O problema de falta de água nos bairros Cidade Alta e Leopoldina, que formam a conhecida ‘região alta’, se arrasta há anos e se torna uma dor de cabeça, principalmente, no verão, quando o consumo é maior. A situação “se esgotou”, como definiu um dos moradores, e os levou a procurar o Ministério Público de Venâncio Aires.

O assunto foi tema de uma audiência liderada pelo promotor de Justiça Pedro Rui da Fontoura Porto, na manhã de ontem. A reunião contou com a participação do gerente local da Corsan, Ilmor Dörr, representantes da RGE, entre eles, o gerente regional Cristiano Guedes da Silva, e os moradores Silvio Antonio Haussen, Claudia Joseane Limberber e Jeferson Berwanger.

Foto: Letícia Wacholz / Folha do MateSilvio Antonio Haussen solicitou a audiência no Ministério Público
Silvio Antonio Haussen solicitou a audiência no Ministério Público

Durante o encontro ficou em evidência outro impasse: falhas na rede de energia vêm prejudicando o abastecimento de água. Este problema, no entanto, não afeta apenas a região alta, mas diferentes pontos do município. Segundo o ‘Termo de Audiência’, a RGE se “defendeu aduzindo que a Corsan deve valer-se de um equipamento gerador.”

No entanto, para o gerente da Corsan, o investimento é “inviável”. Ele avalia que, desta forma, a concessionária de energia “está passando a responsabilidade de solucionar o problema para um terceiro.” Por se tratar de um assunto técnico, o promotor sugeriu que a própria Corsan leve a situação à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o que será feito, garante Dörr.

A Folha teve acesso a um documento que mostra que a Corsan notificou a RGE sobre as irregularidades e cobrou providências no fornecimento de energia do principal recalque do município, no fim de janeiro. No ofício, a Corsan lista alguns casos, inclusive com dia e o período que regiões ficaram sem água em virtude de falhas na rede de energia.

Em um dos exemplos, o fornecimento inadequado de tensão acabou causando, segundo o documento, a queima de equipamentos do painel de acionamento e de um dos motores. O fato, registrado em 25 de janeiro deste ano, ocasionou “falta generalizada de água em toda a cidade.”

A Folha do Mate encaminhou pedido de posicionamento à assessoria de imprensa da RGE, mas até o fechamento desta edição não obteve retorno.

REFORÇO Sobre a situação da região alta, durante a audiência ficou acordado que a Corsan encaminhará estudo para solicitar à RGE o aumento da carga de energia no chamado ‘3º Recalque’, equipamento responsável pelo fornecimento e bombeamento de água para os moradores desta região da cidade. Segundo Dörr, a melhoria na infraestrutura deste equipamento, localizado aos fundos do Grêmio Recreativo Sete de Setembro, depende de melhorias na rede de energia. “Queremos colocar um equipamento com mais potência, mas precisamos de uma rede que suporte.”

Ainda segundo o ‘Termo de Audiência’ disponibilizado pela Promotoria, ficou definido que a Corsan irá apresentar um cronograma de obras e melhorias para o fornecimento de água naquela região, no prazo de 30 dias. Dörr informou que a Corsan trabalha na substituição de 17 quilômetros de redes deficitárias, em diversas ruas do município.

“Com certeza temos nossas deficiências e os nossos problemas, mas também precisamos de um fornecimento de energia regular para não afetar os serviços da Corsan.”

ILMOR DÖOR

Gerente da Corsan

Fale, morador!Segundo o morador do bairro Cidade Alta, Silvio Antonio Haussen, os problemas com a falta de água são comuns durante o verão e, no passado, chegaram a acontecer, inclusive, no inverno. Ele participou da reunião no Ministério Público ontem e lembra que em setembro de 2017 ocorreu um encontro na Prefeitura, na presença de diversos moradores, prefeito, vereadores e Corsan, buscando soluções para essa demanda, mas as faltas de água continuaram. “Desta vez buscamos apoio do Ministério Público para cobrar medidas mais efetivas. O MP tem poder para cobrar”, frisa o corretor de imóveis que mora há mais de 12 anos no bairro.