Normalmente, quando você ouve histórias de atletas o enredo tende a ser repetido. Cresce sonhando com a modalidade, é incentivado por família e amigos e acaba alcançando o sucesso. No entanto, Patrick Eduardo Hermes, de 19 anos, tem uma ascensão diferente. Ele conta que tudo teve início durante a pandemia, quando começaram as aulas virtuais.
No começo, com 17 anos, só pensava em futebol e relembra que estava um pouco acima do peso e, com isso, começou a correr em um campo de futebol da localidade de Linha Araçá, próximo a Monte Alverne. “Primeiramente, para diminuir o peso, aí comecei a treinar todos os dias e, aos poucos, vi que tinha bastante resistência e comecei a gostar de correr, meio que virou um vício”, diz.
Os primeiros passos
O próximo passo foi procurar profissionais de educação física e pedir dicas e auxílio para treinamentos específicos para corridas. Com isso, encontrou seu primeiro treinador, Cláudio Freitas, responsável pela equipe Ascort, de Torres. “Assim, começamos os treinos ‘de verdade’, todos os dias e, em seguida, ele me inscreveu na federação para participar de campeonatos estaduais e nacionais”, relembra.
Com o tempo, percebeu que se destacava pela resistência, sendo assim, optou por treinar as provas de 5 mil metros como principal prova e os 10 mil metros, como secundária. Estas são as chamadas provas de fundo que, no caso, são as provas mais longas que tem na pista.
Resultados rápidos
Em 2021, foi o sétimo colocado na prova dos 5 mil metros no Campeonato Brasileiro Sub-20 e oitavo nos 10 mil metros no Campeonato Estadual Adulto. Além disso, também participa de corridas de rua. “Para ter espírito competitivo, que é importante”, frisa.
No final de 2021, fechou com ‘chave de ouro’, no qual conquistou a terceira colocação na Copa do Brasil de Cross Country, em Cotia, São Paulo – além da terceira posição no Sub-20, na prova dos oito quilômetros. “Foi uma prova muito dura, por ser em locais acidentados, mas era uma prova nacional e consegui me destacar”, destaca.
Neste ano, se classificou entre os três melhores da região Sul, e conquistou a vaga para o Campeonato Brasileiro de Cross Country, no Espírito Santo. O torneio garantiu vaga para os seis primeiros serem convocados para a Seleção Brasileira, que disputaria o Pan-americano e Sul-americano. “Acredito que tinha chances de ficar entre os seis, mas acabei sofrendo um grave acidente e, com isso, não consegui competir e ter minha primeira convocação para a seleção”, relata o jovem.
As dores da recuperação
Foram 40 dias sem treinar, alguns desses dias no hospital. Segundo ele, este recomeço foi difícil, com choros e momentos complicados. “Mas fui forte e consegui voltar”, enfatiza.
O retorno aconteceu no Brasileirão Sub-20, realizado em São Paulo. Contudo, não conseguiu completar a corrida, pela falta de ritmo e dificuldades com a retomada. De acordo com o jovem, foi um momento complicado, por acreditar que tinha chances de ser medalhista novamente e não ter nem completado a competição.
Em julho, trocou de treinador. Agora, o português Alberto Paulo o ajuda, este que já foi atleta Olímpico e Mundial. O foco, atualmente, é para o Campeonato Brasileiro Sub-23, que será realizado entre os dias 16 a 18 de setembro, em Cuiabá, no Mato Grosso.
Preparação em alta rotação
O atleta aumentou o volume semanal de treinos, correndo entre 160 a 165 quilômetros por semana, todos os dias em dois turnos, manhã e tarde. “Temos como objetivo ficar entre os três primeiros na prova dos 5 mil e 10 mil metros, já que os dois primeiros garantem vaga para o Sul-americano, que seria uma chance para ser convocado pela Seleção Brasileira de Atletismo.”
O projeto é a longo prazo, para chegar em 2025 e, quem sabe, conquistar uma vaga para o Campeonato Mundial, disputado em Tóquio, no Japão. “É um projeto a longo prazo, mas temos esse objetivo”, salienta. Aos sábados, Patrick realiza seus treinos longos, de 22 a 30 quilômetros, em Venâncio Aires, no Grão-Pará e pelo Centro.
Atualmente, ele tem como parceiros a Prefeitura de Santa Cruz do Sul, Afubra, Academia Bem-estar, nutricionista Bruna Becker e Clínica Status. Porém, precisa de apoio para disputar campeonatos a nível nacional e internacional.
“Meu objetivo é ser um atleta de nível internacional, na prova dos 5 mil metros, sendo atleta olímpico e mundial mas, para isso, falta bastante apoio. Principalmente, pelos gastos com materiais esportivos, viagens e tênis, que é algo muito caro.”
PATRICK EDUARDO HERMES
Atleta