O ano de 2020 está sendo atípico para toda a população. Uma das mudanças mais significativas foi na área da educação. Sem aulas presenciais, estudantes e professores se adaptam com novas formas de ensinar e aprender. A situação é ainda mais inusitada para estudantes do 3º ano do Ensino Médio, que esperavam que esse seria um ano de despedida, confraternização entre os colegas e estudo em preparação ao vestibular. O estudo é um processo que vem sendo cumprido, mas agora com a internet como aliada.
O tão esperado Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), realizado em novembro, normalmente, foi adiado para janeiro. Com isso, é necessária também alteração no ingresso das universidades, já que muitas utilizam a nota do exame como forma de seleção.
Na Universidade do Vale do Taquari (Univates), será utilizado o mesmo método do vestibular de inverno, com realização de provas de redação on-line. O coordenador de Vestibular da Univates, Volnei André Bald, explica que devido às incertezas sobre a aplicação de provas presenciais, a universidade abriu as inscrições no dia 1º de setembro para esta modalidade. “Acompanhamos as modificações nos decretos, no caso de mudança os métodos podem ser revistos”, diz. O candidato pode se inscrever e desenvolver uma redação, na qual terá duas horas para enviar o material.
A universidade também utiliza como forma de ingresso as notas do Enem de anos anteriores. Para a seleção do curso de Medicina, podem ser utilizadas exclusivamente as notas do exame nos cincos últimos anos.
Segundo o pró-reitor acadêmico da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Rolf Fredi Molz, na instituição ainda está em fase de análise o processo de seleção para ingresso em 2021. Em princípio, a ideia seria realizar o vestibular no dia 5 de dezembro, porém devido às dúvidas relacionadas aos protocolos de segurança na pandemia de coronavírus, ainda não foi definida a data.
Molz destaca que como as provas do Enem foram adiadas, será necessário aplicar prova de seleção para os concorrentes do curso de Medicina. Até então a seleção era feita com base no desempenho dos estudantes no exame de anos anteriores. “Quem sai do Ensino Médio não terá a nota do Enem, então vamos ter que aplicar a prova completa”, diz.
Curso preparatório
O Centro Universitário Uninter segue com o processo de seleção agendado. A coordenadora do polo de Venâncio Aires, Maria Lúcia Costa, explica que a diferença agora é que em vez de diversos eventos durante o ano, o vestibular acontece no início de cada módulo. Com o adiamento do Enem, o estudante que for contemplado com bolsas pelo Prouni deve começar o curso em abril.
A Uninter também vai beneficiar estudantes que tentaram o ingresso por meio do Prouni na instituição mas que por algum motivo burocrático não foram contemplados. “O aluno vai ganhar da Uninter uma bolsa de 50% do valor do curso”, declara.
O centro universitário lançou neste ano um curso preparatório específico para o Enem. A capacitação é realizada até o fim do mês de dezembro de forma gratuita. Para participar é necessário se inscrever na plataforma da Uninter, onde também estão disponíveis os conteúdos. “Essa oferta é uma forma da Uninter retribuir os estudantes que tiveram tantas dificuldades por conta da pandemia”, reforça Maria Lúcia.
Uma nova forma de preparação para o vestibular
A estudante Ketlin Eisermann, 17 anos, vive um ano atípico, totalmente diferente do que esperava. Ela está no 3º ano do Ensino Médio da Escola Estadual de Ensino Médio Cônego Albino Juchem (CAJ). Ketlin tinha parado de trabalhar para focar nos estudos, principalmente para o Enem. “Queria aproveitar mais o último ano no CAJ, tínhamos a formatura e vários eventos planejados. Realmente, ninguém esperava que isso tudo acontecesse”, diz.
Ela conta que recebe as atividades quinzenais pela plataforma do Google Classroom desde junho e as dúvidas podem ser tiradas com os professores pelo WhatsApp. “No início as coisas estavam bem complicadas para todos, mas agora penso que estamos nos acostumando e aprendendo bastante. Não tenho do que reclamar porque, ao contrário de muitos, tenho acesso à internet e apoio familiar para estudar”, declara.
A estudante conta que mesmo sem aulas presenciais tenta se manter focada e ter uma rotina de estudos. “Faço cursinho popular da Univates, o Vestvates, que é exclusivo para estudantes de escola pública. Temos aulas EAD todas as noites, material didático e simulados. Tudo gratuito, é uma ótima opção pra quem não tem muito pra investir em cursinho”, reforça. Além disso, ela também participa do Grupo Redação, com a professora Luana Schonarth.
A jovem diz que é difícil lidar com a saudade dos colegas, que agora trocam ideias pelo WhatsApp e redes sociais. Ketlin ainda não decidiu qual qual curso vai se candidatar, mas gosta das opções na área da saúde.