A satisfação pela chegada em Serra do Rio do Rastro (Foto: Arquivo pessoal)
A satisfação pela chegada em Serra do Rio do Rastro (Foto: Arquivo pessoal)

Venâncio Aires - Quem não cansa de desafiar a si próprio é o venâncio-airense e professor de Educação Física, Joaquim Pedro Weber, 28 anos. No começo do mês de abril deste ano, ele aproveitou seus 15 dias de férias para realizar uma cicloviagem de bike. Ele deixou Venâncio Aires e foi até Guaíba, na Região Metropolitana. Depois disso, foi dar a volta na Lagoa dos Patos. Seis meses depois, o destino do aventureiro foi a Serra do Rio do Rastro, que fica entre os municípios de Lauro Müller e Bom Jardim da Serra, em Santa Catarina.
Joaquim conta que foram nove dias longe de casa.

Confira o relato da aventura dia após dia

1º dia (13 de outubro)

“Desde o começo, minha intenção era subir pela Serra. Fazer um circuito, pois não pretendia ir e vir pelo mesmo lugar”, destaca o aventureiro. Diante disso, Joaquim saiu de Venâncio Aires, passou por Lajeado, Colinas (cidade bem enfeitada e atraente), Imigrante, Boa Vista do Sul e Garibaldi. Quando chegou em Farroupilha, Joaquim completou seis horas 40 minutos de pedal. Foram 118 quilômetros com 1.894 metros de altimetria. Em Farroupilha, acabou passando a noite acampado em um camping.

2º dia (14 de outubro)

Quando deixou Farroupilha, Joaquim passou por Caxias, Fazenda Souza, Vila Seca, Lajeado Grande até chegar em São Francisco de Paula, que era o destino do dia. “Me obriguei a dormir em uma pousada, pois na noite anterior eu não tinha tido uma boa noite de sono”, conta o piloto. Nesse dia de sete horas pedaladas, foram 112 quilômetros e 1.692 metros de altimetria.

3º dia (15 de outubro)

Depois de uma boa noite de sono, Joaquim deixou São Francisco de Paula. Passou por Jaquirana. “Peguei uns 50 quilômetros de estrada de chão. Pensa num trajeto bem ruim. Era muita pedra”, conta. Depois de passar por São José dos Ausentes, o destino foi Silveira e, mais tarde, o Distrito de Varzim, que fica bem na divisa entre Rio Grande do Sul e Santa Catarina. “Lá, cheguei já era noite. Estava bem escuro e foi um dos piores lugares que eu pedalei. Eram umas subidas muito íngremes. Tinha muita pedra. Então precisava ir devagar tanto na subida quanto na descida. Nem na descida podia deixar a bicicleta correr, até pelo fato do peso que levava. Eram uns 30 quilos entre equipamentos”, afirma Joaquim.

Joaquim conta como foi a experiência (Foto: Arquivo pessoal)

Apesar de todos os cuidados, Joaquim acabou quebrando o bagageiro da bike. “Tive que dar um jeito em tudo. Usei fita e até algumas borrachas que tinha comigo para tentar segurar tudo e chegar bem no próximo destino, que era Jardim da Serra e estava distante uns 30 quilômetros”, relata.

Joaquim destaca que a quebra do bagageiro atrasou a viagem. “Tive que andar de forma mais cautelosa porque, se andasse muito rápido, o risco de quebrar o restante do bagageiro era grande. Isso me atrasou e muito. Acabei levando 12 horas do ponto de início até chegar na pousada desejada. Foi o dia mais difícil de todos. Foram 148 quilômetros com 3.033 metros de altimetria. Essa altimetria é algo fora do comum”, contempla.

Joaquim se hospedou no Camping Ronda, que no fica na beirada de um cânion. “De noite, não foi possível ver, mas no dia seguinte, quando acordei, fui mais perto para ver o belo cenário”, disse.

4º dia (16 de outubro)

Do Camping Ronda, Joaquim estava apenas a quatro quilômetros do seu verdadeiro destino. “Pedalei rapidinho até lá. Depois de chegar, aproveitei para fazer alguns registros fotográficos e almocei no local”, conta o aventureiro.

Na parte da tarde, já no caminho de volta, a descida foi até a cidade de Criciúma. Ao longo do dia, foram 68 quilômetros e 663 metros de altimetria. O total de pedal foi de três horas e 30 minutos. Um dia bem tranquilo.

5º dia (17 de outubro)

Em Criciúma, onde morou por um ano e meio, Joaquim resolveu passar o dia para descansar e rever amigos.

6º dia (18 de outubro)

Criciúma até Torres foi a viagem do dia seguinte. Foram cinco horas de pedal ao longo de 100 quilômetros e 278 metros de altimetria. “Quando ainda estava em Criciúma, começou a chover. Pra piorar, ainda tinha vento contra. Ao longo de todo o trajeto, passando ainda por Araranguá e Sombrio, a instabilidade não deu trégua”, relata o ciclista.

7º dia (19 de outubro)

Já ‘pisando’ em solo gaúcho, Joaquim pedalou de Torres até Tramandaí em mais um dia de instabilidade climática. “Tava difícil de pedalar. Mesmo fazendo força, não conseguia imprimir maior velocidade em função do vento contra”, relembra. Foram, no final do dia, 96 quilômetros, 195 metros de altimetria e quatro horas e 30 minutos de pedal.

8º dia (20 de outubro)

O deslocamento no penúltimo dia foi de Tramandaí até Nova Santa Rita. A opção pelo deslocamento foi a ERS-030 e não a Freeway. “Optei pelo menor movimento e percurso também mais seguro. Passei por municípios como Glorinha. Quando cheguei em Nova Santa Rita, foi uma busca de camping ou pousada. Contatei pessoas, mas responderam somente no dia seguinte. Diante disso, resolvi armar a barraca num posto de gasolina e dormir por lá mesmo”, relata o ciclista.

9º dia (21 de outubro)

Depois de acordar às 5h, Joaquim deixou Nova Santa Rita rumo a Venâncio Aires. Encarou o desafio do percurso pela BR-386. “Na viagem de retorno, foi um dos piores lugares que pedalei. O trajeto não tem acostamento. Você acaba muitas vezes levando um ‘fininho’ dos caminhões. A maioria até auxilia e abre espaço, mas alguns passam realmente a centímetros da gente. Chega a arrepiar. Uns, acredito que até de propósito fazem”, desabafa o ciclista.

Os 109 quilômetros foram percorridos em cinco horas, com 882 metros de altimetria.

Conforme o ciclista, a viagem completa foi de 892 quilômetros. A altimetria acumulada foi de 9.541 metros. Os números finais apontam ainda 50 horas de muito pedal.

440 quilômetros – é a distância de Venâncio Aires até a Serra do Rio do Rastro.