Com a bandeira preta em vigor em todo Rio Grande do Sul, pelo menos, até o dia 7 de março, estabelecimentos comerciais de Venâncio Aires apostam nas tele-entregas para garantir as vendas ao longo desta semana. A partir de ajuste no decreto estadual, o comércio não essencial (varejista e atacadista) permite tele-entrega e teleatendimento, com presença de um trabalhador, com máscara, para cada oito metros quadrados de área de circulação. O atendimento na porta está proibido. O pague e leve e drive-thru estão vedados em bandeira preta, pois envolvem atendimento ao público e circulação de pessoas.
Na Eletro Armin, loja que comercializa móveis e eletrodomésticos, os atendimentos estão sendo feitos pelo WhatsApp e via telefone. Pela rede social, o cliente pode receber fotos dos produtos e a loja faz a entrega em casa. “É a maneira que temos para garantir as vendas nesta semana”, destaca a gerente Roberta Fischer. Segundo ela, a loja também está orientando os clientes a efetuarem de forma digital os pagamentos das prestações, enviando os dados da conta bancária ou chave do PIX, para que sejam feitas as transferências. “A bandeira preta, infelizmente, é bem na primeira semana do mês, em datas que habitualmente vencem as prestações”, lamenta.
Na Casa Lopes, loja que comercializa calçados e acessórios, o atendimento também ocorre de portas fechadas, como exige o decreto, mas com vendas on-line e a tele-entrega. “Oferecemos tele-entrega grátis para compras acima de R$ 50. Além das redes sociais da loja, disponibilizamos os contatos de nossas vendedoras”, explica a responsável pelas redes sociais da loja, Natália Renz.
“Comércio está descontente”
Apesar da brecha que o Governo do Estado abriu, de última hora, permitindo que comércios considerados não essenciais façam tele-entrega, o sentimento ainda é de descontentamento por parte dos lojistas de alguns segmentos. Segundo o empresário e vice-presidente da Câmara do Comércio, Indústria e Serviços de Venâncio Aires (Caciva), Airton Bade, o decreto do Estado é injusto. “Entendemos a gravidade da pandemia e preocupados todos estão. Só não concordamos com o regramento, que permite que uma indústria funcione com centenas de funcionários, enquanto o comércio não pode funcionar”, lamenta.
Sobre as tele-entregas, Bade observa que o serviço não é eficiente para todos os setores, como é o caso do vestuário, onde o cliente faz questão de provar as peças. Além disso, manifesta preocupação com o período do mês, tradicional para pagamento das contas. “Precisamos receber para pagar os funcionários, pagar os impostos.”
“A gente precisa das portas abertas”
Segundo o empresário e proprietário da Casa Lopes, Heitor Lopes, embora a tele-entrega seja uma possibilidade para atender os clientes, o sistema não representa uma venda expressiva. “Não é uma venda que nos permite manter um funcionário, muito menos uma loja inteira. A gente precisa das portas abertas”, apela.
No seu ponto de vista, os períodos de eleições, das festas de fim de ano e de férias levaram a esse momento da pandemia. “Os governadores não tiveram pulso firme para administrar isso e agora estão cobrando e fechando o comércio novamente”, opina o empresário, que considera o decreto estadual injusto. “Somente certos ramos não podem abrir, como calçados, roupas, móveis, salão de beleza e cabeleireiro. O resto está aberto. É uma injustiça muito grande o que estão fazendo com a gente.”
“Não temos mais fôlego, não temos mais caixa, não temos mais auxílio. Estamos há um ano trabalhando no vermelho e do jeito que está vai quebrar todo mundo. Chega um patamar que você precisa desistir do teu sonho, da tua empresa, por causa do governo. Mas, estamos lutando para sobreviver, manter os empregos e os funcionários, que têm suas famílias para sustentar.”
HEITOR LOPES – Empresário
Fiscalização no comércio
Com quatro equipes de fiscalização nas ruas, mais de 60 estabelecimentos comerciais foram abordados ao longo desta segunda-feira, 1º, em Venâncio Aires. Segundo o coordenador da Vigilância Sanitária, Gabriel Alves, diversos estabelecimentos que não podiam estar abertos para atendimento presencial na bandeira preta estavam atuando de forma irregular e foram notificados e orientados. “Iremos manter vigilância nestes estabelecimentos e outros que forem necessários ao longo desta semana”, frisa.
Sistema de tele-entrega e teleatendimento estão em alta nos supermercados
Por Taiane Kussler

Autorizados a funcionar durante a bandeira preta, por serem considerados serviços essenciais, supermercados de Venâncio Aires aderem ao sistema tele-entrega e teleatendimento para evitar a circulação de pessoas e a disseminação do coronavírus.
De acordo com a gerente do Supermercado Frey, Sandra Quadros, a empresa sempre contou com esta opção mas, nos últimos meses, houve um aumento na procura pelos serviços. “Fazemos o possível para entregar as compras no mesmo dia e facilitamos o pagamento da entrega, que pode ser realizado em dinheiro ou no cartão”, explica Sandra, que trabalha há 20 anos na empresa.
Além da agilidade na entrega dos produtos, ela destaca que o Supermercado Frey criou um grupo no WhatsApp para enviar as ofertas do dia aos clientes, com o objetivo de trazer segurança e mais comodidade. “Aceitamos os pedidos pelo WhatsApp para facilitar as compras”, afirma.
No último mês, a empresa realizou cerca de 10 tele-entregas, por semana. O Supermercado Frey, no bairro Macedo, conta com dois motoristas para realizar a entrega dos produtos. Sandra adianta que a empresa já está providenciando um aplicativo para agilizar as compras dos clientes.