Com uma série de ações voltadas ao estímulo do desenvolvimento infantil e à orientação das famílias, o programa Primeira Infância Melhor (PIM) de Venâncio Aires completou 15 anos de atuação em 2025. Por meio de visitas domiciliares semanais, que englobam brincadeiras e conversas, sete visitadoras levam apoio aos grupos familiares atendidos. Conforme levantamento, as atividades iniciaram em 2010 e, de lá pra cá, já foram atendidas 1.250 crianças de 900 famílias.
Entre elas, está Juliana Alves, 41 anos. Moradora do bairro Gressler, ela recebe todas as quintas-feiras a visitadora Karina Reiher, acadêmica de Pedagogia e responsável pelo acompanhamento. Juliana é mãe da Cecília, de 7 meses, e Davi, de 3 anos – atualmente atendidos pelo PIM -, além de outros cinco filhos: Ana Lua, 19; Rafael, 17; Murilo, 10; Vicktor, 7; e Nicolas, 6.
Ela conheceu o PIM em meados de 2021, quando o filho Murilo, na época com 6 anos, enfrentava dificuldades de aprendizagem na escola. Após encaminhamentos do Centro Integrado de Educação e Saúde (Cies), a família passou a receber as visitas. Outro filho, Vicktor, também já foi atendido.
Visitas do PIM buscam criar vínculos entre visitadores e a família
“Foram momentos importantes, em que percebi a importância do olhar atento que eles têm com os nossos filhos. Por causa do trabalho no dia a dia, a gente não presta atenção nas coisas, e o acompanhamento é muito especial”, destaca Juliana.
Para Davi, conta a mãe, a chegada das visitas é especial, pois ele gosta das atividades. “Elas trazem brinquedos e dinâmicas, buscando desenvolver as habilidades dele. Ele fica ansioso, esperando. Durante a visita, a gente reserva nosso tempo também, criando um elo, uma ligação com nossos filhos”, afirma.
Segundo a visitadora Karina, é preciso compreender os limites de cada criança e buscar abordagens que melhorem os processos cognitivos e intelectuais. “Buscamos estimular habilidades que a criança ainda não desenvolveu ou nas quais têm dificuldades, como coordenação motora, concentração e raciocínio lógico. Eu venho, executo a atividade com a criança e incentivamos a família a participar, porque nossa ideia também é fortalecer o vínculo entre eles”.
A conversa entre mãe e visitadora não se resume somente aos filhos, sendo também um momento para troca de experiências. Além disso, a equipe do PIM auxilia as famílias com encaminhamentos para consultas ou procedimentos de saúde. “Toda semana eles me ligam para perguntar se estou bem”, conta a mãe.
“Vemos que há crianças que recebem muitos estímulos, como é o caso da Juliana, que tem muito interesse pelo cuidado com os filhos. E há outras que acabam recebendo só o nosso estímulo. Para uma criança que não vai à escola, por exemplo, nosso trabalho pode ser a única atividade que ela terá”, complementa Karina.
“Nos acostumamos com as visitas do PIM e entendemos a importância desses momentos. As visitadoras se tornam da família, pessoas que a gente sempre gosta de receber e nos fazem o bem.”
JULIANA ALVES
Mãe
Conforme a coordenadora Andréa Oliveira, programa propõe o desenvolvimento de habilidades nas crianças
Olhar da coordenação e foco no vínculo familiar
Atualmente, o PIM de Venâncio Aires atende 90 crianças e 78 famílias nos bairros Gressler, Cidade Nova, Xangrilá, Bela Vista, Aviação, Macedo, Brands e Loteamento Tirelli. A equipe está em busca ativa para completar a capacidade de atendimento, já que cada visitadora é responsável por 16 famílias, incluindo crianças e gestantes, e há capacidade para aumentar os atendimentos.
Essa busca ocorre diretamente nas áreas de cobertura, por meio de indicações de agentes de saúde, do Centro de Referência de Assistência Social (Cras), do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) e das próprias famílias participantes. Conforme a coordenadora Andréa Oliveira, que lidera o programa em Venâncio Aires desde a fundação, a equipe conversa com as famílias, apresenta o trabalho e verifica o interesse em receber o acompanhamento semanal.
Andréa destaca o retorno positivo que o PIM e as visitadoras recebem dos atendidos. Segundo ela, é possível observar a evolução de algumas crianças de uma semana para outra, enquanto em áreas como a linguagem, os resultados aparecem após um período mais longo de estímulos. “Na nossa visita, é o momento da família interagir com a criança, e nosso objetivo é esse: a interação parental positiva. O olho no olho, o contato físico e o pele a pele entre pais e bebês”, salienta.
Cada visita dura entre 45 minutos e uma hora. Ao longo da semana, as famílias são incentivadas a dar continuidade às atividades propostas, reforçando o desenvolvimento e o vínculo afetivo. “Já com as gestantes, levamos orientações e até atividades lúdicas para que ela possa começar a desenvolver o vínculo afetivo com o bebê antes mesmo do nascimento”, conclui a coordenadora.
Marco zero
1 – Para ser atendida pelo PIM, a família precisa ter uma criança em casa, principalmente de até 3 anos, embora o programa atenda até os 6 anos, e também gestantes. O processo começa com o cadastro da família e da criança.
2 – Em seguida, é realizada uma testagem inicial, conhecida como ‘marco zero’, que avalia o desenvolvimento da criança conforme a faixa etária, utilizando materiais e indicadores específicos.
3 – A partir dessa avaliação, a equipe organiza atividades personalizadas para estimular as áreas onde a criança necessita de apoio para se desenvolver.
90
é o número de crianças atendidas pelo programa Primeira Infância Melhor (PIM) de Venâncio Aires, oriundos de 78 famílias.