Divulgados em agosto pelo Ministério da Educação (MEC), os novos dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), principal indicador de qualidade do ensino do país, trouxeram boas notícias para Venâncio Aires, com o avanço nos anos iniciais e finais do Ensino Fundamental. No entanto, a queda, entre 2021 e 2023, de 4,8 para 4,6 na estatística referente ao Ensino Médio pode significar um alerta para escolas e administrações municipal e estadual.
Mesmo com os números abaixo, a estatística é considerada dentro da projeção pela 6ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE). Segundo o coordenador Luiz Ricardo Pinho de Moura, a Capital Nacional do Chimarrão tem dados acima das médias estadual e nacional. “Na realidade, não consideramos ruins, mas sabemos que o Ensino Médio ainda tem problemas consideráveis”, afirma.
A CRE considera como positivo, além do Ideb, a classificação do estado em proficiência – que é o domínio em um determinado campo, capacidade ou habilitação -, sendo o quarto melhor do país. Pinho de Moura enfatiza que o que ‘puxa’ a média para baixo são as reprovações. “Trabalhamos para diminuir essa ‘cultura’ da reprovação, desenvolver as capacidades, competências e habilidades dos estudantes”, acrescenta o coordenador. Além disso, ele avalia o Ideb como o GPS da educação, definindo os rumos para cada município, estado e país. “O dia da prova não pode ser um dia qualquer, este é um indicador importante e que precisa de maior comprometimento dos alunos também.”
Jubal em destaque
Entre as quatro escolas de Venâncio que participaram da pesquisa, a Escola Estadual de Ensino Médio (EEEM) Sebastião Jubal Junqueira, de Vila Deodoro, foi a melhor ranqueada, com coeficiente de 5,2, crescimento de 0,7 em relação à pesquisa anterior. Conforme a diretora do educandário, Eara Luisa Luft Henckes, o Ensino Médio passa por mudanças frequentes no currículo, mas a escola (equipe diretiva e professores) busca desenvolver atividades de aprendizagem significativas.
“Também buscamos dialogar com os alunos sobre a importância das provas externas e os índices que delas decorrem, dando também visibilidade à escola”, destaca. Além disso, segundo ela, são desenvolvidas aulas invertidas (turno oposto), projetos interdisciplinares, experimentos investigativos e outros. “Acredito que houve um esforço conjunto de conscientização, pesquisa e ação”, acrescenta.
A diretora aponta que o novo Ensino Médio foca no protagonismo dos estudantes no desenvolvimento das atividades, em função da escolha da trilha que deseja cursar. Ainda que acredite que o novo formato esteja sendo implementado de forma lenta, Eara afirma que é possível observar o interesse dos alunos. “No entanto, um dos desafios é o turno integral, que ainda tem uma residência dos jovens da região”, diz.
Outra preocupação da escola é proporcionar atividades que preparem os alunos para o mundo do trabalho. “Muitas dessas atividades são desenvolvidas através de projetos em parcerias, como a Haas Madeiras [projeto Haas Educação], Senai [Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial], Sicredi (Cooperativa Escolar Mar dos Sonhos), participação em feira de cursos, entre outras.”
“Os dados nos dão a ideia real ou aproximada do desenvolvimento do aluno, identificando também os pontos que merecem maior atenção para serem trabalhados pela escola. Portanto, torna-se mais assertivo elencar os problemas e focar na solução para melhorar a aprendizagem.”
EARA LUISA LUFT HENCKES
Diretora da Escola Sebastião Jubal Junqueira
As provas do Ideb são aplicadas em turmas com 10 ou mais alunos e com determinada taxa de presentes no dia da avaliação. O responsável pela 6ª CRE, Luiz Ricardo Pinho de Moura, explica que, por conta do percentual de presença, é que alguns educandários de Venâncio qualificados para a prova não tiveram a aplicação em 2023.
‘Novíssimo’ Ensino Médio
• O Novo Ensino Médio é uma reforma na educação que foi instituída pela Lei nº 14.945/2024, de 31 de julho de 2024. A implementação será gradual, começando em 2025 para os estudantes do 1º Ano e assim por diante nos anos seguintes. No Rio Grande do Sul, é chamado de Ensino Médio Gaúcho (EMG).
• Conforme o coordenador Luiz Ricardo Pinho de Moura, este é chamado internamente de ‘novíssimo’ Ensino Médio, por ter alterações com relação ao Novo Ensino Médio, já implementado gradualmente. “Estamos, agora, trabalhando em nível de Seduc [Secretaria Estadual de Educação] e, nas próximas semanas, iniciaremos as conversas com as escolas para repassar as mudanças”, pontua.
• Entre as alterações está o aumento da carga horária mínima de 2,4 mil horas para 3 mil horas; a possibilidade de os jovens optarem por uma formação profissional ou técnica durante o Ensino Médio; e a certificação dos alunos no Ensino Médio e nos cursos técnicos profissionalizantes escolhidos.