Para Cecília, momento agora é de foco total nos treinamentos para o Mundial em Reus, na Espanha. (Foto: Arquivo pessoal)
Para Cecília, momento agora é de foco total nos treinamentos para o Mundial em Reus, na Espanha. (Foto: Arquivo pessoal)

Cecília Sousa de Almeida, de apenas 13 anos, vem se destacando no padel. A venâncio-airense apontada como futura craque na modalidade onde lidera ranking, é campeã brasileira, é vencedora do Pan-Americano de Menores e integra a Seleção Brasileira, compõe o seleto grupo de quatro meninas da Sub-14 que irá disputar o Mundial de Padel na Espanha.

“Estou muito feliz com tudo que está acontecendo. O primeiro Mundial está aí. Agora é treinar para representar o Brasil lá na Espanha”, destaca a atleta que ‘ontem’ iniciou na modalidade e já conta com um currículo altamente vitorioso. “Foi tudo muito rápido sim. Ela começou no padel como uma prática de esporte qualquer e evoluindo de uma forma assim que realmente impressiona. Ela cresceu na modalidade, despontou com muito destaque e está aí, líder de ranking, vencendo competições nacionais e internacionais que a levaram ao patamar de ser convocada para disputar o Mundial da modalidade”, afirma Aerton de Almeida, pai da atleta.

Após a convocação, Aerton conversou com a reportagem da Folha do Mate para contar a ascensão da filha no esporte.

Quem é
Cecília Sousa de Almeida, 13 anos, é filha do casal Aerton e Fernanda de Souza Almeida. Ela estuda na 7ª Série do Colégio Bom Jesus.

Durante a pandemia de Covid-19, as opções para a prática de esportes ficaram restritas. “A gente tem nos fundos de casa uma área onde volta e meia ‘ensaiava uns passos’. Tinha e tenho ainda hoje raquete e bolinha. Um dia começamos a brincar. Logo ela mostrou levar jeito pela boa mobilidade que a atividade exige. Pela simples brincadeira a Cecília foi ganhando gosto pela prática”, conta Aerton de Almeida.

Em meio a isso veio a rápida ascensão da modalidade, tanto que pesquisas atuais dão conta que o padel é o esporte que mais cresce no mundo. Dados apontam que no Brasil, a cada três dias são instaladas duas quadras de padel.

Depois da liberação pós pandemia, Cecília começou a intensificar a série de jogos com a participação em torneios. Mesmo com apenas 11 anos, a menina se destacou em vários torneios, onde muitas vezes enfrentou atletas com idade bem superior. Muitas vezes até pela falta de competidoras do sexo feminino, Cecília disputou algumas categorias dentro do naipe masculino.

“Em fevereiro de 2022 ficamos sabendo da realização de um torneio aberto de padel com os técnicos da Seleção Brasileira. O evento da Confederação Brasileira de Padel (Cobrapa) foi em Santa Maria. Foi um torneio na sexta, sábado e domingo de todas as categorias e de todos os níveis. Foi naquele momento que decidimos que seria a oportunidade da Cecília mostrar e até ver em qual estágio se encontrava”, conta Aerton.

“Ela treinou na sexta-feira pela manhã e ao meio-dia o técnico nos procurou dizendo que a Cecília já teria que disputar uma etapa do Brasileiro no mês de março, em Camboriú, Santa Catarina. Foi tudo muito rápido. Como não tinha nenhuma menina mais próxima para a Cecília fazer a parceria, a própria comissão técnica tratou de arranjar uma colega para jogar”, relata o pai que relembra a fase ouvida naquele primeiro contato com o técnico. “A Cecília está em um nível até acima daquilo que a gente precisa e esperava encontrar aqui na cidade de Santa Maria”.

Bastou se confirmar então a primeira participação em evento nacional para Cecília decolar na modalidade. Foi a partir dai que o padel ganhou mais uma atleta destaque. Conquistas locais, interestaduais, nacionais e internacionais fizeram com que a venâncio-airense despontasse como a maior pontuadora do ranking gaúcho e em seguida a nível nacional.
No começo da atividade, Cecília formou dupla com uma atleta de Pelotas. Diante da dificuldade dos treinos ao lado da colega, o encontro era mesmo somente nas competições.

Vem aí o Mundial

No padel, as competições internacionais são intercaladas. “Um ano tem o Pan e no seguinte o Mundial. O Pan-Americano de 2024 foi em Águas Calientes, no México. A Cecília disputou e venceu a categoria Sub-12. A disputa teve além das atletas brasileiras, a participação de mexicanas, chilenas e meninas da Argentina. No mesmo ano a Cecília venceu a etapa do brasileiro, ganhou a etapa do gaúcho, liderou o ranking Estadual e também liderou o nacional. Em casa a gente fala que foi simplesmente uma temporada excepcional”, afirma o pai.

Na semana passada, Cecília participou da terceira etapa do Pan-Americano de Menores, em Camboriú. A competição reuniu 120 duplas representando o Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, México e Chile. “Como foi uma competição pré Mundial, as equipes resolveram jogar para valer. Foi um evento de grande nível com jogos de tirar o fôlego”, conta Aerton. Os pais de Cecília estiveram lá para conferir de perto mais um primeiro lugar conquistado.
No topo no ranking gaúcho e entre as melhores no nacional, Cecília vai competir agora o primeiro ano como Sub-14 onde justamente começam a prevalecer as convocações da Seleção para os Pan-Americanos e também Mundiais.

O último Mundial foi em 2023, no Paraguai, com a participação de 16 países.
Para a competição na Espanha são 31 países inscritos. Os 12 melhores de 2023, onde o Brasil está incluso, estão com vagas garantidas. Os demais disputarão uma ‘prévia’ na busca pelas outras quatro vagas. “São 19 países nessa disputa preliminar. É a prova do crescimento da modalidade e do interesse de muitos países. Vai ser uma eliminatória e tanto”, aponta Aerton.

O Mundial masculino e feminino na categoria Nações é disputado país contra país (Sub-14, Sub-16 e Sub-18). Em cada naipe a comissão técnica tem quatro atletas para escalar dois. Tem ainda o campeonato paralelo denominado Open. “Nesse a Cecília vai jogar com a colega Martina, de Itaqui. Mais adiante vamos saber quais serão as adversárias pois depende do chaveamento e até conforme a posição no ranking mundial também”, relata o pai.

Espanha, Portugal, Argentina, Itália e Suécia são apontadas entre as seleções favoritas ao título.

A dedicação da atleta

Para a própria evolução no padel, Cecília passou a treinar diariamente. No começo da atividade, na Sova, teve professores como Cléo Carvalho que mais tarde se transferiu para dar aula em Camboriú e agora está em Ijuí. Vítor Mengue Pegoraro também trabalhou com a menina antes de se transferir para Ijuí. Felipe Hencker e Geleia também foram instrutores da atleta que igualmente treinou em Santa Cruz do Sul.

Atualmente Cecília treina na parte da tarde com o professor Canigia. As aulas praticamente que diárias são ministradas nas quadras da Smart Sports Center, na RSC 453, em Venâncio Aires. “Como ela é atleta da Cobrapa, tem todas essas exigências. É treinar, treinar e treinar. Eles repassam as atividades e o professor aqui tem que trabalhar. Além disso tem outros requisitos de exigência como academia, nutrição e até acompanhamento psicológico”, enfatiza o pai.

Algumas vezes Cecília chega a ficar uma semana treinando em Camboriú. “A tendência é tudo se intensificar ainda mais daqui para frente. A gente não sabe se daqui a pouco se ela não vai ter que até trocar de moradia. Tudo tem seu tempo mas é preciso estar preparado também para todas essas mudanças na rotina familiar. O apoio da família ela sabe que vai ter sempre”, compartilha Aerton.

Antes do padel, Cecília, que adora praticar esporte, chegou a jogar futebol. Também praticou judô e até patinação artística.

Marca apoiadora

Como atleta da Seleção Brasileira, Cecília, que sonha um dia em até se profissionalizar na modalidade, tem o apoio da marca Nox Sport Brasil. Desde 2024 a marca repassa todo o material esportivo como raquetes, raqueteira, roupa, tênis e meia.

Na atualidade, Cecília forma dupla com Martina Hossen, da cidade de Itaqui que também tem a Nox como apoiadora. Como são raros os momentos que ambas treinam juntas, os encontros ficam para as competições. A performance da dupla mesmo assim é fenomenal.