A economia do país passa por dificuldades, por conta da pandemia de coronavírus, que já resulta em dificuldades financeiras e desemprego, em algumas categorias. A previsão é de que, neste ano, o dissídio – reajuste salarial anual – também sofra os reflexos desse cenário e seja menor do que em anos anteriores. Em Venâncio Aires, a maioria das negociação está em andamento ou parada.
O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil e do Mobiliário de Venâncio Aires fez a convenção anual, porém, sem aumento salarial. O presidente Jandir da Silva explica que, em função da pandemia, foram validadas as cláusulas da última convenção, contudo, esse documento vence em julho e, para novas negociações, estão sendo feitas reuniões on-line. “Prorrogamos o acordo por três meses, agora estou tentando, mas é um momento difícil para todos”, observa.
Ele acredita que será um reajuste pequeno neste ano. “Recebemos propostas, aumento de 2,3% a partir de outubro, mas é muito pouco, queremos aumentar esse número, por isso já encaminhamos uma contraproposta”, observa o presidente do sindicato, que tem cerca de 900 associados.
Para se adequar à realidade do momento, o sindicato realizou eleições em maio, via WhatsApp, e elegeu a diretoria 2020/2023 com participação dos associados. “A internet é uma ferramenta que nos ajuda a fazer reuniões e agilizar as negociações em geral”, considera Silva.
METALÚRGICOS
Para os metalúrgicos, a convenção coletiva passou a valer, em maio, mas sem ajuste salarial. “Adiamos para novembro, por conta da pandemia, mas fizemos a convenção coletiva para continuar garantindo os direitos dos trabalhadores”, destaca o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Venâncio Aires, Adolfo Celoni da Rosa. Ele reconhece que, neste ano, o reajuste será baixo, mas afirma que irá acontecer. “Já foi um ganho para nós conseguir manter a convenção”, observa o presidente da entidade, que tem cerca de 1,2 mil associados.
Dificuldade de fazer assembleias dificulta negociações
O Sindicato dos Comerciários de Santa Cruz do Sul e região, que abrange os profissionais de Venâncio Aires, está em atraso com a negociação. Conforme o vice-presidente Marcos Roberto Ferreira de Azeredo, o reajuste da categoria normalmente ocorre em maio, porém, neste ano, ainda não aconteceu. Ele explica que essa dificuldade de firmar um acordo é consequência de não conseguir fazer assembleias com os trabalhadores.
A expectativa é de conseguir para os mil associados, pelo menos, o mesmo que for colocado como média para a região. “Estamos aguardado respostas e contrapropostas para tomar decisões, mas não vamos aceitar menos que o piso regional”, adianta. A entidade tem utilizado o Facebook para votação das cláusulas da convenção coletiva.
No Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Fumo, Alimentação e afins de Venâncio Aires, o presidente Rogério Borges Siqueira, explica que a convenção foi protelada até o fim do ano, pois como não podem realizar assembleias, os acordos não serão firmados.
“Os contratos antigos valem por mais alguns meses.” Siqueira ressalta que não tem projeção da porcentagem que será o próximo aumento salarial. A data-base da categoria, que abrange milhares de trabalhadores da indústria do tabaco, seria neste mês.
Calçado e Vestuário tem data-base em agosto
Com cerca de 700 associados, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Calçados e Vestuários de Venâncio Aires e Mato Leitão João, tem data-base para o reajuste salarial em agosto. Por isso, o presidente Émerson Dutra de Campos observa que o sindicato não está em atraso, mas já observa dificuldades na negociação. Ele expõe que, em 2019, já foi complicado chegar no acordo de aumento, mas que o sindicato já está realizando reuniões on-line para agilizar neste ano. “Tentaremos manter o mínimo, que é o que já temos.”
Reajuste salarial x aumento nos preços
Uma das categorias que já teve o reajuste definido, em Venâncio Aires, foi a dos funcionários públicos. O reajuste de 2,5% e a majoração de 50% no vale-alimentação da categoria foram aprovados no início de maio, para servidores do Município e da Câmara de Vereadores.
O índice fica na mesma margem dos 2,3% propostos para o Sindicato da Construção Civil – que segue em negociação. O percentual é quase metade do acréscimo de 4,62% registrado na lista de compras, nos supermercados, nos últimos seis meses, conforme levantamento mensal realizado pela Folha do Mate.