COP 11 embaixador Genebra
Embaixador Tovar da Silva Nunes recebeu comitiva. No final do encontro, ele recebeu uma cuia de chimarrão das mãos do secretário de Agricultura do RS, Edivilson Brum (Foto: Letícia Wacholz)

No segundo dia da 11ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, o embaixador Tovar da Silva Nunes, representante da Missão Permanente do Brasil junto à Organização das Nações Unidas e demais Organismos Internacionais em Genebra, recebeu uma comitiva formada por mais de 30 pessoas, entre deputados, secretários de Estado, prefeitos e lideranças de entidades representativas da cadeia produtiva do tabaco. O encontro, que começou com um clima tenso e de cobranças, ocorreu na manhã desta terça-feira, 18. 

O grupo, que não teve credenciamento aprovado para acessar a conferência, manifestou a inconformidade por não participar das discussões, em especial dos representantes oficiais da Assembleia Legislativa e da Câmara dos Deputados. Na ocasião, a comitiva solicitou intermediação do embaixador para que sejam mantidas reuniões paralelas à COP. Ao final do encontro, que teve duração de quase duas horas, o embaixador confirmou a realização de duas agendas, sendo uma nesta quarta-feira, 19, e outra na quinta, 20, entre 9h e 11h (horário de Genebra). As reuniões serão intermediadas pelos deputados federais e devem contar ainda com a participação de prefeitos e secretários de Estado. 

Para as lideranças da região, a confirmação destes encontros será fundamental para acompanhar o que está sendo proposto e pode ser decidido na COP 11, que encerra no sábado, 22. Prefeito de Venâncio Aires, Jarbas da Rosa disse que o embaixador foi muito receptivo às demandas, inclusive, permitindo a participação da imprensa brasileira na reunião, que foi um pedido do grupo. “Faço uma avaliação positiva. Agora teremos novas reuniões e a oportunidade de levar os números da produção do tabaco no Brasil”. Segundo o chefe do Executivo Municipal, o embaixador elogiou a participação dos prefeitos e deputados presentes na comitiva. “Estar aqui nos permite trazer o conhecimento lá da ponta, lá do fumicultor, do trabalhador da indústria, daquele que necessita de ter a sua renda, o seu trabalho do dia a dia revertido e reverberado aqui na COP11”, frisou.

O deputado federal Heitor Schuch (PSB) espera que os encontros desta semana sejam produtivos e possibilitem ter informações claras com a delegação oficial do país. “Acho que conseguimos colocar o trem no trilho, agora temos que fazê-lo andar”, frisou.  “Queremos cumprir com nosso papel de fiscalizador, queremos ouvir o que o governo pensa e que pode ter impacto direto neste setor que é tão relevante para a nossa região”, defendeu o deputado federal  Marcelo Moraes (PL), líder da bancada gaúcha no Congresso. O parlamentar fez críticas ao artigo 5.3 do tratado internacional, ao avaliar que o mesmo enquadra, inclusive, entidades do setor que atuam na representação dos fumicultores.

O deputado federal Afonso Hamm (PP), que será o líder da bancada gaúcha em 2026, mencionou ao embaixador que o tabaco é o oitavo item de exportação brasileira e reiterou os fatores sociais e econômicos que, segundo ele, também precisam ser considerados em cada proposta discutida na COP.

Filtros de cigarros

O deputado estadual Airton Artus (PDT) citou a COP 7, realizada em 2016, na Índia, quando o embaixador Tovar da Silva Nunes atuava em Nova Délhi e recebeu uma comitiva em defesa do setor produtivo. “Naquela oportunidade, a embaixada foi muito sensível e nossas agendas contribuíram para que a redação final do texto não trouxesse medidas de impacto ao setor”, lembrou.

Artus também falou da preocupação com a proposta que visa banir os filtros de cigarros. Criticou a iniciativa e alertou para o aumento do mercado ilegal caso a proposta avance. “Falo como médico também. Isso é ingenuidade, é burrice ou alguém vai ser beneficiado com esse mercado?”, perguntou.

A proposta sobre os filtros de cigarros foi confirmada por Igor Barbosa, representante do Ministério das Relações Exteriores na Comissão Nacional para Implementação da Convenção-Quadro sobre Controle do Uso do Tabaco e de seus Protocolos (Conicq). Segundo ele, países estão procurando a delegação brasileira para saber mais detalhes da proposta.. “Há uma preocupação ambiental e social com esse tema”, disse. 

O setor industrial, representado pela Abifumo, SindiTabaco e SindiTabaco da Bahia, reagiu às falas sobre os filtros e questionou quais os estudos que estão sendo fontes para embasar a proposta. “A pauta dos filtros deveria estar sendo debatida na COP 30, não na COP 11”, pontuou o presidente da Abifumo, Edmilson Alves.