“Mãe, é hoje mesmo?” A pergunta do Mathias foi feita algumas vezes durante a última segunda-feira, 30, ainda não acreditando que a formatura na escolinha seria naquele dia.
A dúvida tinha sentido, porque até então estava tudo programado para a sexta-feira, 4. Mas, com o anúncio do Estado proibindo eventos por duas semanas, o jeito foi aproveitar o último dia possível antes da suspensão. Assim, tudo aconteceu de segunda para segunda.
“Quando soubemos da confirmação da bandeira vermelha e que a partir de terça tudo estaria suspenso, decidimos. Foi tudo muito rápido. Contatamos os pais, confirmamos com o local da festa e a formatura foi naquela noite”, relata Daiane Nunes, diretora do Centro de Assistência Social de Venâncio Aires (Casva).
A correria foi para garantir a formatura de 18 alunos da turma do pré-B do Casva, a última da Educação Infantil antes de ingressarem no Ensino Fundamental. Com direito a capelo, toga, canudo e uma solenidade semelhante aos eventos de cursos superiores, 12 meninos e seis meninas tiveram o seu momento. “Desde que sou professora, vejo esse momento para as crianças como algo muito importante. Elas nunca irão esquecer, porque será uma lembrança de um fechamento de ciclo, de tantos que eles ainda terão na vida”, destacou Daiane.
Alternativa
O dia 4 de dezembro estava agendado há muito tempo. Mas, com o avanço da pandemia, antes de organizar uma formatura ‘tradicional’, havia outra alternativa. Caso os eventos não tivessem sido liberados parcialmente nos últimos meses, haveria uma solenidade on-line, feita na escola mesmo, ou ainda no modelo drive-thru. Devido ao espaço da escola ser pequeno, uma família sugeriu alugar uma casa de festas infantis. Não só sugeriu, mas se ofereceu para pagar tudo.
Emoção com as vovós
O menino citado no início, incrédulo com a antecipação da formatura, é Mathias Kappel, de 6 anos. Aluno do Casva desde os seis meses, o encerramento da última turma era muito esperado por ele. “Ele estava muito ansioso e feliz”, conta a mãe, Paula da Costa.
Na segunda, Paula e o pai de Mathias, Marcelo Kappel, estavam trabalhando durante o dia e não puderam levar o filho para o ensaio, às 15h. A tarefa coube à avó Lourdes, que estava com o menino naquela tarde. Tudo para que as coisas saíssem ‘nos conformes’. “E deu tudo certo. Foi muito lindo, todos choraram, foi emocionante mesmo, para nós e para as vovós”, relata Paula.
Com as restrições de público ainda vigentes naquele dia, a determinação era que cada criança poderia ter apenas quatro convidados. No caso do Mathias, além dos pais, a emoção foi proporcionada às vovós Lourdes e Maristela, as fiéis escudeiras do neto e que cuidaram dele enquanto a escola esteve fechada durante a pandemia.
