O número de alunos matriculados no ensino médio das escolas estaduais de Venâncio Aires registrou um movimento de queda nos últimos anos. São 27% a menos, já que em 2014 eram 1.622 no ensino médio regular – não contabilizadas as matrículas na EJA – contra 1.172 em 2018.
A desistência e o número de filhos por família são apontados como principais fatores da ‘curva para baixo’. Segundo informações da 6ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), em termos de matrículas no ensino público, o ensino médio segue a tendência do fundamental, já que nele também há redução nas matrículas. “Isso se deve, basicamente, ao número de filhos que as famílias têm”, explica a assistente administrativa da CRE, Lucijane Ferreira.
Proporcionalmente, das escolas estaduais de Venâncio Aires, o Monte das Tabocas foi o que mais perdeu no ensino médio regular, conforme informações solicitadas pela reportagem diretamente nos educandários. Eram 332 matriculados em 2014 e 208 em 2018 – queda de 37%.
Segundo informações da escola, a desistência é o principal motivo, já que, ao fazer 18 anos, muitos optam por menos tempo em sala de aula através da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Se considerar só a EJA, o Monte aumentou o número de matrículas nos últimos anos, passando de 551 (2014) para 782 alunos (2018).
DESISTÊNCIA
A Sebastião Jubal Junqueira, de Vila Deodoro, e a Crescer, do bairro Coronel Brito, também tiveram perdas significativas. A Crescer caiu de 174 alunos em 2014 para 126 em 2018 – queda de 27%. Segundo a secretária da escola, Angélica Müller, a principal causa é a desistência, o que já acontece ainda no ensino fundamental, além da infrequência.
Quanto à Jubal, a escola tinha 115 matriculados em 2014 e apenas 74 em 2018. São 35% a menos. Além disso, em 2019, o número caiu mais um pouco e são atuais 71 alunos. “Como somos uma escola do interior, nos últimos anos o êxodo rural é cada vez maior e as famílias estão diminuindo o número de filhos. Também há muitos desistentes, porque depois dos 18 anos, quem saiu, dificilmente vai voltar”, afirma a secretária, Marilene Wickert Feix.
Ela destaca ainda que os números gerais da escola caíram. “Trabalho aqui há 10 anos e lá atrás tínhamos cerca de 400 alunos e hoje são 203.”
OUTRAS
As escolas Cônego Albino Juchem (CAJ) e Wolfram Metzler, também tiveram queda. Enquanto o CAJ registra 24% menos matrículas entre 2014 e 2018, a Wolfram chega a 35% no ensino médio regular. No entanto, o que pesa positivamente nesta, são os números do integrado ao curso técnico em Agroindústria, que conta com atuais 43 alunos. Já as escolas Frida Reckziegel, de Vila Palanque, e Mariante, de Vila Mariante, tiveram pouca variação nos últimos cinco anos – entre 70 e 80 alunos.
Matrículas nas escolas estaduais, conforme a 6ª CRE
2014
Ensino médio: 1.622
EJA: 253
2015
Ensino médio: 1.625
EJA: 291
2016
Ensino médio: 1.459
EJA: 385
2017
Ensino médio: 1.293
EJA: 265
2018
Ensino médio: 1.172
EJA: 450
Números da ‘idade ideal’
A idade considerada adequada pelo Ministério da Educação para frequentar o ensino médio é dos 15 aos 17 anos. Considerando essa faixa etária, o Tribunal de Contas do Estado realiza o Sistema de Monitoramento dos Planos de Educação. Pelo levantamento do TCE, Venâncio Aires tinha 1.761 matriculados em 2014 e 1.540 em 2018 – queda de 12%.
Conforme a 6ª CRE, no casos das escolas estaduais, cerca de 90% dos estudantes matriculados estão dentro dessa faixa etária, de acordo com o parâmetro idade-série. “Os que estão fora desse referencial se deve a dois fatores: a reprovação, considerando que o estudante pode ter reprovado no ensino fundamental, e o abandono”, destaca a assistente administrativa, Lucijane Ferreira.
Ainda conforme ela, muitos alunos concluem o médio através das provas do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja). “Também com a modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA), os alunos terminam pela metade do tempo.”
Matriculados entre 15 e 17 anos, conforme o TCE
2014: 1.761
2015: 1.818
2016: 1.774
2017: 1.709
2018: 1.540
Curva para cima
Ao mencionar a redução no número de alunos das escolas estaduais, a assistente administrativa da 6ª CRE, Lucijane Ferreira, diz que ela não é um fenômeno exclusivo das escolas públicas e as privadas também sentem o reflexo dessa condição.
No entanto, essa afirmação não se aplica às escolas particulares de Venâncio Aires. Tanto o Colégio Gaspar Silveira Martins quanto o Bom Jesus aumentaram o número de matrículas ou mantiveram nos últimos cinco anos.
No caso do Gaspar, a quantidade dobrou – eram 40 em 2014 e 81 em 2018. Já o Bom Jesus teve uma queda de 80 para 65 em quatro anos. No entanto, em 2019, são 84 matriculados. A explicação é que em 2018 não teve turma de 3º ano. Outra particularidade da escola, é que o ensino médio dela inclui o 9º ano do ensino fundamental.
Além das escolas particulares, que viu a curva subir foi o Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul) de Venâncio Aires, que tem ensino médio integrado aos cursos técnicos de Refrigeração e Climatização, Informática e Secretariado. Em 2014 eram 315 matriculados e 2018 teve 397.