Ato dos professores foi realizado em frente à Assembleia Legislativa nesta terça-feira (Foto: Caco Argemi/Divulgação)
Ato dos professores foi realizado em frente à Assembleia Legislativa nesta terça-feira (Foto: Caco Argemi/Divulgação)

Por Débora Kist e Cristiano Wildner

A mobilização do CPERS/Sindicato deve continuar no Rio Grande do Sul. Durante esta terça-feira, 26, uma assembleia dos professores estaduais levou milhares para o centro de Porto Alegre, protestando contra o pacote do governador Eduardo Leite.

Na assembleia, o sindicato afirmou estar disposto a dialogar com o governador e colocou como condição de negociação a retirada do pacote na Assembleia Legislativa. Além disso, os trabalhadores aprovaram um calendário de mobilização da greve, com o intuito de intensificar atos e manifestações.

Segundo a professora e diretora do 18º núcleo do Cpers/Sindicato, Marione Drebel, foi uma assembleia histórica. “No dia de hoje, 85% das escolas estavam paralisadas no Rio Grande do Sul. De Venâncio, 110 pessoas participaram, entre professores e funcionários.”

Marione confirmou ainda que a mobilização do Cpers seguirá. “Ficou acertado que a greve apenas será encerrada quando o Governo retirar todos os projetos que afetam o plano de carreira.”

Marione representou a categoria e usou a tribuna livre da Câmara de Vereadores (Foto: Cristiano Wildner/Folha do Mate)

Na noite de segunda-feira, 25, durante uso da tribuna libre na sessão da Câmara de Vereadores de Venâncio, a professora já havia se manifestado sobre a situação. “Estamos preocupados com o nosso direito e dos demais servidores públicos. Não estamos apenas preocupados com a ameaça do corte do ponto. Estamos lutando pela escola pública e não apenas por nós, professores.”

ESCOLAS

Das escolas estaduais de Venâncio Aires consultadas na última semana, seis confirmaram adesão parcial à greve e assim iniciaram esta semana (Monte das Tabocas, 11 de Maio, Cristiano Bencke, João Pádua da Rosa, Perpétuo Socorro e Professor Pedro Beno Bohn). A Wolfram Metzler, que parou excepcionalmente nesta terça-feira, 26, já terá aula normal nesta quarta, 27.

A única escola que até então tinha paralisação total, a Frida Reckziegel, de Vila Palanque, informou que nesta quarta-feira, 27, fará uma reunião com os professores e, portanto, ainda não tem aula. Se houver, mudança, ficará para quinta-feira, 28.

A reportagem está fazendo contato com as escolas para atualizar a situação de cada instituição de ensino.

APOIO

O Sindicato dos Servidores Públicos de Venâncio Aires emitiu nota em que manifesta seu apoio à mobilização dos servidores públicos estaduais em geral e à paralisação dos professores liderados pelo CPERS/Sindicato. A nota é assinada pelo presidente da entidade, João Batista Gomes.

“As medidas propostas pelo governo do Estado, justificadas pelo governador como um ajuste necessário, escondem um ataque, que já se torna sistemático, aos servidores e ao serviço público apontando-os culpados pela crise do Estado”, observa Gomes. Na nota, ele ainda acrescenta que “como se não bastasse, descumpre a lei ao não pagar em dia os salários mas, se acha no direito de cortar o ponto daqueles que, sequer, recebem pontualmente”, destaca.

Estado se manifesta sobre mobilização em frente ao Palácio

O Governo do Estado divulgou, no fim da tarde de ontem, nota oficial na qual repudia a tentativa de invasão do Palácio Piratini nesta terça-feira, 26. Segundo a nota, no início da tarde, o governo se dispôs a receber uma comissão de representantes do sindicato dos professores que protestavam em frente ao palácio. “Como mostram as imagens do circuito de segurança do Piratini, um grupo de manifestantes derrubou os gradis instalados em frente ao palácio e tentou invadir o local enquanto o chefe da Casa Civil, Otomar Vivian, recepcionava a comissão acima citada. Da agressiva e injustificável ação dos manifestantes restaram dois policiais feridos.”

Na manifestação oficial, o Governo disse estar à disposição para dialogar a respeito das propostas encaminhadas à Assembleia. Também lembra que o pacote de projetos foi apresentado individualmente a cada sindicato, antes do encaminhamento ao Legislativo.

“Atitudes como a verificada na tarde desta terça-feira não ajudam em nada a resolver os problemas do Estado e colocam em risco a integridade física das pessoas envolvidas. A reforma em curso não é contra ninguém. Ela é a favor do futuro de um Estado que convive há décadas com uma crise que assola não apenas os servidores, mas principalmente os 11 milhões de gaúchos que aqui vivem”, finaliza a nota.