Criar, reaproveitar e fazer arte. Coisas simples, mas que movem e dão um brilho especial na vida de Paulo Roberta de Souza, 45 anos. Há três anos, com pneus velhos, aqueles que muitas pessoas não encontram utilidade, ele faz obras de arte. A criatividade ganha forma e, com as simples borrachas, são criados sofás, mesas, cadeiras, animais, aves e bichinhos. Para ele, o que importa mesmo, não é o dinheiro, mas sim, ajudar o meio ambiente.
Paulo também é borracheiro, mas não abre mão de se dedicar todos os dias aos trabalhos manuais. Nos fundos de casa, em um cantinho de um galpão, a criatividade, ideias e vontade de fazer o novo surgem. “Quando tenho alguma inspiração, eu vou para o galpão e faço o meu trabalho”, comenta.A ideia de fazer as obras de arte partiu de uma preocupação com o meio ambiente. Ele explica: “Hoje em dia se vê muito descarte ilegal de pneus e isso traz dados às pessoas. Pensei em mudar esta situação e comecei a fazer arte.”Quando iniciou os trabalhos, resolveu confeccioná-los somente para si e para a família. Não demorou muito, através das redes sociais, a criatividade e talento de Paulo começaram a ser reconhecidas. Teve a ideia de vender o que produzia. Segundo ele, o recorde foi a venda de quatro jogos de sofá em apenas uma semana. Valores para ele, não são o principal motivo para continuar no ramo, mas sim, o ato de reciclar, reaproveitar, fazer de elementos simples, outros mais bonitos.
CRIATIVIDADE
Os olhos admirados das pessoas diante de tanto talento e criatividade, motivou o artesão a continuar os trabalhos. “O que motiva mesmo a gente são as pessoas, porque eu simplesmente faço o meu trabalho. Algumas dizem para mim: cara tu é um artista plástico, o que tu faz é inédito. Eu fico muito contente”, comenta.Embora Paulo não tivesse ninguém que o ensinasse trabalhos manuais, ele não desistiu. Através da força de vontade e dedicação, aprendeu tudo sozinho. Ainda hoje, nas horas vagas, quando surge alguma ideia ‘mirabolante’, o galpão nos fundos de casa é o aconchego de Paulo e o ponto de fuga para colocar a criatividade em prática. O dom e talento fizeram do artesão também um professor. A admiração das pessoas, exigiu que ele desse algumas aulinhas há algum tempo para quem quisesse aprender a ‘fazer arte.’
MATERIAISPara fazer o artesanato, Paulo não utiliza materiais caros. Apenas o básico. Um dos principais segredos está na imaginação. Como todos
os trabalhos manuais são feitos com pneus velhos, estes itens não podem faltar. Sejam de caminhão, carro, bicicleta, moto ou caminhonete, eles são fundamentais.Além deles, os demais acessórios são os parafusos com rosca, uma máquina para cortar os pneus ou, às vezes, uma simples faca. Tinta automotiva também é utilizada e, para acabamento, um produto específico. Para fazer um jogo de sofá, por exemplo, o qual custa cerca de R$1.200 mil, Paulo leva apenas dois dias. Atento a cada detalhe, ele faz tudo com carinho e dedicação para que o resultado seja como o esperado. “Eu olho os meus primeiros trabalhos e eu vejo o quanto eu evoluí. Com isso, fico satisfeito com o meu próprio trabalho”, observa.Como em todas as profissões, Paulo também enfrenta algumas dificuldades diárias. Entre elas, ir em busca dos pneus. “Algumas pessoas, infelizmente, jogam eles em arroios e rios e é difícil pegá-los nesses locais”, comenta. Apesar disso, incentivado pela família e amigos, encontra razões para continuar a dedicar-se ao que gosta.
SONHOSO artesão sonha. Sonha com um mundo melhor, em que as pessoas passem a preservar ainda mais o meio ambiente. Que façam do simples o belo e, do velho, o novo. Paulo sonha em ver em cada ser humano, o brilho de conscientização e reconhecimento perante ao trabalho do próximo. Artesão de alma e coração, para ele, nada melhor do que ajudar e contribuir com a “Mãe Natureza.”Para finalizar, Paulo destaca: “Eu tenho um sonho de não ver mais esses pneus nas ruas, arroios ou rios. Penso na formação de mais artesãos, para existir trabalhos manuais cada vez melhores nesse mundo.”