Enquanto engatinham pela sala, os bebês do Nível IA da Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Vó Helma encontram brinquedos diferentes. Folhas secas, pinhas, gravetos, ramos de tempero e frutas são um convite para brincar e aprender. Os elementos da natureza despertam a curiosidade das crianças e possibilitam que elas descubram tudo o que a natureza pode oferecer: texturas, cheiros, cores e formas.
“Os bebês conhecem o mundo com o corpo. Em muitos casos, as crianças não têm essa possibilidade de contato com a natureza, vão da escola direto para casa. Então apresentamos isso de forma livre pra elas, com brinquedos não estruturados, coisas do dia a dia”, comenta a professora Juliana Ferreira.
O trabalho realizado por ela e pelas monitoras Luciana Tirelli, Andrea da Silva e Isabel Kaufmann busca proporcionar o contato com a natureza, respeitando o tempo de descoberta e a espontaneidade de cada criança – a turma tem bebês de até um ano. “Com isso conseguimos apresentar possibilidades diferentes além de apenas brinquedos de plástico”, observa Luciana.
O projeto ‘Bebês e natureza: uma experiência para a vida’ vai ao encontro do que está previsto na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Entre os benefícios das atividades de contato com elementos naturais estão desde o estímulo o à coordenação motora até o incentivo visual, auditivo e olfativo. “Todos os sentidos são estimulados de forma espontânea”, comenta Juliana.
Além disso, a autonomia das crianças e a interação com os demais colegas são trabalhadas. A professora observa, inclusive, que bebês que não são atraídos por brinquedos prontos, por mais coloridos que sejam, mas são atraídos pelos itens naturais. “Ao tocar uma folha, observam seus mínimos detalhes com atenção.”
No mês passado, em alusão ao Dia de São João, alimentos típicos foram apresentados aos alunos. Aos mãozinhas puderam tocar espigas e farinha de milho, pipoca e pinhão, entre outros itens. Luvas de plástico ‘recheadas’ com grãos ou farinha também estão entre os ‘brinquedos’. “As crianças seguem tendo acesso a outros brinquedos, mas vamos oferecendo possibilidades diferentes, elementos da natureza e também coisas do dia a dia delas”, explica Juliana, que ressalta a importância do apoio da direção da escola para o desenvolvimento do projeto. “A direção e os colegas embarcam conosco nessa infância significativa e compartilham experiências”, salienta.

“Os bebês precisam de vivências com menos brinquedos prontos e mais natureza, mais presença. Diversas aprendizagens estão envolvidas no brincar. O contato com a natureza é tão potente porque, nele, as crianças aprendem espontaneamente as cores, as texturas, os cheiros, os sons ou o que pode ser feito com determinado objeto. Basta experimentar, ao seu tempo, uma vivência de cada vez.”
JULIANA FERREIRA
Professora