
Projeto de escrever os livros foi pensado para despertar o interesse dos estudantes e incentivá-los a lerem.
Na ordem ‘tradicional’, sempre se diz que a leitura leva à escrita. Mas, como se trata de duas coisas, digamos, inerentes, o caminho inverso também acontece, como aconteceu na Escola Estadual de Ensino Médio Adelina Isabela Konzen, de Vila Estância Nova, no interior de Venâncio Aires. Lá, justamente com o objetivo de despertar nos estudantes o interesse pela leitura, eles foram incentivados a escrever.
O resultado? A criação de livros próprios, onde os alunos escreveram as histórias e ainda confeccionaram as capas. Um trabalho manual, praticamente artesanal, mas com um significado tão importante quanto qualquer obra literária. Segundo o coordenador da área das Linguagens da escola Adelina, Alef Oliveira, a ideia partiu de uma necessidade ainda atrelada à defasagem no aprendizado causada pela pandemia de Covid-19. “Temos uma preocupação em relação aos alunos conseguirem interpretar, lerem, se concentrarem e criarem. Então pensamos em fazer uma feira do livro na escola, preparando os alunos para a feira do livro de Venâncio, que nesse ano a escola vai visitar. Só que não teríamos livros para vender, por isso se pensou em fazer uma mostra literária”, explica Oliveira.
As próprias histórias
Foi aí que a professora de Português, Janine Dornelles Bohnen, que leciona para as turmas de 6º a 9º anos do Ensino Fundamental, sugeriu que os próprios estudantes escrevessem histórias. “Primeiramente eles criaram textos manuscritos em cadernos que não usavam mais e depois foram digitalizados. Dessa proposta nasceram contos, crônicas, romances e até histórias em quadrinhos. E cada um criou a própria capa, usando papelão. Desenharam, pintaram, usaram diversos tipos de materiais. Uma criação deles”, descreveu Janine.


Mostra literária
A proposta resultou em cerca de 30 livros autorais das quatro turmas, que foram expostos na Mostra Literária, realizada em agosto, para marcar o Dia do Estudante. Também naquela semana, houve atividades em parceria com o Sesc para contação de histórias e palestra com o escritor venâncio-airense Gean Paulo Naue. “Foi muito gratificante ver os estudantes pegando os livros para lerem, prestigiando o que o outro escreveu. Trabalhando a escrita, conseguimos despertar o interesse pela leitura. Tem alunos que já estão escrevendo o segundo livro. A ideia também é fazer a hora da leitura com essas obras”, destacou a professora Janine.
As impressões dos escritores
Entre os autores dos livros, está Jeniffer Weschenfelder Guth, 16 anos, aluna no 9º ano. Moradora de Linha Rincão de Souza, ela revela que sempre gostou de ler e agora também gostou de escrever. A obra dela se chama ‘A menina do campo’ e se passa na Suíça, quando a Europa enfrentou uma pandemia de peste negra, há alguns séculos. A protagonista é uma adolescente de 13 anos, que vive em meio a sonhos, até encontrar um livro enterrado num campo. “Eu gostei muito de escrever e já penso em fazer uma continuação”, comentou Jeniffer.
Djeison Maciel da Silva, 12 anos, é aluno do 7º ano. O morador de Linha Cerrito customizou o próprio livro com desenhos e até costura na borda da capa. Ele escreveu ‘Contos horripilantes’, composto por sete textos de suspense, entre eles ‘A sombra do lobo’, o favorito do autor. “Eu adoro histórias de suspense e também quadrinhos. Foi muito bom escrever”, resumiu Djeison.
