Não será apenas pela necessidade do distanciamento entre classes ou de atender metade da capacidade. A volta das aulas presenciais no Ensino Médio público passará, principalmente, pelo interesse dos alunos. E, se depender de cerca de 80% destes estudantes em Venâncio Aires, o ensino on-line seguirá de forma exclusiva.
Na maioria das escolas, é baixo o interesse de alunos em aderir ao ensino híbrido (aquele de casa, via internet, aliado a encontros presenciais). Na média de sete instituições consultadas (veja box), em torno de 20% demonstram desejo de voltar a frequentar os educandários a partir de 13 de outubro, data estabelecida pelo Estado para retorno do Ensino Médio das escolas públicas.
Algumas mais outras menos, fato é que, como é uma decisão facultativa, a tendência é de que o movimento seja pequeno. Ou quase irrelevante, como deve ocorrer na Escola Estadual de Ensino Médio Mariante, de Vila Mariante. Nela, apenas três, dos 70 matriculados, querem voltar a ter aulas presenciais. “É uma situação crítica, não só do ensino médio. Quase todos os alunos não querem voltar”, revelou a diretora Maria Lucia de Campos.
Mas a situação de Mariante não reflete apenas a um desejo pessoal ou da família, mas está atrelada, também, ao transporte escolar, que é usado por 70% dos alunos. Uma solução ainda depende de definição das secretarias de Estado e Município, junto às empresas de ônibus que recebem por venda de passagem e não por quilômetro rodado. Com a pandemia do coronavírus, parte dos roteiros foi interrompida.
Didática
Mesmo que, até o momento, sejam apenas três alunos que entrarão no portão da escola Mariante no dia 13, eles serão recepcionados e vão para as salas de aula. “Não podemos tirar a oportunidade de quem quer voltar e vamos respeitar a decisão das famílias. De qualquer forma, todo o conteúdo segue sendo passado on-line”, destacou Maria Lucia.
No entanto, a diretora chama atenção para a necessidade de organizar os horários dos professores e manter a didática. “Esse é outro ponto, porque o professor vai trabalhar dobrado. Estamos vendo para que quando ele estiver em sala, também consiga manter a aula on-line com aquela turma. É uma alternativa para que não haja prejuízo no cronograma.”
Atualmente, para aqueles estudantes que estão com dificuldades, os professores já se revezam para ir à escola e fazer um atendimento presencial.
Escolas de Ensino Médio
- Adelina Isabela Konzen – a reportagem não conseguiu contatar a escola
- Cônego Albino Juchem – dos 701 matriculados, 161 já informaram que querem voltar. A escola conseguiu resposta de 60% dos alunos
- Crescer – de 115 matriculados, 36 têm interesse de retornar; 64 não querem e 15 não responderam
- Frida Reckziegel: de 80 apenas oito querem voltar às aulas presenciais
- Mariante – de 70 matriculados, três querem voltar
- Monte das Tabocas – das atuais 222 matrículas, 35 alunos informaram desejo de retorno
- Sebastião Jubal Junqueira – de 73 estudantes, 12 querem voltar
- Wolfram Metzler – de 50 matriculados, 18 pretendem retomar as aulas presenciais
Dificuldades
Ter a aula presencial junto da on-line também é uma alternativa estudada na Escola Monte das Tabocas, onde 15% dos estudantes querem voltar.
“Mas precisamos lidar ainda com a falta de interesse dos alunos, que permanecerão em casa, em participar da aula naquele momento. Essa dificuldade já acontece hoje”, revelou a diretora do Monte, Marinêz Weizenmann.
Além disso, Marinêz diz que será preciso reorganizar o que chamam de ‘síncrona’, o momento de interação entre aluno e professor. “Isso terá de ser feito com quem está em sala e em casa, ao mesmo tempo.”
Para quem voltar à sala, as aulas terão duração de três horas, de segunda a sexta. As turmas deverão ter 50% de capacidade, com classes separadas em um metro.
Exceções
Das escolas consultadas, duas chamam atenção por elevar um pouco a média na adesão. Na Crescer, por exemplo, 36 dos 115 matriculados querem voltar. O número pode até ser maior, porque a escola não conseguiu contato com outros 15 estudantes. Já na Wolfram Metzler, dos 50 alunos do ensino médio, 18 demonstram interesse. Nessa escola, aliás, a adesão deve ser maior em todas as séries. Segundo a vice-diretora Cassiana Schmidt da Rosa, dos 499 estudantes, 319 responderam ‘sim’. “Claro que isso precisamos ver na prática”, ponderou.
Cronograma pode ser revisto, afirma 6ª CRE
À mercê da baixa procura de estudantes interessados em voltar para a sala de aula, a 6ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) confirmou que o calendário, por enquanto, está mantido. “No momento os percentuais são realmente muito baixos, mas acreditamos que depois do dia 13, caso a situação da saúde continue melhorando, haverá novos interessados”, projeta o coordenador, Luiz Ricardo Pinho de Moura.
No entanto, Moura não descarta que a volta das aulas presenciais seja repensada e que o ensino remoto seja mantido de forma exclusiva até 8 de janeiro, quando encerra o ano letivo de 2020. “O cronograma pode ser revisto, mas isso depende de vários fatores. Hoje seria prematuro dizer qualquer coisa nesse sentido.”
Qualquer condição, de acordo com o coordenador, será discutida pelo Centro de Operações Emergenciais de Saúde para a Educação (COE-E) Municipal e Círculo de Pais e Mestres (CPM) e equipe diretiva das escolas.