Parte da mão de obra temporária nas indústrias do tabaco deve ser desligada ainda no mês de julho. A informação é da Federação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias do Fumo e Afins (Fentifumo), que divulgou análise baseada em contatos com empresas de Santa Cruz do Sul e Venâncio Aires. Segundo a entidade, 55% dos safreiros contratados para a safra 2020 devem ser dispensados até julho. O encerramento dos contratos, segundo informado pela federação, é reflexo das medidas de distanciamento social em função da pandemia do novo coronavírus.
Segundo o presidente da Fentifumo, Gualter Baptista Júnior, o percentual considera desligamentos desde o mês de março, quando iniciaram as medidas de isolamento que levaram, inclusive, as empresas do setor a ficarem fechadas por alguns dias.
Conforme o presidente, além das contratações para essa safra já terem reduzido mais de 20% em relação ao ciclo passado, com as dispensas antecipadas a preocupação, agora, é com a absorção desta mão de obra em empresas de outros setores. “É um período preocupante para a economia”, frisa.
Baptista Júnior observa que quando houve a liberação parcial das atividades, além dos trabalhadores dos grupos de risco, outros também tiveram que ser afastados das atividades. Com isso, o impacto destas medidas começou a ser sentido em maio. Segundo a Fentifumo, naquele mês, 40% dos safreiros tiveram seus contratos encerrados de forma antecipada e a estimativa, até julho, é de que mais 15% dos contratos sejam rescindidos, chegando aos 55% anunciados.
Safra mais longa
Enquanto parte dos safreiros será desligada de forma antecipada, em torno de 35% dos contratos sazonais serão prorrogados. Segundo a Fentifumo, algumas empresas projetam a safra até o fim de setembro e outubro e algumas admitem que as atividades podem ir até novembro e dezembro.
“A crise financeira que se abateu sobre a economia é grande, e até julho, teremos 55% dos safreiros já desligados. Isto nos preocupa.”
GUALTER BAPTISTA JÚNIOR – Presidente da Fentifumo
- 4,5 mil é o número de trabalhadores das indústrias do setor tabacaleiro em Venâncio Aires, segundo o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Fumo, da Alimentação e Afins do município.
Empresas projetam encerramento da safra entre agosto e setembro
Reportagem da Folha do Mate contatou algumas empresas dos setor tabacaleiro para saber qual é a previsão de término para a safra atual e confirmar se estão ocorrendo os desligamentos dos safreiros.
Por meio da assessoria de comunicação, Alliance One e a China Brasil Tabacos informaram que preveem a conclusão da safra e o encerramento dos contratos em período semelhante ao observado em anos anteriores. “A finalização da etapa de processamento do tabaco está prevista para o fim do mês de agosto”, informam as empresas.
Com relação ao término de contratos, as duas companhias informaram que desde março estão contratando novos empregados em substituição aos trabalhadores sazonais enquadrados no grupo de risco. “As empresas reforçam que estão, desde o início da pandemia, priorizando a saúde e o bem-estar de seus empregados, cumprindo as exigências sanitárias e as recomendações sugeridas pelos órgãos responsáveis, com foco na prevenção à Covid-19”, destacaram, em resposta enviada à Folha.
A empresa UTC afirma que encerrou os contratos com os profissionais que pertenciam ao grupo de risco e a previsão é de encerrar os contratos com os funcionários temporários no mês de setembro. “Desde o início tomamos todas as medidas necessárias”, garantiu a empresa.
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