O beneficiamento nas indústrias de tabaco já ocorre desde janeiro, mas é para abril que a Federação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias do Fumo e Afins (Fentifumo) estima que o quadro de contratações temporárias esteja completo.
Atualmente, são cerca de 40% já trabalhando de um total que pode chegar a 13 mil safreiros na região de Venâncio Aires. “Temos uma expectativa de aumentar em até 10% o número de contratações em relação a 2021. Mas esse aumento é relativo, já que ano passado houve uma queda de 9%. Então estamos dizendo que essa será a safra da retomada do que tínhamos antes da pandemia”, destacou o presidente do Fentifumo, Gualter Baptista Júnior.
Conforme ele, o que também faz essa safra ser ‘especial’ é a qualidade do tabaco. “É uma safra que tem um produto de bastante qualidade e que será mais curta, porque não tem tanto tabaco assim. Por isso as empresas aceleraram as contratações e estão fazendo já o primeiro contrato mais longo, até para garantir aquela mão de obra experiente.”
Nesse sentido, Baptista explica que muitos trabalhadores mais velhos, com várias safras na carteira de trabalho, foram reconvocados após o afastamento devido à Covid na temporadas anteriores. “A pandemia provocou uma perda de expertise, porque muitos safreiros que conheciam os processos e cultura empresarial, precisaram ficar afastados. Agora com a vacina e a expectativa de retomada dos setores, tanto indústria como trabalhador se sentem mais seguros para voltar.”
Embarques
Outro ponto percebido dentro das indústrias diz respeito à retomada dos embarques para o exterior. O presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), Iro Schünke, destaca que, em janeiro de 2022, já saíram dos portos brasileiros 71 mil toneladas. No mesmo período de 2021, apenas 41 mil toneladas foram embarcadas. “Durante o 2º semestre do ano passado, houve muitas dificuldades e as indústrias acabaram ficando com estoque em seus armazéns. Isso não é bom. O produto não chega no cliente e os armazéns ficam ocupados com tabaco já vendido.”
Schünke explica que essa dificuldade não tem, necessariamente, uma relação com a pandemia, mas porque na logística de navios é comum os embarques e desembarques ocorrerem primeiros nos maiores portos, como em Santos, por exemplo.
O presidente do SindiTabaco destaca ainda que o embarque de janeiro foi o melhor desde 2015. Os principais destinos do tabaco brasileiro são a Europa (chegando pela Bélgica) e China.