Foto: Kethlin Meurer / Folha do MateNutricionista orienta que uma das formas de reduzir o consumo de sal é não colocá-lo em saladas, por exemplo
Nutricionista orienta que uma das formas de reduzir o consumo de sal é não colocá-lo em saladas, por exemplo

Um estudo publicado nesta semana pela revista médica britânica The British Medical Journal afirmou que diminuir em 10% o consumo de sal poderia salvar milhões de vidas. Embora benéfico em alguns aspectos, o sal, quando consumido em excesso, pode ser muito prejudicial à saúde.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a maioria dos adultos consome mais do que a quantidade recomendada – que é de, no máximo, 5,75 gramas por dia, enquanto crianças de até três anos devem ingerir até 3,75 gramas e de quatro a oito anos, 4,75 gramas. O excesso de sal, presente principalmente em alimentos industrializados, está na origem de cerca de 1,65 milhão de mortes provocadas por doenças cardíacas em todo o mundo, conforme a OMS.

De acordo com a nutricionista da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Fabiana Poll, consumir sal em excesso pode ocasionar um aumento da pressão arterial, ou seja, hipertensão, causada pelo sódio que compõe 40% do produto. O sal também é nocivo à função renal caso seja consumido em grande quantidade. “Os rins são muito importantes para a filtração do organismo”, complementa.

CONSUMOA nutricionista recomenda que as pessoas diminuam aos poucos o consumo da substância e, em vez de aplicarem sal à comida, poderiam substituí-lo por outros temperos, como cebola, alho, pimenta, ervas aromáticas e limão. “Normalmente, o paladar se habitua com aquilo que a gente consome. Se as pessoas forem diminuindo aos poucos, em torno de duas semanas acostumam o paladar com outros sabores”, comenta. Fabiana reforça que é preciso persistir na mudança de hábito alimentar, porque consumir muito ou pouco sal é apenas questão de costume.

Conforme a profissional, as pessoas têm o hábito de colocarem sal nas saladas, algo que não há necessidade. Não adicioná-lo às verduras é uma forma de conseguir reduzir o consumo. Caldos de galinha, por exemplo, têm muito sódio e não são indicados à alimentação: “As pessoas acham que não estão comendo sal, mas esses caldos de galinha são piores, porque têm ainda mais aditivos químicos”.

Na medida certa, sal é importanteTambém é preciso ficar de olho naqueles alimentos com muito sódio, mas que as pessoas acreditam não ter, como embutidos, salames, conservas e enlatados. Apesar do sal ser prejudicial à saúde quando em excesso, a nutricionista reconhece que ele, na medida certa, tem funções importantes, pois auxilia no equilíbrio hídrico e na circulação sanguínea.

De acordo com o médico cardiologista Moacir Ferreira, se uma pessoa come muito sal, ela retém líquidos no corpo e uma grande quantidade de água no sangue acarreta uma sobrecarga no sistema circulatório. Como consequência, prejudica o coração. “Porque são mais litros de líquido que o coração precisa bombear e isso eleva a pressão arterial”, explica.

Conforme o médico, as pessoas não costumam seguir a quantia de consumo estabelecida, até por ser difícil medir a quantidade de sal. Ele sugere que consumam um alimento de modo que sintam a necessidade de haver mais sal presente. No entanto, caso a pessoa já tenha problemas de pressão alta ou no coração, deve ser orientada por um médico para saber o quanto pode consumir.

RESTAURANTENos restaurantes existe um cuidado quanto à quantidade de sal colocada nos alimentos. De acordo com a proprietária de um restaurante de Venâncio, Andrea Kist, apenas é adicionado sal em maionese, morangas e saladas curtidas, como pepinos. “Mas só colocamos uma pitada de sal”, acrescenta. Para quem prefere uma comida mais salgada, no buffet se encontram os temperos, como o próprio sal, vinagre, pimenta, vinagrete, azeite de oliva, entre outros.

Segundo ela, não há nada de exageros na medida de sal colocada nas comidas, porque há uma preocupação com os clientes que têm pressão alta. Andrea conta que existem pessoas que optam por consumir comidas – como o feijão, por exemplo – sem antes ser posto temperos. “Como são pessoas que vêm quase todo o dia aqui, nós acabamos separando a comida para elas”, comenta.

A proprietária percebe que a grande maioria dos clientes tem o costume de adicionar sal, principalmente os mais jovens. Pessoas acima de 40 anos, na opinião dela, parecem ter um maior cuidado quanto à quantidade de sal acrescentada à comida.