A economia apesar de não ser tão popularizada e pouco difundida nas mídias e nas escolas, ela faz parte integral da nossa vida. Qualquer coisa que acontece no cenário político, da saúde ou qualquer outro contexto mundial irá afetar nossa vida econômica de alguma forma.
Em contrapartida, muito se fala sobre a alta do dólar no mundo, por meio dos canais midiáticos, internet e até mesmo roda de amigos. Mas você sabe de que forma isso afeta a economia? A maioria da população não sabe, e isso inclui também os pequenos empreendedores que não entendem por completo o impacto do dólar nos seus negócios.
Quando o dólar sobe, ficamos mais pobres internacionalmente, e isso significa que os produtos passam a custar mais caro para nós brasileiros. Quanto maior o valor do dólar, menor o nosso poder de compra.
Informações como essas nem sempre chegam de forma clara para todos. Apesar de a alta do dólar impactar a vida de todos os cidadãos comuns, em vários aspectos, são as empresas que mais sofrem com os reajustes dessa moeda.
Desde as grandes empresas até os micro empreendimentos são impactados de alguma forma pela alta do dólar. A dimensão desse impacto está atrelado a um conjunto de fatores e quais os segmentos que estão inseridos essas empresas.
Quer entender melhor como tudo isso funciona? Neste artigo iremos mostrar os impactos negativos e positivos da alta do dólar para as empresas, os aspectos econômicos que envolvem esses reajustes e quais são os segmentos mais afetados com o aumento da moeda.
Como funciona a cotação do dólar
O preço do dólar é definido por uma combinação de diversos fatores. O principal influenciador para a taxa de câmbio de qualquer país é determinada pela diferença entre oferta e demanda pela moeda.
A quantidade de pessoas comprando reais e vendendo dólares ou comprando dólares e vendendo reais todos os dias é o que irá determinar o aumento ou baixa do dólar.
Esse processo é conhecido como fluxo comercial e é composto por vários fatores, entre os mais importantes podemos citar as importações e exportações, as transações financeiras e as transações de reservas.
Se há maior disponibilidade, o preço costuma cair, se há maior procura e pessoas comprando, o preço tende a aumentar. O saldo da balança comercial mostra qual foi o fluxo comercial que houve naquele período.
A oferta aumenta em períodos que o Brasil exporta mais do que importa e tem superávit na balança comercial. Quando acontece o contrário, chamamos de déficit comercial.
Economia instável
Você já deve ter ouvido de forma recorrente sobre a crise econômica e economia instável por todos os lados. Já parou para pensar no que significa isso?
Com a pandemia do coronavírus em 2020 a situação econômica mundial sofreu crise de instabilidade que causou danos imensuráveis a grande parte dos investidores e empreendedores.
No Brasil, essa instabilidade econômica perdura até os dias de hoje, juntamente com a alta do dólar e a desvalorização da moeda. Muito além da pandemia, existem outros fatores que influenciaram para nosso cenário econômico atual e foram pouco debatidos.
Anos eleitorais: os gastos governamentais excessivos em anos eleitorais é um micro fator que está envolvido na alta do dólar este ano. Isso acontece porque em anos em que ocorrem eleições nos Estados Unidos, o governo gasta valores elevados para manter a economia do país aquecida.
Junto a isso, acontece um déficit nas contas nacionais levando a uma maior necessidade de contenção de gastos futuros e aumento nos impostos e tarifas. Tudo isso resulta no que vivenciamos hoje, com as eleições nos Estados Unidos.
Polêmicas políticas: Quando pensamos no mercado financeiro, é importante lembrar que há uma grande parcela de investidores estrangeiros colocando seu dinheiro no país.
Quando há algum escândalo político, na maioria das vezes ligados à corrupção, o país fica automaticamente atrelado a uma imagem negativa lá fora. Isso causa insegurança nos investidores que preferem retirar seu dinheiro do país.
Quais empresas lucram com a alta do dólar?
No mundo globalizado em que vivemos, os setores de commodities são os mais influenciados pelo reajuste do dólar e os que mais sofrem com o aumento da moeda. Além deles, estão os setores de exportação e importação que também sofrem com esses reajustes.
Você sabe o que são as famosas commodities? Traduzido do inglês, o termo significa “mercadorias” e são basicamente produtos que funcionam como matéria prima, produzidos em larga escala e podem ser estocados.
Dentre as commodities do Brasil temos o petróleo, sucos de laranja, café, soja e vários outros. Todas as empresas que estão relacionadas a esses produtos sofrem diretamente os impactos da alta do dólar.
Mas quais são as empresas que mais se beneficiam com a alta do dólar? As empresas exportadoras são as que mais respondem positivamente pelo aumento da moeda. Isso porque são empresas que recebem em dólar, sendo assim, quanto maior o valor da taxa de câmbio maior será o lucro dos produtos.
Por outro lado, há diversos fatores somados ao lucro final das empresas. Para sabermos qual a dimensão dos impactos do dólar nas empresas e quais empreendimentos de fato se beneficiam com a alta do dólar, é necessário analisar as receitas da empresa e os custos atrelados a essa moeda.
Empresas que têm mais receitas atreladas ao dólar do que os custos são as que se beneficiam diariamente com a alta do dólar. Já as empresas que têm mais custos ligados à alta do dólar serão as grandes prejudicadas.
Você deve estar se perguntando então: como analisar esse conteúdo? Felizmente têm muitas pessoas na internet que analisam os demonstrativos das empresas e conseguem ver se há impactos positivos ou negativos em cada uma delas.
Há alguns segmentos de empresas que se beneficiam sempre com a alta do dólar, a primeira são as empresas de celulose, visto que o Brasil é o segundo maior exportador de celulose do mundo.
As empresas no setor de metalurgia e siderurgia também são outros exemplos de grandes exportadoras no Brasil. Várias empresas desse setor sofrem impactos positivos com a alta do dólar, a maior delas é empresa Vale, dado que 1% de aumento do dólar equivale a 0,4% no Ebit da Vale.
Ebit é a sigla “Earning Before Interest and Takes” que traduzida para o português significa lucro antes dos juros e tributos. O Ebit mostra apenas o lucro operacional das empresas, fora os gastos com impostos e receitas financeiras.
Outro tipo de empresas influenciadas positivamente são os frigoríficos, que possuem grande potencial de exportação e têm maior parte de suas receitas atreladas ao dólar. Além disso, esse ganho operacional se reflete nas ações, visto que há um aumento no número de investidores.
Na parte de tecnologia e internet, empresas nacionais que fornecem serviços de hospedagem de sites também foram beneficiadas com a alta do dólar, devido ao aumento da moeda várias pessoas abandonaram os serviços de hospedagem de sites que são de outros países e deram preferência à hospedagem de sites nacional.
Empresas prejudicadas com a alta do dólar
Empresas que têm grande parte dos custos ligados ao dólar terão maiores dificuldades com o aumento da moeda. No setor farmacêutico por exemplo, o impacto econômico para a empresa será enorme, tendo em vista que 95% da sua matéria-prima utilizada nos medicamentos é importada.
As companhias aéreas também estão na lista de empresas prejudicadas com a alta do dólar, visto que metade dos seus custos estão ligados à moeda e mais de 40% das dívidas estão sujeitas a variação da taxa de câmbio. Isso significa que quanto maior a oscilação da moeda americana maior dificuldade da empresa em estabilizar as finanças.
A Gol é um exemplo das empresas que mais saíram prejudicadas com a alta do dólar. Apesar de obter uma parcela pequena de sua receita no dólar, grande parte dos seus custos são também em dólar, atrelados à compra de combustível.
Além de prejudicar as empresas que possuem custos atrelados ao dólar, esse reajuste da moeda representa maiores gastos para empresas que realizam transações na moeda.
A área de tecnologia da informação das empresas também foi atingida com esse aumento, visto que muitas soluções, softwares e até mesmo serviços utilizados pelas corporações vêm de fora do país e possuem valor em dólar.
Conclusão
Apesar de várias empresas se beneficiarem com o aumento do dólar, o grande saldo dessa disparada da moeda foi justamente o endividamento de muitas empresas. Grande parte dos empreendedores estão inseguros quanto ao cenário financeiro atual e às previsões futuras nada animadoras.
Segundo dados do banco central de maio de 2020, a dívida total das empresas estava em 2,846 trilhões de reais. Em compensação, várias empresas estão se reinventando no mercado e buscando alternativas para enfrentar a crise econômica atual.
O aumento do dólar deixa sua marca em todos os âmbitos econômicos do país, desde as micros e pequenas empresas, grandes empresas, investidores e até mesmo o cidadão comum que é o maior consumidor do país.
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