Evento evidencia a prevenção do suicídio

Em torno de 50 pessoas, entre pacientes e profissionais de saúde se reuniram, na frente da Igreja São Sebastião Mártir, na manhã de terça-feira, 4, para divulgar informações que podem salvar vidas. A ação alusiva ao Setembro Amarelo – mês de prevenção ao suicídio –, foi organizada pelas equipes dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) II, Álcool e Drogas e Infantil.

Foto: Juliana Bencke / Folha do Mate FOTO: caps CRÉDITO: Juliana Bencke LEGENDA:
Apresentações musicais de pacientes do Caps II e AD marcaram a atividade, na manhã de terça-feira

“Dizer que quem fala não comete suicídio é um grande mito. Uma grande porcentagem de quem fala, tenta suicídio e 10% das pessoas que tentam consumam o suicídio em um período de 10 anos”, alerta a psiquiatra Ivone Cláudia Cimatti, que atua no Caps II.

Segundo ela, esse é apenas um dos mitos em torno do suicídio – crenças que impedem que pessoas sejam devidamente encaminhadas para tratamento e sejam evitadas mortes. Entre os aspectos destacados pela profissional está o fato de que o suicídio não é causado por um único motivo. “Cada indivíduo tem um conjunto de fatores que o leva a um estágio depressivo”, explica.

Tentativas anteriores, histórico familiar de suicídio, depressão, viver sozinho e ter alguma perda recente de familiar ou amigo, ou mesmo uma perda financeira, são considerados fatores de risco, bem como dependência química e transtornos de ansiedade e personalidade.

Para Ivone, além de entender que a ideação suicida não é um ato de covardia nem mesmo culpa da pessoa, é fundamental saber como auxiliar. “A primeira coisa é tentar ouvir a pessoa, perguntar o que causa sofrimento a ela, estar aberto para ouvir. Ao contrário do que muitos pensam, perguntar se a pessoa tem vontade de morrer pode ajudar, pois isso abrirá espaço para que ela possa falar”, esclarece, ao observar a importância de ouvir sem julgamento. “Na maioria das vezes, a tentativa de suicídio é a tentativa de cessar uma dor insuportável.”

O suicídio sempre é um assunto preocupante, mas ainda há muitos tabus. Quanto mais a população for esclarecida, mais pessoas vamos poder ajudar”, Regina Freitas Marmitt, coordenadora do Caps II.

Para a coordenadora do Caps II, Regina Freitas Marmitt, também é importante desmistificar a ideia de que apenas pessoas com transtornos mentais comentem suicídio. “Um luto pode levar a essa situação. Muitas vezes, a família não consegue perceber sinais.”

>> 188 é o número do Centro de Valorização da Vida (CVV), que oferece apoio emocional gratuito e atende 24 horas por dia.

Frases de alerta

“Eu não aguento mais”“Eu não posso fazer nada”“Os outros serão mais felizes sem mim”“Eu preferiria estar morto”“Eu sou um perdedor, um peso para os outros”

Nunca diga

“Só os fracos e covardes se matam”“Isso é só para chamar atenção”“Quem comete suicídio é louco”“No lugar dele, eu também me mataria”“Quem fala, não faz”

Como ajudar

– Permita que a pessoa fale o que está sentindo e escute sem julgamento- Encoraje a pessoa a procurar ajuda profissional- Tente perceber se existe um plano de suicídio- Tente estabelecer uma relação de confiança- Caso haja risco de suicídio, ligue para 190- Procure uma unidade de saúde ou o serviço de saúde mental

Foto: Juliana Bencke / Folha do MateProfissionais da saúde e pessoas atendidas pelo Caps realizaram ação de valorização da vida
Profissionais da saúde e pessoas atendidas pelo Caps realizaram ação alusiva ao Setembro Amarelo

Trabalho em rede

Na opinião da coordenadora do Caps AD, Patrícia Antoni, além de divulgar informações para a população, é fundamental reforçar o trabalho junto a profissionais da rede básica de saúde – que atuam em postos de saúde ou Estratégias Saúde da Família (ESFs), para que possam identificar e atender casos.

O evento, na manhã de terça-feira, contou com a participação de diversos agentes de saúde. “A atuação deles é muito importante, porque, na maioria dos casos, são a porta de entrada dos pacientes na rede de saúde. Eles estão na base, na casa das pessoas. Por isso, a importância de sensibilizá-los e repassar informações, para que se sintam empoderados para atender”, comenta Patrícia. “Somente os Caps não dão conta de atender toda a demanda de saúde mental do município.”

Juliana Bencke

Editora de Cadernos

Responsável por coordenar as publicações especiais, considera o jornalismo uma ferramenta de desenvolvimento da comunidade.

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