Embora existam planejamentos para a retomada das atividades escolares municipal, estadual e particular, os sindicatos que representam os trabalhadores na educação dizem que não é prudente reabrir escolas sem que haja segurança para professores, servidores e estudantes. Há algum tempo o governador do Estado, Eduardo Leite, estipula e adia datas para o retorno, além de já ter em mãos o resultado de uma pesquisa que aponta que o ensino superior deveria ser o primeiro a voltar.
Nas últimas semanas, o debate sobre a volta às aulas se instalou também em Venâncio Aires. O prefeito Giovane Wickert vem declarando, nas entrevistas que concede, que já é hora de se pensar no ‘novo normal’, que tem como principal ponto de interrogação a volta das atividades escolares. Mas, enquanto não há uma definição sobre o assunto, todas as partes interessadas acompanham a evolução das tratativas e esperam pelo anúncio dos protocolos de segurança e saúde a serem adotados.
Segurança e saúde, aliás, são palavras muito utilizadas pelos representantes dos trabalhadores da área da educação. Presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Venâncio Aires, o professor João Batista Gomes afirma que aguarda a discussão sobre a volta às aulas “para mais à frente”. Ele diz que a entidade não foi informada de nenhuma previsão de data para a retomada e salienta que, “quando houver algum indicativo, será preciso uma discussão ampla com a categoria”.
Gomes lembra que, justamente em razão das incertezas causadas pela pandemia de Covid-19, o sindicato sequer fez consulta aos associados para saber sobre o que pensam em relação a uma retomada das aulas. “Precisamos de protocolos de segurança e saúde, porque este não é um momento para nos aventurarmos. Temos que saber como vai ser e se as nossas escolas têm condições de se estruturarem para uma nova rotina”, comenta, acrescentando ainda o exemplo da França, que retomou as aulas e, logo depois, precisou paralisar as atividades em razão da escalada de casos de coronavírus.
“Não há posição do sindicato, nem consulta ao Magistério sobre eventual volta às aulas. Isso deve ser feito com protocolos máximos de segurança e saúde. Não pode ser uma aventura.”
JOÃO BATISTA GOMES – Presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Venâncio Aires
Condições precárias
Para a secretária geral do Cpers/Sindicato, Candida Rossetto, a retomada das atividades pode gerar situações desagradáveis no que se refere à disseminação da doença e número de novos casos. De acordo com ela, as escolas estaduais têm uma realidade de condições precárias, fato que, aliado aos riscos da pandemia, sugere um descontrole em relação ao vírus. “Vamos ter os protocolos para seguir, mas vamos ter os EPIs (equipamentos de proteção individual) e ainda os insumos necessários?”, questiona.
Candida afirma que uma enquete que está sendo realizada por meio de site do Cpers/Sindicato aponta ampla maioria de profissionais da educação contrários à retomada das aulas sem que haja segurança. “Nossa posição é de que enquanto não tivermos um declínio consolidado na curva de casos e mortes, não se deve ventilar o retorno. Tivemos casos de óbitos de colegas que fazia parte do dia a dia das escolas e que não eram dos grupos de risco. A questão é muito séria”, argumenta.
A secretária geral do Cpers defende ainda que o Governo do Estado deve ser soberano no que diz respeito à decisão de volta às aulas, “sem ficar terceirizando a definição para os prefeitos dos município em meio a esta dança das bandeiras, pois isso é muito perigoso”. Ela afirma que “os profissionais da educação já estão em processo de adoecimento por conta das condições precárias dos estabelecimentos de ensino e são submetidos a mais pressão neste momento tão delicado de pandemia”.
“A prioridade é a vida das pessoas. O vínculo com a escola pode ocorrer, neste momento, de maneira remota. Volta presencial às aulas só quando tivermos segurança de que é possível.”
CANDIDA ROSSETTO – Secretária geral do Cpers/Sindicato
“Estamos pifados, mas não há data”, diz secretária
A secretária municipal de Educação, Alice Theis, confirma que as escolas de Venâncio Aires têm trabalhado no planejamento do retorno das atividades, mas ressalta que não há uma data estipulada para a retomada. De acordo com ela, os materiais necessários estão comprados, os protocolos definidos e as estruturas adequadas, no entanto a pasta depende de manifestação do governador do Estado, Eduardo Leite, e após, do prefeito da Capital Nacional do Chimarrão, Giovane Wickert. “Se fosse um jogo de cartas, diria que estamos pifados, mas data específica não há”, reforça.
Ela diz que sabe que “os boatos sobre a volta às aulas têm se intensificado” e nega que a pasta teria determinado às escolas a realização de consulta junto aos pais sobre mandar os filhos aos educandários. “Não existe enquete comandada pela Secretaria de Educação. Se tem alguém de alguma escola fazendo, é à revelia”, garante. Alice diz ainda que, quando houver um indicativo de data para a retomada das atividades, as comunidades escolares serão convocadas para um diálogo em relação ao assunto. “Por enquanto, estamos aguardando ordens. Não temos nada de previsão”, conclui.
“Na rede municipal não há nenhuma orientação sobre retomada oficial das atividades. Dependemos inteiramente das manifestações do governador e do prefeito.”
ALICE THEIS – Secretária de Educação