O ainda presente cenário de pandemia, a crise política evidenciada em 2022 após uma das eleições mais polarizadas que o Brasil já vivenciou e novas dívidas dentro do orçamento doméstico refletem na economia e seguem trazendo preocupação a muitos setores.
Em meio a incertezas, fato é que as pessoas precisam se alimentar, se vestir e ter seu lazer. Na prática, continuam comprando, consumindo e, dentro das expectativas, pagando suas contas. Mas, nem todas têm conseguido e integram um recorde no Brasil: cerca de 68 milhões estão com dívidas atrasadas ou, como se diz no popular, com o ‘nome sujo na praça’.
Em percentuais, cerca de 40% dos brasileiros adultos têm uma dívida que não conseguem pagar. Na Capital do Chimarrão, a inadimplência é um pouco superior à metade da média nacional e está em 23,7%. O índice de Venâncio Aires também é menor quando comparado ao estado, já que o Rio Grande do Sul tem 28,6% de inadimplência.
Os números foram informados recentemente, através de um estudo da Câmara de Dirigentes e Lojistas (CDL) Porto Alegre e disponibilizado à Câmara do Comércio, Indústria e Serviços de Venâncio Aires (Caciva), que integra a rede de parcerias da CDL. Do total de 56.434 CPFs ativos em Venâncio, 13.375 aparecem com, pelo menos, um indicativo de restrição de crédito, ou seja, tem alguma informação negativa.
Em 2019, por exemplo, antes da pandemia, o percentual era de 19% de inadimplência. Se voltarmos ainda mais no tempo, a média girava em torno de 14%. Mas, segundo a gerente administrativa da Caciva, Lisete Stertz, é preciso considerar que, há cerca de 10 anos, o consumo e as necessidades eram outras. “Aumentaram muito as formas de endividamento, ou seja, dívidas que passaram a fazer parte do orçamento das casas nos últimos anos”, comenta, se referenciando, por exemplo, à internet, planos de celular, TV por assinatura e placas solares. “Hoje em dia, muitas pessoas já têm isso como despesa fixa da casa, o que há alguns anos não era tão comum.”
Inclusão no SCPC
Lisete Stertz explica que, legalmente, se houver atraso, já é possível uma notificação. A inclusão no SCPC acontecerá cerca de 25 dias depois do aviso, caso a pessoa não pague o que é devido. Mas, segundo ela, cada empresa costuma negociar as formas de cobrança diretamente com o cliente, como oferecer prazos de pagamento maiores ou renegociar valores e vencimentos.
Situação essa que ocorre na Afubra de Venâncio Aires. “Assim que identificamos um atraso muito grande, procuramos trazer a pessoa novamente para a loja e renegociar. Tentamos de todas as formas, para evitar o SCPC”, relatou o gerente, Tiago Maracci.
Ainda conforme ele, em 2020 (primeiro ano de pandemia) os índices de inadimplência na Afubra local eram maiores, mas recuaram em 2021 e, neste ano, já se aproximaram do que consideram uma normalidade.
Mais jovens e mais homens
Pela idade, o maior índice de inadimplência em Venâncio compreende pessoas entre 25 e 39 anos – 36,75%, sendo os maiores devedores têm entre 25 e 29 anos – 1.791 pessoas.
Pelo gênero, os homens são os que mais devem atualmente no município. São 44,53% do sexo masculino contra 41,96% de mulheres. Outros 13,51% não informaram o sexo.
Estado
• No Rio Grande do Sul, dos 9.148.493 CPFs ativos, 2.616.154 estão negativados, o que dá 28,6% de inadimplência.
• Assim como em Venâncio, são os jovens entre 25 e 29 anos os maiores devedores – 12,52%.
• Já no gênero, em nível estadual, o sexo feminino aparece na frente. São 44,71% de mulheres contra 43,3% de homens.