Escola Adelina improvisa atividades físicas há quase cinco anos

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Aulas de futsal, basquete e vôlei de quadra na Escola Estadual de Ensino Médio Adelina Isabela Konzen, de Vila Estância Nova, em Venâncio Aires, são apenas teoria. Assim é desde 2014, quando o Ginásio Esportivo e Recreativo Adelina (Gera) foi interditado e, desde então, a prática acontece de forma improvisada.

As aulas de Educação Física dos 275 alunos são realizadas no campo de futebol sete, na quadra (meio de grama, meio de terra) de vôlei e no pátio pedregoso. Isso quando o dia está ensolarado. Quando chove, o jeito é ficar na sala de aula, com jogos pedagógicos e exercícios de pilates com bolas e colchonetes.

“A gente se vira como pode”, reconhece a professora Carla Santiago Herder. Ela trabalha na Adelina há 19 anos e diz que é um desafio diário pensar atividades, em meio ao um cenário que não é o adequado, e motivar os alunos. “Temos que mostrar alternativas. Claro que não é o ideal, então é preciso todo o cuidado.” Carla conta ainda que, apesar de não ter aulas práticas de certas modalidades, como futsal, a escola participa dos Jogos Escolares de Venâncio Aires (JEVA). Nesse caso, os treinos são no campo de futebol sete.

Atividades também ocorrem no pátio pedregoso da escola (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

ROTINA

Depois de dias chuvosos e terreno encharcado, esta sexta-feira, 7, foi de atividades ‘normais’ na Educação Física do 8º ano do ensino fundamental da tarde. O jogo de vôlei foi na quadra montada em frente ao ginásio, onde as linhas são demarcadas com cordões. Além disso, atividades aconteceram no pátio ao lado da secretaria.

A diretora Adriana Dornelles Jantsch Kroth relata que o local acarreta em duas situações frequentes. “Nossa caixa de primeiros socorros está sempre em uso e as vidraças também sofrem.” Como as atividades são na rua, é comum um joelho ralado e bolas incontroláveis voando contra as janelas. “Temos alunos que se machucam. Não é o adequado. Os pais sabem que isso pode acontecer, comentam. Mas não se opõem e entendem”, diz a diretora.

Lamentando a situação, Adriana ressalta que a Adelina é a escola polo no 9º distrito. “Alunos de 13 localidades passam por aqui e a partir do 6º ano recebemos estudantes de cinco escolas da região.”

Demanda está na Secretaria Estadual de Educação

O ginásio da Adelina foi interditado em outubro de 2014, após análise de um engenheiro da 6ª Coordenadoria Regional de Obras Públicas (CROP), a qual constatou risco de utilização do espaço e a necessidade de um estudo de solo para descobrir se seria válida a reforma. Com paredes com rachaduras, tijolos desgastados e partes destelhadas, o ginásio está fechado e cadeado.

Desde então, não houve evolução no processo e a informação é de que a demanda está na Secretaria Estadual de Educação. “O que sabemos é que não foi considerada uma obra emergencial. Mas o tempo passa. Por isso a comunidade escolar está sempre mobilizada, contatando lideranças do município para ver se conseguem ajudar”, destaca a diretora Adriana Kroth.

VEREADORES

Nessa tentativa de mobilizar autoridades, a comunidade escolar chegou até o Legislativo de Venâncio Aires. Em abril, o ginásio motivou uma moção de apelo de autoria dos vereadores Sandra Wagner (PSB) e Nelsoir Battisti (PSD). O pedido, destinado à Secretaria Estadual de Educação e à 6ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), descrevia os problemas estruturais e consequentes riscos para alunos e funcionários.

“Estamos buscando agenda com os departamentos responsáveis. Sabemos a dificuldade financeira do Estado, mas as crianças precisam de condições para ter um ensino de qualidade”, considerou Battisti. Já a vereadora Sandra disse as respostas dadas até agora não sanaram as dúvidas. “Vamos a Porto Alegre para saber qual é a avaliação. Depois, avaliar se poderíamos ajudar nessa análise de alguma forma. Vamos ver até terça se conseguimos alguma agenda.”

Em outubro de 2015, Folha destacou primeiro ‘aniversário’ da interdição do ginásio

GOVERNO

Em resposta à moção de apelos dos vereadores venâncio-airenses, a 6ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) informou que o ginásio de esportes tem uma demanda aberta no Sistema de Gestão de Obras (SGO) nº 378/14, “onde o objeto é estrutural, paredes, vigas e telhado do ginásio.”

Além disso, há um processo de sondagem de solo nº 1262391900/14-3. A reportagem apurou, junto à Secretaria de Obras e Habitação do Rio Grande do Sul, que esse processo foi aberto em 2018 e tem como objetivo fazer um estudo do solo.

O ofício da CRE informa ainda que, em 23 de fevereiro de 2018, a 6ª Coordenadoria Regional de Obras Públicas (CROP) encaminhou, na Sub Coordenadoria de Obras Públicas (SEOP), para elaborar o projeto estrutural ou construção e avaliação.

Sem autonomia, escola não pode mexer na estrutura

Com um Círculo de Pais e Mestres (CPM) e Conselho Escolar atuantes, há um consenso na comunidade escolar de que seria possível tentar algo quanto ao ginásio interditado. Mas, sem permissão do Estado, a ideia de demolição e construção de uma quadra esportiva coberta segue apenas como ‘sonho’.

“Se tivéssemos essa autonomia, é o que faríamos”, revela a diretora Adriana Kroth. Ela conta que muitos recursos de manutenção na escola, como pinturas e troca de materiais elétricos e hidráulicos, já são custeados pelo CPM. “Numa ação conjunta, numa grande campanha e contando com a ajuda da própria capatazia aqui ao lado, seria possível.”

EVENTOS

Além de não poder realizar atividades físicas no ginásio, a escola precisa improvisar para eventos maiores, como festas em datas comemorativas, formaturas e palestras. Nesse casos, a Adelina tem a parceria da paróquia Nossa Senhora de Lourdes, que cede o salão da comunidade.

Relembre

O Ginásio Esportivo e Recreativo Adelina (Gera) foi construído no fim da década de 1990 e inaugurado em 2000. Para erguê-lo, houve destinação de recursos estaduais e da Prefeitura, já que estava na época da municipalização e, portanto, havia uma parceria entre Município e Estado. O CPM também contribuiu com recursos para custear a mão de obra.

Prédios interditados na Wolfram foram destaque na Folha em abril de 2019

Wolfram na mesma

Em abril passado, a Folha do Mate também relembrou a situação da Escola Estadual Wolfram Metzler, no bairro Bela Vista. Nela, os problemas mais recentes estão relacionados à reforma em salas de aula das turmas de anos iniciais, cujo prédio foi destelhado em outubro passado, após um temporal. Paralelo a isso, convive com o esquecimento e o vandalismo em outro prédio, onde funcionavam laboratório de ciências e biblioteca, e está interditado desde 2013.

Pela resposta da 6ª CRE, a situação do destelhamento, classificado como ‘urgentíssimo’, segue na mesma, já que não há novidade prática desde a reportagem de abril. A coordenadoria de educação reiterou que foi aberto um Sistema de Gestão de Obras e “a empresa DA Engenharia, encarregada pela obra, que tem custo de R$ 238.720,58, está aguardando aprovação na Superintendência da Educação Profissional do Estado.”



Débora Kist

Débora Kist

Formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) em 2013. Trabalhou como produtora executiva e jornalista na Rádio Terra FM entre 2008 e 2017. Jornalista no jornal Folha do Mate desde 2018 e atualmente também integra a equipe do programa jornalístico Terra em Uma Hora, veiculado de segunda a sexta, das 12h às 13h, na Terra FM.

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