Dados da Secretaria Municipal da Saúde indicam que atualmente existe em tratamento 371 pacientes infectados com o vírus HIV. Os dados mostram ainda que de janeiro a junho foram notificados 11 novos casos, contra 30 registrados em 2017. Contudo, os dados indicam ainda que é entre os homens homossexuais a crescente nas notificações.
A tendência local é também confirmada nacionalmente. O Ministério da Saúde registra mudança no perfil da epidemia nos últimos dez anos. Hoje, há tendência de queda nos casos de Aids entre mulheres e aumento entre os homens. São 22 casos de Aids em homens para cada 10 casos em mulheres. Antes, o órgão registrava uma tendência de aumento entre elas.
Nos homens, o número de casos nacionais cresceu entre jovens de até 29 anos, mas caiu na população de 30 a 59 anos. Nas mulheres, a Aids cresce entre aquelas que têm 15 e 19 anos de idade, mas apresenta queda entre 20 e 59 anos, para voltar a crescer entre as com mais de 60 anos.
Para a técnica em Enfermagem da Vigilância Epidemiológica, Cristiane de Jesus Ferreira, essa vulnerabilidade da população masculina e jovem pode ser explicada por várias hipóteses. A exemplo do uso pequeno dos preservativos, o fato desse público não frequentar os serviços de saúde e a própria negação de sua condição do soropositivos. Também é necessidade criar formas inovadoras de comunicação com esse público, como a maior interação nas redes sociais.
CRIANÇAS E IDOSOS
Cristiane cita ainda, apesar de crescente nas notificações locais entre homens homossexuais, existem, no entanto, em tratamento pessoas das mais variadas idades, desde crianças – por conta da mãe ter estado contaminada durante a gravidez – até em idosos. O serviço de saúde pública, além de oferecer o serviço médico completo, também possui a disposição tratamento psicológico.
RÉMEDIO QUE PREVINE A INFECÇÃO
Desde dezembro do ano passado o governo brasileiro disponibiliza no Sistema Único de Saúde (SUS) a terapia PrEP, que, por meio de um comprimido por dia, previne a infecção pelo HIV. O remédio, que tem efeitos colaterais, é reservado para casos específicos dentro de grupos de vulnerabilidade, como profissionais do sexo, pessoas transexuais, casais sorodiferentes – quando apenas um deles possui o vírus – e homens que fazem sexo com homens.
O medicamento não tem qualquer efeito sobre outras infecções sexualmente transmissíveis, como sífilis, gonorreia, HPV, hepatite B, além de também não prevenir a gravidez. Além do SUS, o medicamento também passou a ser comercializado na rede privada.
COQUETEL ANTIRRETROVIRAL
A Aids não tem cura, mas tem controle: o coquetel antirretroviral, um conjunto de três ou quatro comprimidos que o portador do vírus HIV precisa tomar diariamente, permite que ele tenha uma vida longa e com qualidade de vida.
Atualmente são 22 tipos de drogas indicadas para inibir o avanço do vírus HIV sobre as células no sistema imunológico. Os compostos e a dosagem variam de acordo com o estágio da doença. Um paciente em fase inicial da Aids toma três medicamentos por dia, mas a conta pode triplicar se ele estiver muito debilitado.
“O coquetel não cura a doença, já que não elimina o HIV do organismo. Ele atua em diferentes etapas da invasão do vírus nas células de defesa, diminuindo sua intensidade de reprodução”, esclarece Rodrigo Zilli, infectopediatra e assessor técnico do Departamento de DST/Aids/Hepatites virais do Ministério da Saúde.