Descomplicando a crase

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Crase é uma contração. Ela é a união da preposição “a” com o artigo definido “a” ou com o “a” inicial dos pronomes demonstrativos “aquele(s)”, “aquela(s)” e “aquilo” com o “a” inicial dos pronomes relativos “a qual” e “as quais”.

A + A = À
A + AQUELE = ÀQUELE
A + AQUELA = ÀQUELA

Para começo de conversa: o que é artigo?

Artigos são palavras que acompanham os substantivos e indicam o seu número (singular ou plural) e o seu gênero (masculino ou feminino). Podem ser classificados em artigos definidos e indefinidos. Exemplos: a, o, um, uns.

A bola: A é um artigo definido, feminino e singular
Uns patos: UNS é um artigo indefinido, masculino e plural.

O que é preposição?

A principal função da preposição é estabelecer relações de sentido e de dependência entre palavras e orações, portanto, uma relação de subordinação. Elas são importantes para a construção do texto, pois atuam como conectivos, elementos indispensáveis para a coesão textual, para a compreensão da frase.

Exemplos: a, ante, até, após, com, contra, de, desde, em, entre, para, perante, por, sem, sob, sobre, trás.

Quando usar a crase?

A crase é utilizada quando há a junção da preposição A com o artigo A. Ou seja, ela será usada sempre antes de palavras femininas. Uma dica para saber se deve ou não usar crase, é substituir a palavra feminina por uma masculina.

Fui a (a) feira: fui à feira

Se estiver em dúvida, substitua ‘feira’ por ‘supermercado’. Se o ‘a’ virar ‘ao’, o ‘a’ em questão tem que receber o acento grave.

  • Se liga:
    A crase também é empregada em expressões formadas por palavras femininas, como às pressas, às escuras, às claras, às vezes.

• Quando não usar
– Antes de palavras masculinas
– Antes de verbos
Exemplo: A partir de agora, você guardará este segredo, mas não diga nada a João.

• Crase opcional
Diante de nomes próprios e pronomes possessivos femininos (Exemplo: “Mandei uma mensagem à minha mãe”).

Dica

Diante de nomes de lugares, utilize o seguinte truque para saber se haverá ou não crase:
– Se “vou a” e “volto da”, crase há;
– Se “vou a” e “volto de”, crase pra quê?
Então: “vou à Itália” porque “volto da Itália”, mas “vou a Curitiba” porque “volto de Curitiba”.

SEM MEDO DE CRASE

Toda vez que eu começava algum curso e perguntava aos alunos sobre suas carências maiores, invariavelmente despontava a crase.

Ora, estamos diante de uma questão muito simples, desde que bem entendida. O que vem a ser crase? Em primeiro lugar, não é o acento grave (`), o que leva a equívocos como este, que era comum em livros didáticos: Coloque crase onde necessário. O correto seria dizer coloque acento grave onde houver crase.

O português é língua neolatina. A maioria absoluta de suas palavras tem origem no latim, passando por transformações ao longo dos séculos. A palavra pedem, por exemplo, evoluiu para pede, depois pee, para hoje ser pé. Na última transformação, aconteceu uma crase. O mesmo aconteceu com nudum -> nudu -> nuu -> nu, também se verificando uma crase.
Crase, portanto, é um processo de unir duas vogais iguais, o que no português atual somente se dá com a vogal a. Há crase quando a + a (ou as) se encontram.

Exemplificando: vai à igreja rezar. Quem vai, vai a (primeiro a) e igreja é palavra feminina que admite o artigo a. Se a palavra seguinte for plural, teremos o artigo as. Foram às ruas protestar. Observe-se que neste último exemplo, se não usássemos o acento, o sentido seria outro.

Há palavras femininas que não admitem o artigo a. Ela e essa são dois exemplos. Portanto, em “dar os parabéns a ela”, inexiste o segundo a, inviabilizando a ocorrência de crase. Assim também os pronomes de tratamento – você, Vossa Senhoria e todos os demais – rejeitam o artigo a. Jamais ocorre crase, então, em “Comunicamos a Vossa Senhoria…”, “solicitamos a você…”. Não existe aí o segundo a. Não se diz ou escreve “A Vossa Senhoria é pessoa digna”, e, sim, “Vossa Senhoria é pessoa digna”.
Quem escreve “boa semana à todos” (esse à todos proliferou), despreza a regra da crase.

Existe aí o primeiro a (desejo boa semana a alguém), mas não existe o segundo. Aliás, em regra, todas as palavras masculinas repelem a presença de crase, porque não apresentam o artigo a. Daí, bebê a bordo, compras a prazo, andar a pé, fogão a gás, etc. Assim também os verbos. Não há razão para escrever “prestações à partir de”, porque partir não é uma palavra feminina.

Muitas vezes, deparamo-nos com macetes para esclarecer a ocorrência de crase. Ajudam, porém pouco explicam. Tudo vai desembocar na regra básica do a + a.

*Trecho de crônica do professor Elenor José Schneider.

    

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