento neste ano e, nos últimos anos, o reajuste também foi foi baixo. “A inflação está alta, tudo está aumentando e o salário continua baixo”, reflete.
Pandemia
A economista afirma que a questão da inflação está ligada à pandemia de Covid-19, que aumentou o desemprego e diminuiu o poder aquisitivo da população, que está ganhando menos e gastando menos. Ela salienta que muitas pessoas ficaram sem renda fixa, mas também vê que os empresários precisaram fazer cortes para não falirem as empresas, levando consequentemente, a economia a girar menos também. “Conforme o povo ganha, o povo gasta e para que a economia volte a girar mais precisamos de mais dinheiro na mão das pessoas”, avalia.
Além da pandemia, Cíntia comenta que, na região, a estiagem também contribuiu para o aumento de alguns produtos, como o arroz, óleo de soja e outros. “Tudo que refletir para os produtores ou empresários, vai refletir nas prateleiras para o consumidor final”, destaca.
Para esse primeiro semestre, a profissional reconhece que a projeção para a inflação é de continuar alta, mas, no segundo semestre, há expectativa de queda. “A vacina e retomada das atividades da economia são alentos para que a inflação caia e os preços também.”
“O custo de vida aumentou muito nos últimos anos e não houve reajuste salarial para toda essa demanda.”
CÍNTIA AGOSTINI – Economista
Salário mínimo deveria ser R$ 5.005,91
Conforme o levantamento do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômico (Dieese) feito em novembro do ano passado, o salário mínimo no Brasil deveria ser de R$ 5.005,91, pensando em uma família com dois adultos e duas crianças.