Com dificuldade de encontrar emprego em Venâncio Aires, a venezuelana Marilliam Isabel Rojas, 32 anos, formada em Administração, decidiu apostar no próprio negócio. Após ter ouvido que, por ter formação superior, não poderia trabalhar em cargos de menos requisitos, há praticamente um mês resolveu comercializar os salgados que gosta de fazer para a família: os tradicionais tequenhos venezuelanos.
Ela explica que o salgadinho é normalmente frito, mas que também pode ser consumido de forma assada. Com massa fina, praticamente de origem italiana, pode ser recheado de diversos sabores. Na Venezuela, os mais comuns são de queijo e banana. Mas, para adaptar o lanche para os gaúchos, Isabel, como prefere ser chamada, inseriu outros diversos sabores, como linguiça, calabresa e, claro, opções doces.
A venezuelana conta que até o momento, os doces estão sendo bem aceitos pelos venâncio-airenses. “Primeiro achei que somente os venezuelanos que estão aqui fariam encomendas, mas não, muitos de Venâncio Aires estão consumindo o tequenho”, comenta. Isabel já providenciou o seu registro de microempreendedora individual (MEI) e fez alguns investimentos, como a compra de uma máquina para esticar a massa. “Já pago meu INSS, também quero poder contribuir na cidade onde vivo”, diz a imigrante.
Ela ressalta que sempre tem tequenhos prontos congelados, mas caso algum cliente deseje um sabor diferenciado dos que ela oferece, deve solicitar dois dias antes. O valor da bandeja de tequenhos é de R$ 20, com 10 unidades nos salgados ou 12 unidades de um sabor doce. Além dos salgadinhos, a Isabel também oferece opções de molho de salsa com alho ou tomate para acompanhar, cada um no valor de R$ 3.
Empreendedorismo
Isabel recorda que chegou em um momento da vida que se viu obrigada a empreender, por mais que também fosse do seu gosto atuar na sua área de formação. “Lá na Venezuela, tínhamos casa própria. Aqui pagamos aluguel, fora as outras despesas”, salienta. Mesmo com mais gastos, a venezuelana fala que não voltaria para o pais natal. “Aqui comemos muito melhor, conseguimos nos sustentar e nos superamos a cada dia”, observa.
“Dificuldades existem em toda parte. Devemos ter atitudes positivas e trabalhar por isso. Aqui o governo ajuda mais, o que é muito importante.”
MARILLIAM ISABEL ROJAS
Empreendedora venezuelana
Família
1 Isabel, seu marido Adrian Alcala, 25 anos, e a filha Emilly, de 1 ano, estão em Venâncio Aires há quatro meses. Mas, no Brasil, a família já está há dois anos e meio e Emilly é natural de Santa Cruz do Sul, onde moraram por algum tempo. A cidade de origem da família é Cabudare, mas eles também já moraram na Colômbia por dois anos.
2 A intenção da família, ao vir para o Brasil, foi buscar uma saúde melhor e, principalmente, dar melhores condições de vida para a filha. Isabel teve um aborto e o atendimento para sua recuperação foi difícil na Venezuela. Por isso, com a ajuda de um programa da Organização das Nações Unidas (ONU) com a igreja da qual participavam, decidiram mudar de país.
3 Hoje, o marido de Isabel já é funcionário efetivo de uma empresa em Santa Cruz do Sul há dois anos e a filha está matriculada em uma escola infantil de Venâncio Aires, com uma vaga ganha através da Defensoria Pública. A família mora em uma apartamento alugado no Centro da cidade.
Encomendas
• Para experimentar essas delícias, interessados podem entrar em contato pelo WhatsApp (51) 98964-5575 e também pelo Instagram @tequenhosdaisa.
Curiosidades
• No dia 21 de outubro, é comemorado o Dia Mundial dos Tequenhos. Eles surgiram em uma cidade venezuelana chamada Los Teques.
• Acredita-se que, inicialmente, se chamavam pãezinhos de queijo. Depois, a partir dos anos 60, passaram a se chamar tequeños, já que é esse o nome dos nativos daquela cidade. Na forma aportuguesada, o salgadinho é nomeado de tequenhos.
• Há uma outra versão que diz que eles surgiram em Villa del Rosario Zulia, na Venezuela, no início do século XX, criados por alguém de origem italiana.
Aulas de espanhol
• Além do seu empreendimento, agora Isabel também é professora de Espanhol, juntamente com a amiga Yerlin Velez. Juntas, as duas montaram um projeto e, desde o dia 8 de novembro, iniciaram turmas com aulas do idioma. “Vamos focar em uma metodologia prática e na conversação”, explica Isabel.
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