A atenção aos impactos do meio ambiente e o consumo consciente de água são algumas preocupações nos processos produtivos do Frigorífico Kroth, localizado em Vila Santa Emília, no interior de Venâncio Aires.
Com a necessidade da utilização de grande volume de água no dia a dia, a empresa conta com um sistema de reutilização. Toda a água utilizada na área externa – para limpeza de máquinas, piso e lavagem de caminhões – passa por tratamento para reutilização.
Diretor da empresa, Fábio Kroth afirma que a medida foi escolhida em virtude do impacto ambiental. “Não é por economia, até porque se tornaria mais barato tirar do poço artesiano essa água, o custo seria apenas com energia elétrica. Mas essa água do poço amanhã ou depois pode faltar”, ressalta.
O chefe de setor da Estação de Tratamento de Água do Frigorífico Kroth, Juliano Urach, explica que grande parte do volume de água consumido na empresa é reutilizado. “É uma água que vem bruta da produção, principalmente da parte de higienização, utilizada para limpeza de equipamentos”, comenta.
Depois de utilizada, a água passa pelo processo primário, de peneiramento, que consiste em um equipamento que retira todo o resíduo sólido grosseiro. “É uma peneira rotativa que vai girando entorno do eixo como uma centrífuga, a água sem o sólido vai para o tratamento secundário e os resíduos para outro setor”, detalha.
Depois disso, a água passa para a fase secundária, que é o processo físico-químico, quando ocorre a flotação do material. “Como a água ainda tem algum tipo de resíduo, passa no flotador com adição de produtos químicos para já sair clarificada, totalmente zerada de sólidos”, acrescenta Urach.
O efluente já tratado é bombeado para reservatórios, com um armazenamento de 235 mil litros de água. O consumo diário da empresa é de aproximadamente 140 mil litros. Dessa forma, são mais de 90 mil litros sempre fazendo a troca.
Depois da utilização, a água é recaptada para tratamento novamente. “A ideia é a preocupação do meio ambiente, de não ficar usando água limpa do poço para lavar um curral, pra lavar caminhão boiadeiro. Temos a água bruta que está em condições, ela passa por polimento, clora conforme exigências e se utiliza”, reforça o diretor.
Estrutura deve ser ampliada no próximo ano
A reutilização da água na empresa é feita há aproximadamente cinco anos, mas ela era usada de forma mais bruta, sem processos químicos e utilizada nos currais, nos locais mais sujos. Desde novembro do ano passado, foi feito um teste e se chegou ao resultado de que a estação poderia, por meio de filtragem e tratamento, abastecer os demais processos de limpeza externa. “O principal objetivo foi aproveitar uma água tratada que iria para o arroio”, defende Kroth.
A empresa conta com um funcionário específico responsável por esse processo, que atua após as 15h. Desde as 6h é feito o processamento do efluente e depois das 15h é feita a limpeza e começa o processo de reuso. Isso se estende até se conseguir alcançar o ajuste fino e a água estiver clarificada e própria para uso, para então seguir aos tanques.
Como foi alcançado um resultado muito bom com o processo, para o próximo ano, a intenção é expandir a estação. Será implantada mais uma estrutura para dividir os processos, em um será feito o tratamento do efluente e em outro só a captação e peneiramento. “Às vezes os tanques estão com 70% para serem completados, outras 50%, isso varia muito conforme o consumo. Mas sempre no final do dia o estoque de 235 mil litros precisa estar preenchido”, destaca Urach.
Por questões sanitárias, a água de reuso não pode ser utilizada nos setores, nos pontos que tenha contato com o alimento. Ela só pode tem permissão para abastecer os processos na parte externa da fábrica. Para uso interno, a rede é abastecida pelo poço artesiano.