Diretor comercial da Multmec, Leandro Pires, e o coordenador do projeto de criação do BioQueima, Itor da Rosa Junior (Foto: Alvaro Pegoraro)
Diretor comercial da Multmec, Leandro Pires, e o coordenador do projeto de criação do BioQueima, Itor da Rosa Junior (Foto: Alvaro Pegoraro)

Praticidade na hora de usar, customização, segurança, inovação e uma fonte de energia térmica sustentável e limpa. É isso que a Multmec, empresa venâncio-airense que tem mais de 30 anos no ramo de manutenção e montagem industrial, se propôs a oferecer ao cliente quando desenvolveu o BioQueima, um queimador a pellets.

Segundo o coordenador do projeto, o engenheiro mecânico, Itor da Rosa Junior, as etapas de pesquisa e desenvolvimento do produto iniciaram em março do ano passado, quando a direção da empresa manifestou a vontade de criar um produto próprio. A partir de análises no cenário nacional e mundial, eles concluíram que seria importante desenvolver um equipamento que gerasse energia térmica de forma eficiente e sem causar danos ao meio ambiente.

No momento, a empresa da Capital do Chimarrão já tem o registro referente à criação do queimador e já encaminhou o requerimento da patente dele. Para desenvolver o BioQueima, a Multmec pesquisou produtos dos principais fabricantes em âmbito mundial e usaram alguns desses modelos como referência para a criação dos primeiros protótipos feitos pela empresa.

Equipamento é formado por uma parte chamada alimentador, onde os pellets são colocados, e a outra denominada queimador (Crédito: Divulgação)

Na prática

Além de pesquisar modelos já existentes, a Multmec decidiu levar os protótipos até potenciais clientes para testar os equipamentos na prática. Segundo Rosa, foram realizados experimentos em vários nichos. Em um primeiro momento, essa atividade foi acompanhada pela empresa e, agora, está na fase final a etapa de testes exaustivos – realizados sem a supervisão de algum representante do empreendimento.

Rosa explica que os queimadores a pellets foram testados em empreendimentos do ramo de hotelaria, fundição, panificação e em propriedades rurais para a secagem de tabaco. Contudo, a aplicação do equipamento pode ser ainda maior. Para o futuro, a empresa pretende expandir a venda para o segmento de secadores de grãos em geral e para academias.

“Foram testes muito bons e importantes para entender e conhecer a aplicação do produto e começar a customizá-lo. Mesmo que a fabricação será realizada em série, queremos oferecer um equipamento que atenda as necessidades do nosso público consumidor. Queremos vender um serviço e não apenas um queimador”, ressalta o coordenador do projeto.

O objetivo da empresa é iniciar a comercialização do BioQueima já em fevereiro. O produto também deve ser apresentado durante a Expoagro Afubra, que ocorre em março, em Rio Pardo. Conforme Rosa, o mercado para esse tipo de produto no Rio Grande do Sul é muito promissor, apesar de ser um serviço relativamente novo no Brasil.

Praticidade e tecnologia como diferenciais

De acordo com o engenheiro mecânico e coordenador do projeto do BioQueima, Itor da Rosa Junior, a Multmec trabalhou de forma intensa para disponibilizar no queimador um sistema de software direcionado especificamente à secagem de tabaco, cultura de extrema importância para Venâncio Aires, que é o terceiro maior produtor na região Sul do Brasil, conforme dados da safra 2021/22.

Para isso, se pensou em uma tecnologia que possibilita que o produtor rural escolha o ciclo conforme a etapa de secagem que ele deseja realizar e o queimador realiza todo o processo sozinho, sem a necessidade de alguém acompanhar ou precisar selecionar as próximas fases.

“Acontece a secagem uniforme das folhas e libera a mão de obra do agricultor, que naquele tempo pode se dedicar a outra tarefa ou mesmo descansar. Visitamos vários produtores de tabaco, em diferentes localidades do município, para realizar esses testes em estufas de vários formatos, desde as mais simples até as que têm várias câmaras”, relata.

Outra vantagem oferecida pelo BioQueima é a inserção na Indústria 4.0. Segundo Rosa, no momento, o queimador já funciona via cabo conectado a outro equipamento eletrônico. A novidade é que a partir de abril será possível operá-lo por meio de um aplicativo, bastando ter o aparelho, como um celular, conectado à internet. “Assim, a pessoa terá acesso aos dados de funcionamento dele de forma remota”, comenta.

Além disso, o engenheiro mecânico salienta que a empresa se preocupou em oferecer um serviço simples de operar e de fácil utilização, com um sistema de segurança muito forte e que garante confiança na hora de usar o queimador. “Ele tem um sistema com vários sensores, que fazem a leitura e análise do ambiente desde o primeiro momento em que ele é ligado. Ou seja, ele só vai funcionar se a situação não oferecer riscos”, destaca.

Rosa também menciona a redução de custos relacionada à utilização do queimador. De acordo com ele, em comparação com o uso do gás e do óleo, a baixa nos gastos varia entre 30% e 50%. Já na lenha, reduz a utilização de mão de obra.

A Multmec tem uma parceria muito forte com outa empresa da Capital do Chimarrão, a Haas Madeiras. “A ideia é realizar um trabalho a quatro mãos. Nós oferecemos queimadores de qualidade e a Haas os pellets. Onde um vender, oferece o produto do outro, e assim abrir mercado”, observa.

Saiba mais

•72 será o número de queimadores a pellets produzidos pela empresa nos dois primeiros lotes pilotos do produto. Serão 22 equipamentos no primeiro e 50 no segundo. Depois, a produção acontecerá em escala.

•7 é o número de protótipos do BioQueima produzidos pela Multmec. Desses, seis estão em circulação para testes e um está na empresa. Ao longo do período de experimentação também há uma rotatividade dos queimadores entre os nichos, ou seja, eles ficaram trocando de lugar.