Covid-19: tempo de afastamento para crianças gera dúvidas e reclamações

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As aulas nas Escolas Municipais de Educação Infantil (Emeis) de Venâncio Aires foram retomadas há poucos dias, mas, em algumas delas, houve turmas que já precisaram ficar novamente em casa. Isso porque crianças e profissionais positivaram para a Covid-19 (situação já corriqueira em meio à pandemia) e precisam ficar afastadas. O mesmo vem acontecendo da rede privada, onde muitas escolas de educação infantil retomaram as atividades ainda em janeiro.

O problema é que para essas situações existe um protocolo específico do Estado que determina prazos de isolamento diferentes de outros trabalhadores e de outras empresas, por exemplo. De acordo com a nota informativa publicada no dia 31 de janeiro pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde, a partir de um caso confirmado de Covid na sala, deverão ser suspensas as atividades presenciais de toda a turma, pelo período de 10 dias, a contar do último dia de comparecimento do caso confirmado à aula. O mesmo vale para professores que atendam à educação infantil e que confirmarem diagnóstico, para que haja o afastamento de toda a turma por 10 dias.

Com as aulas suspensas na turma devido a um caso de Covid, Murilo tem ficado aos cuidados da avó (Foto: Arquivo pessoal)

“Por que é sempre com a educação infantil?” O questionamento é da educadora física, Joice Fortes, 33 anos. Há poucos dias, o filho dela, Murilo, de 1 ano e 9 meses, ficou sem aula porque um coleguinha positivou para a Covid. “Se tem 15 numa sala e a cada período um ficar doente, vai ser um ano todo assim. Gera muito transtorno para as crianças, porque para os pequenos é sempre tudo novo de novo, sempre uma adaptação nova.”

Para Joice, sem casos graves ou aumento de hospitalizações de crianças, o certo seria rever os protocolos. “Se tivessem casos graves, claro que a gente entenderia o afastamento. Mas não tem ocorrido, por isso bastaria afastar apenas a criança ou o profissional infectado e não a turma toda. Ainda mais que as escolas sempre seguiram todos os cuidados.”

Murilo estuda em uma Emei e a turma dele ficará afastada até a próxima segunda-feira, 21. Nesse período, o menino fica aos cuidados da avó materna, Nelcí. “Eu tenho minha mãe, que é aposentada e pode cuidar dele. Mas e os pais que precisam trabalhar e não têm onde deixar os filhos?”

Joice questiona ainda o porquê de outras atividades estarem acontecendo. “Eventos foram liberados, mas não é esse o problema, porque sou a favor que tudo volte à sua rotina. A questão são os protocolos onde a primeira coisa que fecha são as escolas. Acho que o Município poderia ter liberdade de fazer a próprias regras.”

14 para 10

A normativa anterior determinava que o afastamento deveria ser de duas semanas, tempo que baixou para 10 dias. Segundo Carla Lili Müller, coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Venâncio Aires, o prazo considera o desenvolvimento de sintomas. “Esse é o tempo que a pessoa (ou criança) pode desenvolver os sintomas da doença. Ou até a forma assintomática e transmitir sem estar aparentemente doente.”

Adaptação

Em meio às incertezas e reclamações de pais, os profissionais de educação também precisam se adaptar. Na escola Meu Cantinho, que iniciou o ano letivo dia 12 de janeiro, também já foi necessário suspender aulas de turmas.

“A expectativa era de um ano recheado de novidades pedagógicas, com a colônia de férias e outras atividades. Mas a educação segue passando por um momento de adequação por causa da pandemia e o afastamento e cumprimento de protocolos é necessário para outras pessoas ficarem em alerta com o vírus”, avaliou a diretora, Roselaine Silveira da Rosa.

Considerando que novas situações vão acontecer ao longo do ano, a profissional explica que a escola já tem se preparado para não ter prejuízos no aprendizado dos pequenos. “Já colocamos em ação, com materiais de apoio para potencializar o aprendizado. Mas o mais importante é a saúde, por isso os protocolos fazem a diferença. A escola deve ser um lugar seguro para as crianças.”

Condutas

• De acordo com normativa estadual, na Educação Infantil, a partir de um caso confirmado de Covid-19 na sala, deverão ser suspensas as atividades presenciais de toda a turma, pelo período de 10 dias, a contar do último dia de comparecimento do caso confirmado à aula.

• Para criança assintomática e contato próximo domiciliar de caso confirmado, ela deverá permanecer em isolamento domiciliar por 10 dias a partir do início de sintomas do caso índice, permanecendo a turma em atividade presencial.

• Para o Ensino Fundamental e Médio, os alunos deverão utilizar máscaras, conforme orientação da faixa etária. A partir de um caso confirmado na sala, afastar aqueles que se enquadrem na definição de contato próximo (sem uso de máscara) por até 10 dias, podendo retornar no 7º dia se assintomático e com teste não reagente realizado no mínimo no 5º dia após o contato.

• Os casos confirmados por testes deverão ficar afastados pelo período de 7 dias (status vacinal atualizado) a 10 dias (status vacinal incompleto ou não vacinado) a contar da coleta do exame ou do início dos sintomas.

• Em caso de aluno assintomático e contato próximo domiciliar de caso confirmado, deverá permanecer em isolamento domiciliar por 10 dias, a contar da data de início dos sintomas do contato com o caso índice, permanecendo a turma em atividade presencial.

Emeis estão com 14 turmas afastadas

Desde o retorno das Emeis, em 3 de fevereiro, 20 alunos entre 0 e 3 anos e 22 profissionais (entre professores, monitores e atendentes) já positivaram para a Covid. Até agora, 23 turmas tiveram as aulas suspensas, mas nove já voltaram desde a última terça, 15, e outra retorna amanhã, 18. “Os números variam bastante e muitas turmas já voltaram. Felizmente não são situações graves”, destacou a coordenadora da Educação Infantil do Município, Flávia Kieling.

Flávia comentou ainda que muitas pais têm questionado o afastamento da turma toda. “Dúvidas nos chegam, mas é importante destacar que precisamos seguir a normativa do Estado e esse prazo leva em consideração alguns fatores. As crianças pequenas não estão vacinadas e não precisam usar máscara, por exemplo. Estão mais expostas, então esses dias é pelo período de incubação do vírus.”

Sobre uma possível necessidade de repensar o cronograma de ensino, Flávia disse que isso será organizado nos próximos dias. “A contagem dos dias letivos começa nesta quinta, 17. Então vamos definir isso em breve, para que, caso continuem os afastamentos, não haja prejuízos no aprendizado das crianças.”



Débora Kist

Débora Kist

Formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) em 2013. Trabalhou como produtora executiva e jornalista na Rádio Terra FM entre 2008 e 2017. Jornalista no jornal Folha do Mate desde 2018 e atualmente também integra a equipe do programa jornalístico Terra em Uma Hora, veiculado de segunda a sexta, das 12h às 13h, na Terra FM.

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