A educação precisa acontecer em uma aldeia, para que todos possam unir forças e oferecer um ensino de qualidade. É nesse propósito de movimentação em rede, entre pais, alunos, professores e comunidade escolar, que as irmãs e professoras Moira Poema Closs Gaspar, 30 anos, e Keula Maqueli Closs, 27 anos, acreditam.Juntas, elas criaram, em fevereiro de 2017, o ‘Pedagogicamente’ – uma página no Facebook para compartilhar materiais pedagógicos que elas confeccionam, com outros professores. “O foco era atingir professores, mas hoje somos procuradas por psicólogos, psicopedagogos, outros profissionais. Toda a rede educacional procura nossos jogos”, conta Keula.
Moira explica que, desde a época de faculdade, elas eram estimuladas a pensarem o conteúdo de diferentes formas. “Sempre vai ter aquele aluno que aprende com o visual, outro com textos. Nunca vamos ter um todo em uma sala de aula.” Por isso, as profissionais sempre pensaram em diferentes maneiras de explicar um mesmo conteúdo e encontraram os jogos como uma possibilidade.Moira explica que, antes do Pedagogicamente, elas trocavam os materiais entre si, e também com professores na própria escola da qual lecionavam. “Quando nos deparamos com dificuldades na sala de aula ou até mesmo quando queremos fazer algo diferente, fazer com que a criança entenda o conteúdo, pensamos isso em cima de um jogo. Acredito que isso é uma outra forma de ensinar, trabalha com a emoção, a criança se envolve e cria as expectativas.”
DEDICAÇÃOAs irmãs rascunham as ideias, trocam diversos áudios pelas redes sociais e, juntas, confeccionam os jogos. Keula destaca que elas pensam nas regras dos jogos, mas nada impede que na sala de aula, os próprios alunos participem desse processo e criem as próprias regras. “Sempre buscamos trabalhar com o lúdico, as crianças adoram isso, depois da aula, levam as ideias para casa, ou até emprestamos os jogos, para eles jogarem com suas famílias”, compartilha Keula.
Em 2017, a ideia das irmãs ultrapassou as redes sociais. Moira e Keula começaram a realizar formações para profissionais da área. Juntas, já percorreram diversas cidades do estado divulgando o Pedagogicamente e, mais do que isso, uma nova forma de ensinar.Na internet, ocorre a divulgação dos jogos e os interessados podem solicitar o envio do modelo, por e-mail, gratuitamente, em um prazo. Em média, são cerca de 500 solicitações, de várias partes do país. “Se nosso trabalho está inspirando pessoas mostra o quanto vale a pena lutar por uma educação melhor e diferente”, destaca Moira, ao comentar que ela e a irmã se sentem motivadas e orgulhosas com a dimensão do trabalho.Elas destacam que os resultados na educação são lentos, em momentos, angustiantes, mas que quando são apresentadas metodologias diferentes, os resultados começam a aparecer e motivar. “A educação vem ganhando com isso. Assim potencializamos a criança, pois as próximas gerações vão precisar de criatividade, e buscamos ensinar que qualquer criança pode criar seu jogo, participando do processo de construção”, destaca Keula.
“Com os jogos, as crianças aprendem, carregam lembranças, e isso acaba marcando eles. E os professores que compartilham as suas vivências de sala de aula com o Pedagogicamente também não se sentem sozinhos, só mostramos aos profissionais que é um caminho alternativo de potencializar as crianças. Buscamos o despertar de uma rede.”MOIRA POEMA CLOSS GASPARProfessora e membro do Pedagogicamente