Dados do Departamento de Trânsito (DT) revelam que quase 70% dos acidentes com lesões corporais registrados este ano, em Venâncio Aires, aconteceram na área central e no lado oeste do município. Os números também mostram que a maioria deles aconteceu das 17h30min até as 19h30min, em um quadrante compreendido entre as ruas Armando Ruschel e 7 de Setembro; e Coronel Agra e Tiradentes. Afora estes locais, a rua Carlos Wagner é citada como uma que registra grande número de acidentes.
O resultado deste estudo, feito pelo Secretário de Segurança Pública Municipal, Dário dos Santos Martins, motivou uma reunião com representantes de três das maiores indústrias da Capital do Chimarrão. Na tarde da terça-feira, 23, em uma sala do DT, no Parque do Chimarrão, reuniram-se representantes da Metalúrgica Venâncio, da Refrimate e da Venax. Também participaram o coordenador do DT, Eliseu Ferreira, e o tenente Leandro Altermann, comandante dos 1º e 2º Pelotões da 3ª Companhia.
Em pauta, a busca por uma solução para evitar que os 1.675 funcionários destas três empresas parem de trabalhar e tomem as ruas no mesmo horário. De positivo é que antes mesmo da pandemia do novo coronavírus já se observavam horários distintos para as saídas, à tarde. “E, desde março, os horários estão ainda mais flexíveis”, informaram os representantes das empresas.
Prova disso está nos números. Enquanto que em janeiro foram registrados 21 acidentes com lesões corporais, sendo 18 deles no lado oeste da cidade (só foram contabilizados casos atendidos pela Brigada Militar), o mês de abril contabilizou oito casos e em maio, 13 acidentes com lesões. A maioria dos envolvidos (74%) são homens, com idade média de 41 anos.
Até março, as saídas à tarde, na Refrimate, onde trabalham cerca de 465 pessoas, aconteciam as 16h48min e às 17h18min. Agora, além destes dois horários, foi implantado o das 17h03min. “Outro fator que nos ajudou a diminuir o número de acidentes foi o de reduzir o intervalo do almoço em meia-hora, fazendo com que a maioria dos funcionários almoce e fique na empresa”, explicou o engenheiro ambiental Lovanor Luís Ferreira.
Na Venax, que conta com aproximadamente 380 funcionários, as saídas, à tarde, acontecem às 16h48min, às 17h03min, às 17h18min e às 17h33min. Antes, salienta o técnico em segurança do trabalho, Róger Marcel Stumm, o horário das 17h03min não existia.
Na Metalúrgica Venâncio, onde trabalham 830 pessoas – o quadro funcional vai aumentar em breve -, os horários de saída são às 17h, 17h10min, 17h20min e 17h30min. Antes da pandemia, as saídas aconteciam às 17h10min e às 17h30min.
Ontem à tarde, um funcionário da metalúrgica faleceu em um acidente. Ele foi almoçar em casa, em Linha Bem Feita, e na volta colidiu sua moto contra a traseira de um caminhão (veja a reportagem completa na página 10).
BUSCA POR SOLUÇÕES
Técnico em Segurança do Trabalho da Metalúrgica Venâncio, Maicon Luiz Pereira acredita que a instalação de um quebra-molas – ou até de uma lombada eletrônica -, próximo ao portão principal da empresa, ajudaria a coibir os excessos de velocidade. “Muitos saem do trabalho e querem ir logo para casa e esquecem de controlar a velocidade e ter atenção no trânsito”, argumentou Pereira.
O representante da Refrimate acredita que a instalação de uma rótula, na ERS-244, próximo aos pavilhões da Kopp, ajudaria os funcionários da empresa e outros usuários da via a ingressar em ruas laterais. “Mas a simples presença de uma viatura da Brigada Militar já ajudaria muito na fluidez do trânsito”, salienta Ferreira.
Para Martins, a solução mais rápida e eficaz é a alternância dos horários nas saídas, para que as empresas não liberem seus funcionários em horários praticamente iguais. “Eles já adotaram horários alternados e já surtiram efeitos, mas se formos ver, as três empresas ‘largam’ seus funcionários praticamente todos juntos”, observou o secretário.
Por isso, pediu que os profissionais que participaram da reunião façam estudos de viabilidades para alterar os horários das saídas, evitando que todas as grandes empresas liberem seus funcionários nos mesmos horários.
O tenente Altermann ressaltou que a maioria dos acidentes atendidos pela Brigada Militar são causados pela desatenção dos envolvidos. Ele acredita que cerca de 60% dos trabalhadores possuem carros ou motos – e outra parcela usa bicicletas – e é isso um dos fatores que deixa o trânsito superlotado em determinados horários. “As pessoas saem do trabalho com vontade de ir embora e esquecem de prestar atenção no trânsito”, argumenta.