Na segunda-feira, 8, voltam às atividades as escolas municipais e estaduais, porém não como esperado. Com grande expectativa de que o formato híbrido pudesse ser adotado, a piora na contaminação do coronavírus impediu o contato presencial nesta volta às aulas. Neste mês, são 10.467 alunos que voltarão às aulas em Venâncio Aires, sendo 5.191 da rede estadual e 5.276 da rede municipal.
Município
O secretário municipal de Educação de Venâncio Aires, Émerson Eloi Henrique, explica que no momento todas as aulas estão definidas para serem realizadas no formato remoto, porém caso o Estado consiga suspender a liminar, serão permitidas as aulas para alunos da Educação Infantil e do 1º e 2º ano do Ensino Fundamental, mesmo em bandeira preta.
Outro fator que atrasa as aulas presenciais no município é a licitação do transporte escolar. A primeira fase, em que as empresas concorreram pela licitação, foi realizada com retardo, e a segunda fase está programada para acontecer na terça-feira, 9.
Os professores da rede receberam oficinas para aprimorar o ensino a distância, e os alunos que não tiverem oportunidades de acessar as aulas no Google Classroom, deverão retirar as atividades impressas na escola, todas as sextas-feiras. Em 2020, 70% dos alunos da rede municipal utilizaram o Google Classroom para acessar as aulas.
Estado
O coordenador da 6ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), Luiz Ricardo Pinho de Moura, afirma que o retorno de toda rede estadual acontecerá na segunda-feira, 8. Inicialmente, na bandeira vermelha seria permitido o modo híbrido, com aulas presenciais e virtuais, porém no momento será totalmente remoto em respeito à liminar em vigor. Na segunda-feira inicia o ano letivo para os alunos dos anos iniciais, do 1º ao 5º ano. Os demais alunos, dos anos finais, voltam no dia 11 e o Ensino Médio, no dia 15 de março.
A plataforma usada para as aulas será o Google Classroom. Conforme Moura, a orientação repassada para as equipes diretivas é de que todo o ensino seja feito pela plataforma. Em 2020, alguns alunos ainda faziam uso do material físico para as aulas, porém, agora, devem procurar possibilidades de ter o contato virtual. O Estado patrocina o acesso à internet para professores e alunos, mas quem ainda não tiver condições de equipamentos, deve procurar a escola para agendar o uso dos computadores da instituição.
O coordenador relata que todos os professores do Estado receberam capacitações e formações através do canal no YouTube da Secretaria de Educação do Estado do Rio Grande do Sul (Seduc RS), além de reuniões das equipes diretivas com todos os professores.
Moura destaca que, até o dia 22 deste mês, ocorre o período de matrículas do 1º ano do Ensino Fundamental e 1º ano do Ensino Médio para as famílias que realizaram inscrições.
Organização
A diretora da Escola Municipal de Ensino Fundamental Professora Odila Rosa Scherer, Márcia Hinterholtz Hickmann, enfatiza que há algumas semanas, quando o regime era da bandeira vermelha, já estavam preparando e a realocando as salas para atender a maior quantidade de alunos, obedecendo a distância de 1,5 metro entre eles. Entretanto, com a definição da bandeira preta, a organização mudou, e ainda mais, com a imposição da liminar. “Agora todos os alunos já estão inseridos na plataforma Google Classroom para iniciarmos o ano letivo on-line. Tudo está organizado e estamos também orientando e auxiliando as famílias”, completa Márcia.
Em 2020, Márcia afirma que foram apenas 18 dias de aulas presenciais. “A essência da escola é ter a presença do aluno, isso não dá para mudar. Aprendemos muito com a pandemia e agora estamos mais experientes e preparadas”, afirma a diretora. “É uma luta, uma batalha diária”, define Márcia sobre o incentivo que procuram passar para os alunos, e contam com a ajuda das famílias no compromisso de entregar as atividades em dia. “Definimos em reunião, com a equipe da escola, que não vamos tolerar atividades em atraso, é preciso ter pontualidade nas devoluções”, orienta Márcia.
A diretora da escola reforça que todos os professores receberam formações para usar novas ferramentas no ensino on-line, que contribuem para que o aprendizado seja mais fácil e divertido. São poucas as famílias que não têm condições de acessar a plataforma de ensino, porém, Márcia destaca que para essas situações, organizam todas as semanas o material impresso para ser retirado na escola e feito em casa.
Para o diretor da Escola Estadual de Ensino Médio Wolfram Metzler, Arno Romeu Rodrigues Júnior, o trabalho em 2021 iniciará da mesma forma que foi encerrado no ano letivo de 2020, de forma remota. “Queremos ser otimistas, não vemos a hora de voltar com as aulas presenciais, mas esse momento é de cautela. É a primeira vez que nossa região ficou na bandeira preta”, enfatiza.
Júnior explica que no momento em que forem permitidas as aulas híbridas, a escola estará pronta. “Realizamos melhorias na estrutura e recebemos do Estado tudo que é necessário: termômetros, materiais de higiene, máscaras, então se fosse necessário abrir, já estamos aptos”, destaca.
No decorrer de 2020 e em janeiro deste ano, o diretor salienta que foram ofertadas capacitações de letramento digital pela coordenadoria regional e pela Seduc/RS. Além disso, cada professor da escola tem um grupo no aplicativo WhatsApp para manter contato com as turmas e famílias, principalmente para repasse de informações e dúvidas. No momento, as novas turmas estão sendo inseridas na plataforma Google Classroom, método usado desde o ano passado. “Tivemos evolução tanto dos professor quanto dos alunos com o uso da plataforma”, destaca Júnior.
O início do ano letivo de 2021, conforme Júnior, será gradual, inicialmente com atividades de acolhimento e após atividades. O formato de repasse dos conteúdos será também impresso. Como em 2020, alguns alunos ainda possuem limitações de aprendizados ou de sinal de internet, por isso, se necessário, a equipe da escola leva até a casa dos alunos os materiais impressos para realização das aulas.
Expectativa
A promessa de aulas presenciais é ainda mais esperada pelos alunos. Davi Ricardo Heissler, 45 anos, e Márcia Heissler, 44 anos, são pais de Gabriela, 14 anos, e Rafaela, 8 anos. As duas são alunas da Escola Municipal de Ensino Fundamental Professora Odila Rosa Scherer. Gabriela fará parte da turma do 9º ano e Rafaela do 3º ano do Ensino Fundamental em 2021. Márcia relata que a ansiedade pela volta às aulas está a mil. “Já compraram todos os materiais e me falam muito que estão enjoadas de ficar em casa”, conta a mãe das meninas.
Ano passado, com a implementação das aulas on-line, Márcia afirma que as filhas se adaptaram bem à plataforma de ensino. “Agradeço e fico aliviada por termos uma boa internet e equipamentos tecnológicos que dão essa possibilidade para elas”, completa a mãe. Márcia conta que a filha mais velha, Gabriela, é independente na hora de estudar e quando necessário, pede o auxílio da mãe. Já a filha mais nova, Rafaela, tem maior atenção, principalmente na produção dos trabalhos pedidos. “Toda noite faço a correção das tarefas que ela concluiu e mandamos para a professora pela plataforma”, reforça Márcia.
Entenda
- Quando a bandeira da região de Venâncio Aires estava vermelha no sistema de Distanciamento Controlado do Estado, eram permitidas aulas presenciais para todas as turmas, desde que cuidados fossem tomados, como o distanciamento de 1,5 metro entre alunos, além dos protocolos básicos como uso de máscara e álcool gel. Assim, cada escola poderia organizar o espaço para atender a maior quantidade de alunos possível, prevalecendo o ensino híbrido quando toda a turma não fosse atendida presencialmente, ou seja, em uma semana um grupo teria aulas presenciais e outro grupo ficaria no formato on-line. E na semana seguinte, seria invertido, fazendo o revezamento dos grupos.
- Em regime de bandeira preta era permitido que alunos da Educação Infantil e 1º e 2º ano do Ensino Fundamental frequentassem aulas presenciais, mas uma liminar publicada pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul impediu essa ação.
- O Governo do Estado entrou com recurso no Tribunal de Justiça gaúcho para recorrer, entretanto foi negado. Agora, a Procuradoria-Geral do Estado protocolou na noite da quarta-feira, 3, o pedido de suspensão da liminar no Supremo Tribunal Federal (STF) e aguarda apreciação.
- Caso a liminar seja interrompida até a segunda-feira, escolas municipais e estaduais poderão atender alunos da Educação Infantil e o 1º e 2º ano do Ensino Fundamental, mesmo em regime de bandeira preta. O ensino híbrido com o controle do distanciamento só será retomado quando a bandeira for vermelha.
Escolas privadas
A rede de ensino privada continua completamente com o ensino remoto para todas as turmas. O diretor do Colégio Gaspar Silveira Martins, Tiago Becker, relata que as aulas híbridas voltarão assim que for possível pelo regime de bandeiras no sistema de distanciamento controlado do Estado. Com a suspensão Da liminar, no momento as turmas fazem uso da plataforma Google Classroom para acesso às atividades.
No Colégio Bom Jesus, a diretora Inês Schwertner destaca que a presença dos alunos em sala de aula voltará a acontecer assim que for permitido. Para isso, destaca a diretora, a liminar deverá ser suspensa e na melhor hipótese, ocorrer uma melhora do cenário da pandemia, com uma classificação de bandeiras diferente da atual. A plataforma usada pela instituição é também o Google Classroom.
O Colégio Professor José de Oliveira Castilhos, que é dirigido por Jair Paulo Freitag, continua com o ensino on-line para todos os alunos da escola, com a própria plataforma de ensino chamada Plurall. Freitag orienta às famílias que o cenário só sofrerá mudanças, com a volta do ensino híbrido, quando for permitido pelo Estado.
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